BREVE ANÁLISE SOBRE A PRESENÇA AFRO-BRASILEIRA NO MERCADO EDITORIAL

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Comunicação Social

Departamento de expressão e linguagens

Gabriela Isaias de Sousa

DRE: 112201299

        

A “africanidade” literária pelas páginas do Brasil

Breve análise sobre a presença afro-brasileira no mercado editorial

Rio de Janeiro

2015

A “africanidade” literária pelas páginas do Brasil

Breve análise sobre a presença afro-brasileira no mercado editorial

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Gabriela Isaias de Sousa

Trabalho final da disciplina Memória do Livro no Brasil

Professora: Isabel Travancas

Julho de 2015

Resumo

Este trabalho busca analisar, de forma ainda que breve, a presença da literatura afro-brasileira no mercado editorial contemporâneo tomando como ponto de partida a compreensão de como os agentes da literatura negro-brasileira criam suas obras dentro de uma sociedade que, em geral, não considera questões raciais e nem o negro como escritor, sujeito lírico ou até mesmo como personagens (retratados, na maioria das vezes em que aparecem nos livros, a partir do ponto de vista caucasiano). Refletir sobre esse tipo de literatura pressupõe trazer à tona o diálogo com as demandas do mercado editorial e apontar de que modo a publicação dessas obras colabora para a construção de uma realidade antirracista.

Nas seguintes páginas, será exposto o tema da análise, descrevendo os motivos que a tornam relevante e pertinente, a sua contextualização, as hipóteses, os objetivos de toda essa problematização, o material usado para a construção do estudo, bem como as metodologias e estruturas que viabilizam a literatura afro-brasileira no país: os coletivos literários.

ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................................... 5

1. A Literatura Negra .................................................................................. 5

II.I        Literatura sobre o negro e literatura afro-brasileira ................................ 6

II.II       Anos 1970: efervescência do movimento negro .................................... 6

   

1. O negro na literatura ............................................................................. 7

III.I       A apropriação da língua como forma de resistência............................... 7

III.II     Mais do que a tez, a alma negra .............................................................. 8

1. O mercado editorial ....................................................................... 9

IV.I       Quem dá páginas à voz do negro  .......................................................... 9

IV.II      Lei 10.639 e as mudanças no panorama afro ....................................... 10

1. Análise conclusiva (leis, panorama atual, etc) ................................... 11

1. Referências ................................................................................................ 12

1. Introdução

Onde está a brasilidade africana dos livros?

Explicar a escolha por este e não outro objeto de estudo me parece um bom início para começar esse trabalho. Após um semestre repleto de descobertas sobre a produção de livros no Brasil – uma área próxima, mas um tanto distante da qual escolhi me profissionalizar (o Jornalismo) – deparei-me com casas editoras ao melhor estilo francês (como a clássica editora dos irmãos Garnier), estratégias de distribuição e divulgação importadas diretamente do modelo norte-americano de comercialização de best sellers (Henrique Bertaso e sua Editora Globo são grandes exemplos), dentre outros modelos de casas de livros ao estilo brasileiro.

Porém, ao refletir um pouco mais sobre o que viria a ser esse “estilo genuinamente brasileiro” de editar e comercializar livros, percebi que, ao invés de plural, tal como o nosso país, ele era singular. Quando analisa-se um pouco mais sobre o processo de escolha dos títulos publicados, por exemplo, nota-se o quão ferida é a diversidade e o pluralismo dos grupos raciais que constituem o país. Privilegia-se, na maior parte dos casos, o grupo hegemônico representado pela tríade capitalista, patriarcal e branca.

Este texto está dividido em quatro momentos. No primeiro, apresenta-se brevemente a temática da cultura africana e afro-brasileira na literatura nacional; no segundo momento são expostos os pontos gerais da representação do negro nas obras literárias publicadas; no terceiro, as formas de veiculação do material afro e o papel dos coletivos literários nessa distribuição; e, no quarto momento, tem-se a análise e a problematização do tema escolhido.

1. A Literatura Negra

Ainda hoje, o povo negro enfrenta problemas presentes desde o período da colonização do país: a exclusão e a falta de reconhecimento – o que acaba por relegar esses indivíduos, muitas vezes, à marginalidade. E isso não é diferente quando falamos em literatura negra. Só quando estuda-se de modo mais profundo a história da comunidade afrodescendente no Brasil e seus desdobramentos no mercado editorial nacional é que é  possível notar a pouca importância com que a temática é vista nas rodas de conversa intelectuais e, ainda, no ambiente acadêmico. A falta de definições para o termo, o viés oral da cultura africana e até mesmo o preconceito racial ainda hoje existente podem ser possíveis explicações para a ausência de estudos sobre esse campo minoritário.

É necessário, porém, desmistificar esses e outros panoramas comumente associados ao tema. A “afrobrasilidade” da literatura não está na cor de quem escreve ou sobre os personagens na obra representados – principalmente quando o tema for escravidão. É a partir desse ponto de vista que Silva (2009) afirma ser possível negar a figura de ícones da literatura brasileira como autores de uma linha afro, apesar de pele escura ou da utilização do negro como tema e personagem principal da obra. Segundo o autor, nesse tipo de livro, não se reconhece o compromisso com as características de uma narrativa afro-brasileira autêntica.

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