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TRASPOSIÇÃO DA LINGUAGEM ESTÉTICA DOS QUADRINHOS AO CINEMA: influencias de uma sociedade consumidora

Por:   •  6/1/2018  •  Artigo  •  2.641 Palavras (11 Páginas)  •  369 Visualizações

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TRASPOSIÇÃO DA LINGUAGEM ESTÉTICA DOS QUADRINHOS AO CINEMA: influencias de uma sociedade consumidora .

Luis Paulo Carvalho Furtado ARAUJO

RESUMO: O presente trabalho busca de maneira mais aprofundada os fatores padronizadores que levaram às produtoras de adaptações cinematográficas de narrativas ficcionais baseadas em histórias em quadrinhos, tradicionalmente conhecidas como HQ’s a encontrarem em um mercado promissor e lucrativo uma ponte de contato com vários nichos consumidores, abarcando assim a maior parte de uma comunidade aficionada por um gênero narrativo. O objetivo geral do estudo é identificar de que formas a transposição de histórias criadas em HQ’s são pensadas e elaboradas para chegarem ao cinema de maneira que atinjam não só o publico usual que já atingiram em sua primeira plataforma, mas uma massa bem mais abrangente que como consequência final irá gerar grandes lucros à determinada empresa, movimentando cada vez mais a indústria cultural. A partir dos métodos comparativos e análises individuais entre as diferentes técnicas de discurso para se identificar de que maneira eram construídas as narrativas em sua condição original e dessa forma fomentar a relação entre as mídias e o sucesso da transposição dos quadrinhos para a chamada sétima arte, o cinema.

Palavras-chave: HQ, quadrinhos, adaptação, cinema, heróis.

1 INTRODUÇÃO

As linguagens adequadas pelo cinema para o seu desenvolvimento vêm de diversas fontes. Desta forma, em busca de suas origens, este artigo visa analisar, mais de perto, uma das mais importantes influências do cinema, que são as histórias em quadrinhos, que, em sua essência poderiam parecer deficientes em garantir a melhor interpretação da narrativa haja vista que não dispõem do recurso de movimento, presente no cinema, no entanto, ambas as concepções apresentam êxito na proposta de introduzir na cultura pop as referencias advindas dos personagens por elas criados. Para este estudo foram analisadas as duas maiores produtoras de conteúdos para HQ’s, Marvel Comics e DC Comics que ao longo das décadas se estabilizaram como criadoras dos maiores heróis da cultura pop e referencias em histórias das chamadas “grafic novells”. Os HQ’s emprestam suas histórias e seus personagens, e em meio aos seus recursos de linguagem e da visualidade inspiram diretores que transmitem às telas uma obra cinematográfica que vão além dos quadrinhos, ampliando as possibilidades narrativas. Para exemplificar ainda foi feito o estudo de caso da Grafic Novell “A piada Mortal” de Alan Moore de 1988 e o filme Batman de Tim Burton de 1989.

Os comics dos Estados Unidos trouxeram uma nova mitologia no imaginário coletivo com Superman, Batman, Mulher-maravilha, Homem-aranha, Hulk, Xmen, entre outros que com as adaptações recentes no cinema intensificam, ainda mais, o número de personagens que vão ficando conhecidos pela massa (JARCEM, 2007). O estudo busca ainda analisar como o cinema tem um fator preponderante nessa massificação dos contos uma vez criados para uma plataforma única e singular.

Essa pesquisa busca propiciar um debate de proporções acadêmicas, primeiramente, pelo estudo da relações sociais do consumo e sua demanda motivada pela mídia através de filmes de heróis em série, lançados com o único objetivo de gerar renda e lucros. Além disso, é de vital importância para a academia uma posição acerca desse processo de consumo, principalmente nos quesitos produção audiovisual nos cursos de comunicação e sua influência na formação de pensamento/conhecimento, para que seja possível se mapear de que maneira os ícones (no caso heróis) que já foram populares e ainda têm seu espaço social conseguem atingir outros públicos, novas gerações e voltarem a se tornar extremamente populares a partir de novas perspectivas acerca de sua conjuntura filosófica e idealista.

A partir das referências e pesquisa bibliográfica com base nas reflexões de Adorno sobre indústria cultural, bem como pesquisas atreladas as singularidades das HQ’s e do cinema em reflexões de Mccloud, Naremore, Jarcem, Moya dentre outros autores e pesquisas de campo sobre a relação com público, não obstante as ideias referentes às construções narrativas de Barthes.

A Narrativa está presente no mito, na lenda, na fábula, no conto, na

novela, na epopeia, na história (...). A Narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades; a Narrativa começa com a história da humanidade, não há, nem nunca houve, em nenhum local, um povo sem narrativa, todas as classes, todos os grupos humanos tem suas narrativas (BARTHES, 1972, p. 19).

2 O NASCIMENTO DOS QUADRINHOS

As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos datam do começo do século XX, na busca de novos meios de comunicação e expressão gráfica e visual. Com o avanço da imprensa, da tecnologia e dos novos meios de impressão se tornou possivel o desenvolvimento desse meio de comunicação de massa. Entre os precursores estão o suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges ("Christophe") Colomb, e o brasileiro Angelo Agostini. Alguns estudiosos da área consideram como a primeira história em quadrinhos a criação de Richard Fenton Outcalt, The Yellow Kid em 1896. Outcalt essencialmente sintetizou o que tinha sido feito antes dele e introduziu um novo elemento: o balão - local onde se põe as falas das personagens.

Nas primeiras décadas os quadrinhos eram essencialmente humorísticos, vindo daí o significado para o nome que se preserva ainda hoje em inglês, Comics (cômicos). Algumas destas histórias eram Little Nemo (de Winsor McCay), Mutt & Jeff (de Bud

Fisher), Popeye (de E.C. Segar), e Krazy Kat (de Georges Herriman). Os temas das histórias eram basicamente travessuras de crianças e bichinhos, e dessa época vem às designações kid strips, animal strips, family strips, boy-dog strips, boy family-dog strips, entre outros.

O crack da Bolsa de Valores em 1929 foi um ponto de importância no desenvolvimento das histórias em quadrinhos, e nos anos 30 eles cresceram, invadindo o gênero da aventura. Flash Gordon, de Alex Raymond, Dick Tracy, de Chester Gould e a adaptação de Hal Foster para o Tarzan de E. R. Borroughs são conhecidos como o início da A Era de Ouro (Golden Age). Nesta década, três gêneros essenciais eram produzidos: a ficção científica, o policial e as aventuras na selva.

A relação dos quadrinhos com a produção cinematográfica, porém vem de uma época bem anterior às datas atribuídas

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