Baiano Multifuncional

Baiano Multifuncional

“Achei que esse sotaque só existia em novela”. Assim disse Thomas Fernandes, 25, ilheuense que caiu em Piracicaba, seguindo os conselhos de painhô, pois a capital era muito agitada para um menino de 17 anos.

Então, o corajoso baiano desceu o Pelourinho e encarou as fuligens do engenho jornalístico da UNIMEP. E hoje com a alforria em mãos desfruta sua liberdade dentro do portal G1.

Fotógrafo, repórter, editor e grande amante da política, esse baiano não possui rotina, mas adora seu trabalho e ama a cidade que tornou seu crescimento possível.

Quais foram os principais desafios na sua formação e carreira?

Desde o primeiro ano eu já fazia um trabalho no jornal folha cidade, em redação eu comecei em 2009 e isso foi um grande problema, porque tentar conciliar o dia-a-dia de redação com a faculdade não é uma tarefa tão fácil. Sobretudo quando você está muito verde, eu não soube lidar com o tempo, minha formação teve uma dificuldade nesse momento porque eu peguei DP. Mas foi muito bacana, porque antes de eu ter a formação tive uma experiência real de ter jornalistas formados vendo meu texto sendo publicado, de ter alguma relevância, isso te da uma responsabilidade e jogo de cintura.

Trabalhei em Rio das Pedras em um jornal semanal e depois fui trabalhar num diário de Americana. Os dois foram muito bons, porque um deles (Rio das Pedras) era muito pequeno, éramos eu, o dono e mais um. Então aprendi a fazer foto, vídeo, texto, a ficar mais esperto, você acaba se virando de todo jeito, não tem uma estrutura de empresa por trás disso. Por outro lado tem um ganho reduzido, mas em começo de carreira a gente topa tudo. Depois em Americana eu trabalhei em um diário de verdade, com peso de estar formado, com MTB. Eu sempre gostei muito do tema de administração pública, minha família sempre foi envolvida com política, quando eu vim pra minha carreira sempre foi o que eu objetivei e em Americana eu tive uma experiência direta com isso, de aprender a fazer fonte e a tratar temas delicados, isso foi um desafio muito grande. Hoje estou na internet, sai de um jornal que circulava em Americana e nas cidades da região pra trabalhar num site que, por mês eu vou fazer matérias que o Brasil inteiro vai ler, tem um peso de erro muito grande. O jornalismo é cruel, o leitor não tem que entender, o repórter tem que fazer bem feito.

É uma responsabilidade grande, estar em um site de notícias que mesmo que seja um recorte local temos matéria o mês inteiro, 50% em média dos nossos leitores não são da região (Piracicaba), porque estamos falando de temas nacionais. Esse é um grande desafio que vejo hoje na profissão.

Você passou do jornal impresso para o portal online, em que a linguagem é bem diferente e a apuração de fatos tem que ser mais rápida, como foi para você?

A apuração e a forma com que se escreve tem que ser diferente. De qualquer forma você sabe que isso vai acontecer, não é exatamente novo. Não é porque você nunca trabalhou em site que não sabe mais ou menos o que vai acontecer, muda como você pensa a matéria, o peso da imagem. Eu trabalhava num jornal e tinha um fotógrafo, com um equipamento bom e que estava ali pra isso, eu tinha que focar no que a pessoa ia falar. Aqui não, a tendência do jornalismo na internet é cada vez mais enxugar, é você ter gente que seja multifacetária na área. A imagem vai chamar muito mais atenção do leitor que esta circulando no site, do que o texto. Isso é difícil para uma pessoa que gosta de escrever. Tem o jornalista que é fotógrafo e que trabalha com a imagem, mas quando você estuda quatro anos pra escrever é muito difícil trabalhar na sua cabeça que agora a imagem tem que ser a primeira coisa. A internet