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CINEMA E LITERATURA: ADAPTAÇÕES NO CENTRO DA DISCURSÃO CRIATIVA, NARRATIVA E MERCADOLÓGICA

Por:   •  29/10/2016  •  Ensaio  •  3.510 Palavras (15 Páginas)  •  345 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTE (ICHCA)

COMUNICAÇÃO SOCIAL – RELAÇÕES PÚBLICAS – 4º PERÍODO

ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO – NOTURNO

ALDO CÉSAR DE OLIVEIRA HOLANDA

CINEMA E LITERATURA:

ADAPTAÇÕES NO CENTRO DA DISCURSÃO CRIATIVA, NARRATIVA E MERCADOLÓGICA

PROF. DR. RONALDO BISPO

MACEIÓ – AL

2016

Resumo

        Este trabalho apresenta uma reflexão a respeito do cinema e do seu papel mercadológico na difusão literária, narrativa, adaptativa e de interação social. Como o mercado cinematográfico hegemônico alterou o status quo das produções para atender a uma lógica do capital, que viu no campo das adaptações de grandes (ou nem tão grandes assim) sucessos literários como estratégia de jogo de cartas marcadas para investir de forma certeira no desenvolvimento de novas produções. Assim como, será exposto o campo de integração social possibilitado pela comunicação digital e redes sociais que criam e difundem opiniões – especializadas ou não – a respeito dessas produções, e/ou como do cinema em geral (independente, alternativo, original e de adaptações).

Introdução

        Este trabalho surge com a necessidade reflexiva de se analisar o cinema, sob o ponto de vista artístico e mercadológico, em um cenário de crise narrativa, visto pela quantidade exacerbada de adaptações literárias nos últimos 30 anos. Onde, produções originais (roteiro original) possuem pouco espaço, e, por conseguinte, pouca capitação de recursos financeiros para produção, poucos caminhos de distribuição dos filmes, e etc., no cenário mundial, que por fim tem transformado a forma de se consumir a sétima arte.

        Também será apontado o papel social do cinema na era da comunicação digital, e a disponibilidade instantânea de integração e interação com o cinema produzido nas mais diversas áreas do mundo. Bem como o papel de rede social promovido por plataformas de críticas colaborativas e no espaço (já) tradicional de rede promovido por plataformas como Facebook e o poder de difusão de informação e estabelecimento de debates acerca de uma produção.

        Serão usados como referência para delineamento da análise, os trabalhos de Naiara Sales, que questiona o tema sob o ponto de vista adaptativo ou de hipertextualização a partir do ponto de vista de diversos autores. O trabalho de Larissa Schlogl e sua análise histórica do caminho do cinema ligado à sua relação com as adaptações em seu desenvolvimento técnico e narrativo. Assim como, a perspectiva de Santini e sua bagagem reflexiva sobre a Industria Cultural que baliza as análises sobre as funções econômicas no mercado artístico e mediação cultural no campo virtual (Internet).

        Por fim, serão citados exemplos de adaptações que divergiram do seu material literário original e o debate que é causado pelas mesmas, e as considerações e reflexões acerca de licenças poéticas e estéticas para cada plataforma.

Reflexões pontuais sobre o cenário do cinema hegemônico atual (blockbuster) e contextualização histórica a respeito do campo das adaptações literárias cinematográficas

        Se pensarmos o cinema sob o ponto de vista mercadológico, em uma análise fria, constata-se o uso excessivo de adaptações literárias nos últimos 30 anos, para diminuir o campo de observação.

        Os recentes sucessos de adaptações de obras mundialmente famosas como Harry Potter e suas demais variações infanto-juvenis, contrastam, por exemplo, com as mesmas adaptações de obras literárias já reconhecidas como clássicas e notoriamente influenciadas por precedentes históricos importantes da humanidade, como os casos das obras de Tolkien (O Senhor dos Anéis e O Hobbit) ou seu amigo e também escritor contemporâneo C.S. Lewis e sua principal obra, As Crônicas de Nárnia.

        Entretanto, como citado anteriormente, esta análise se atem as últimas três décadas de produção cinematográficas, porém, a história do cinema se confunde com a história de adaptações literárias. Para tanto, podemos retomar sua origem, e nessa constatação, podemos citar uma das primeiras obras/adaptações cinematográficas de um sucesso literário da história, que foi a primeira versão de Alice no País das Maravilhas (curta de 1903, de Cecil M. Hepwoeth), obra do escritor Lewis Carroll.

        Como dito acima, compreende-se que essa alternativa ligada a adaptações literárias, não é uma exclusividade da vida moderna. Porém, o debate acerca dessa crise narrativa, também, não é exclusivo de nosso tempo. André Bazin, expoente da Nouvelle Vague francesa, se opunha a suposta “impureza” que foi colocava como implícita a obras que surgiam como adaptativas ou que usassem outras peças estéticas como suporte narrativo, sem uma análise ainda na década de cinquenta do século passado:

“O que provavelmente nos engana no cinema, é que, ao contrário do que ocorre geralmente num ciclo evolutivo artístico, a adaptação, o empréstimo, a imitação não parece situar-se na origem. Em contrapartida, a autonomia dos meios de expressão, as originalidades dos temas nunca foram tão grandes quando nos primeiros 25 ou 30 anos do cinema. Podemos admitir que uma arte nascente tenha procurado imitar seus primogênitos, para depois manifestar pouco a pouco suas próprias leis e temas; mas não compreendemos bem que ela ponha uma experiência cada vez maior a serviço de obras alheias a seu talento, como se essas capacidades de invenção, de criação específica estivessem em razão inversa de seus poderes de expressão. Daí a considerar essa evolução paradoxal como uma decadência só há um passo, que quase toda a crítica não hesitou em dar no início do cinema falado. (BAZIN, 1991) ” SCHLÖGL, Larissa. 2011, PG. 3.

Neste ponto de vista, seria natural entender o processo de adaptações, no contexto histórico, como um processo evolutivo e de encontro de sua própria possibilidade narrativa, para o cinema. Entretanto, décadas se passaram, e o mercado absorveu o uso de tal recurso para obtenção “certa” de retorno financeiro.

Hoje, se analisado parte do que compõe os números das maiores bilheterias da história recente do cinema, encontraremos, facilmente, nomes de importantes lançamentos literários que serviram de suporte para obtenção de lucros para os grandes estúdios de Hollywood. No top 15 das maiores bilheterias da história temos seis histórias adaptadas de livros ou quadrinhos (uma nova tendência de adaptação absorvida pelo mercado cinematográfico):

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