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Avaliação Jornalistica - Eloá

Por:   •  18/5/2015  •  Dissertação  •  1.389 Palavras (6 Páginas)  •  234 Visualizações

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UNIMEP - UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

DEONTOLOGIA DO JORNALISMO

Caso Analisado: Sequestro Eloá

Meio de comunicação: A Tarde é Sua, exibido na emissora Rede TV e apresentado por Sonia Abrão.

PIRACICABA

2015

INTRODUÇÃO

Analisamos o caso da adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, que foi mantida em cárcere privado por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes, de 22 anos.

Os meios de comunicação tiveram papel fundamental no caso, o que criou uma discussão acerca dos limites da mídia. A tecnologia existente permitiu uma ampla cobertura, o que nunca antes havia ocorrido com tanta intensidade.

A sociedade recebeu um grande volume de informações do caso, de forma que os noticiários e programas de variedades passavam informações 24h, a sociedade se envolveu com o fato.

Com o trágico desfecho do caso, que terminou com a morte Eloá Pimentel, a sociedade repassou a culpa entre a polícia que deveria ter agido de maneira mais efetiva, e sobre a imprensa, que ultrapassou o seu papel de informar para tentar influenciar a decisão do sequestrador.

O CASO

O sequestro iniciou na segunda-feira, dia 13 de outubro de 2008, na cidade de Santo André, no ABC Paulista. Lindemberg Alves invadiu a casa da jovem portando um revólver e fez Eloá e mais três amigos reféns. Lindemberg estava inconformado com o fim do relacionamento de quase três anos com a garota.  

No mesmo dia do ocorrido, dois dos amigos da jovem foram liberados, permanecendo no apartamento somente Eloá Cristina, Lindemberg e Nayara. Na terça-feira, por volta das 23h, foi à vez de Nayara ser liberada. No dia 15, Lindemberg deu entrevista por telefone para emissoras de TV.

O sequestro continuou na quinta-feira, quando o ex-namorado de Eloá exigiu falar com Nayara, a mesma voltou as imediações do prédio para tentar negociar com ele. Na sexta-feira, os policiais perceberam que Lindemberg estava com o comportamento mais agressivo, ele chegou a discutir com Eloá e disse que Nayara teria corrompido a amiga contra ele, culpando-a pelo fim do relacionamento.

No mesmo dia, as 18h10, os policiais afirmaram ter ouvido um disparo e, por conta disso resolveram invadir o apartamento. Durante a operação houve tiros. Eloá estava deitada no sofá e foi baleada na cabeça e na virilha. Nayara levou um tiro no rosto. As duas foram levadas para o hospital, e Lindemberg foi preso.

Eloá não resistiu aos ferimentos, e veio a falecer no dia seguinte. Nayara se recuperou e recebeu alta na quarta-feira.    

A atuação da polícia nesse caso foi bastante criticada, pelo fato da Nayara voltar ao cativeiro e também pela invasão, já que, a adolescente afirma que o sequestrador só atirou após o arrombamento da porta.

Lindemberg Alves foi acusado de 12 crimes, entre eles, homicídio, cárcere privado e disparo de arma de fogo. Primeiramente foi condenado a 98 anos e 10 meses de reclusão em regime inicial fechado, não podendo recorrer em liberdade. Em um segundo julgamento sua pena reduziu para 39 anos e 3 meses em regime fechado.

Ana Lucia Assad, advogada do réu prevê que em 5 anos, ele possa responder em regime semiaberto.  Lindemberg segue preso na penitenciaria II de Tremembé.

MATERIAL AVALIADO

Avaliamos a entrevista que Lindemberg Alves concedeu a apresentadora Sonia Abrão, no “Programa da Tarde”, exibido pela emissora Rede TV.

Na entrevista Sonia Abrão abriu espaço para Lindemberg justificar suas ações e se defender do que a mídia vinha dizendo a seu respeito, o sequestrador também falou sobre os motivos que o levaram a tomar tal atitude e o que ele esperava conseguir.

Dessa forma, Sonia Abrão tentou negociar a liberação da refém ao vivo em seu programa, passando por cima do seu dever como imprensa e tomando a parte que deveria ser executada pela polícia. Durante a entrevista, a apresentadora tentava convencer que aquele era o momento para Lindemberg se entregar.

Na entrevista, Sonia Abrão também entrevistou Eloá, que estava assustada e pedia calma da polícia e para agirem com cautela, pois a sua vida dependia da forma como os policiais iriam agir.

A entrevista não surtiu o efeito desejado, e depois de se ver exposto na mídia Lindemberg teve uma piora de comportamento, tornando-se mais agressivo e menos receptivo com as negociações com a polícia.

Ao ser questionada pelo jornalista Hugo Gloss, Sonia Abrão declarou: “Não me sinto e não sou responsável por nada do que aconteceu! Faria sim tudo de novo, foi uma entrevista, nunca uma negociação com um sequestrador, essa era a parte da polícia! Durante 20 minutos ou pouco mais, ele passou informações que foram aproveitadas por todos os jornais, porque antes disso nenhum repórter de nenhuma emissora, jornal ou revista, tinha acesso a nada! Fui a única e última pessoa que ele permitiu conversar com Eloá por telefone, no ar. Foi só assim que a mãe pode ouvir a voz da filha, ouvir suas declarações de amor à família, suas palavras de fé de que tudo terminaria bem. Era uma despedida e a gente nem podia imaginar! Três dias depois, ela seria assassinada por ele! No julgamento, o sequestrador afirmou – e isso está nos autos – que durante a entrevista que deu ao nosso programa, foi a única vez que ele pensou, seriamente, em se entregar. Essa mesma entrevista foi exibida para os jurados e teve papel fundamental para a pena exemplar de 98 anos a que acabou condenado, coisa raríssima no Brasil. As críticas partiram daqueles que levaram um tremendo furo de reportagem! Nada mais! E eu cumpri o meu papel!”

JUSTIFICATIVA

Visamos avaliar qual o limite que a imprensa deve estabelecer ao divulgar informações para o público de casos que estão em andamento, de qual forma a exposição massiva e incessante nos meios de comunicação pode influenciar os rumos do acontecimento.

É necessário instituir uma barreira entre o serviço das mídias e da polícia, separando as partes e não deixando que os serviços a sociedade se misturem. A mídia tem o papel de informar a sociedade e não de tentar alterar o rumo da sua notícia.

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