Direção de Arte Cidade de Deus

Cidade de Deus

O filme Cidade de Deus dirigido por Fernando Meirelles, lançado em 2002 ganhou muita repercussão nacional e internacional e foi verdadeiro marco para cinema brasileiro ao estabelecer um novo patamar de qualidade em diversos detalhes, que retratou as diversas historias de  Cidade de Deus e seus personagens.

Para criar esse universo cheio de flash backs retratando a cidade de Deus décadas distintas , foi elaborado com todo cuidado uma direção de arte onde cuido de cada detalhe para transpor para tela a realidade vivida pela comunidade de cada época. Cuidando de aspectos como  objetos de cena, construções , figurino, maquiagem e palheta de cores, é assim que iremos analisar a direção de arte deste que é um dos grandes filme do cinema nacional.

 

Palheta de Cor

A palheta de cor do Filme retrata separar e pontuar cada momento do filme com cores, tons e textura, que sejam destoantes de cada época do filme trazendo e compondo mundo imagético juntamente com a produção e enredo dramático do filme.

A cor foi um elemento que ajudou a transpor para tela a mudança de épocas proposta pelo filme.

Cores como âmbar na primeira fase do filme demostra Cidade de Deus dos anos 60 em meios de tons de marrom, amarelo que trazem na direção de arte vestimentas e texturas empoeiradas  devido ao chão de terra batida, as cores das casas das paredes de tijolos, matérias jogados, traz uma palheta com variação tonal bem pequena saindo do cinza do céu passando por cores pasteis.[pic 1][pic 2]

Ainda na primeira fase pode se notar que tons como dourado foram incorporados as cenas retratando ambiente de esperança para essa nova comunidade, cenas como  nascer e por do sol vemos muito esse dourado sobressair a cena [pic 3][pic 4]

Já retratando outro momento da história, podemos ver aplicação de cores que antes eram pasteis e  tons parecido se transformando em uma euforia multicolorida de tons e cores  na cena de aniversario de 18 anos de dadinho, com uso de cores artificias vemos sugir cores que antes não éramos apresentados demostrando toda euforia vivida pelos personagens podemos notar tons de verdes, azulados, amarelos e rosa.

[pic 5]

Em relação aos personagens as cores foram pensados retratando a personalidade de cada um, como Bene conhecido como bandido gente fina suas cenas são repletas de figurinos cheio de estampas listras justaposta e cores  mais puras para dar um ar de felicidade [pic 6][pic 7]

Destoando do personagem Bene, a fase de antagonista de Mané onde cenários agora são retratados mais sombriamente, com tons de cinza e azulado frio quase monocromático retrata essa terceira fase em que filme se encontra, e no caso de Mané galinha seu sentimento. Esse azulado da terceira fase e contrastado com o dourado do começo.

[pic 8][pic 9]

O filme ainda tem característica de manipulação na pós produção, que foi acentuado pela captação de seus negativos digitalmente o que foi possível trabalhar com as cores ressaltando cores, aumentando saturação e contraste em gama muito maior do que a manipulação somente com película do filme.

Maquiagem

Cidade de Deus teve em grande maioria de seu elenco personagem negros ou com peles escuras, o que trouxe para Anna Van Steen responsável pela maquiagem um desafio de trabalhar com tons negros e ressaltar sua cor  impressa pela fotografia. Anna pesquisou para sua pré produção referências através de fotos reais da época, analisando cores, desenhos e texturas de cabelo e pele, utilizou bastante de revistas como Manchette

 Cidade de Deus traz em volto uma polêmica no que se trata de maquiagem pois foi utilizado nas cenas óleo no corpo dos atores para ressaltar a pele negra,  e aspecto de brilho e suor.

Para Tulé, diretor de fotografia esse truque fazia com que a pele dos atores refletissem a luz as cores e luzes empregadas nos cenários o que ajudava visualmente a fotografia e uso de menos luz.

Esse recurso trouxe para equipe de maquiagem um desafio de fazer com que esse óleo utilizado ficasse de forma natural, analisando o corpo humano e forma em que o corpo transpira foi pontuado que o emprego desse óleo deveria ser mais intensos em certas áreas do que outras e para tal foi utilizado para cada ator um xícara de óleo Johnson e com papel retirado excesso de óleo em áreas com antebraço, parte de cima das mãos etc.

No que se trata ainda de visual cabelos foram parte que tiveram todo cuidado para transpor a personalidade de cada personagem assim como os cortes e tipos de cabelo de cada época do filme.

Podemos no fotograma abaixo cortes de cabelos que retratam o trio ternura, cabeleira com cabelo Black power mais descolado e urbano, Alicate com cabelo mais comum baixinho, personagem esse que depois iria sair do mundo do crime para entrar para Igreja e Marreco, cabelo ondulado com gel, que fazia um malandro mulherengo.

[pic 10]

Cidade de Deus é um filme repleto de violência e mortes Fernando Meirelles apesar de quase 200 mortes do filme não queria uma violência sanguinária exposta em seu filme, as mortes não eram retratadas com sangue jorrando e closes em perfurações, dita a exceção da morte de Zé pequeno, que recorreu a uma cena bem chocante onde corpo de zé pequeno aparece perfurado com várias marcas de tiros e sangue evidente na tela, nessa cena equipe de maquiagem teve um maior cuidado para parecer real o sangue e as marcas de tiros.

[pic 11]

Figurino

O figurino e peça importante para retratar o tempo, é através das roupas que podemos observar essa passagem de tempo mais claro que aponta os flash back e tempos distintos de cidade de Deus, seus personagens são apresentados ao seu tempo conforme a característica da comunidade com a sua época. Ines e Bia Salgado foram encarregadas do figurino e em sua pré produção as duas estudaram tendências e buscaram através de fotos de arquivo particulares ou fotos de matérias veiculadas na imprensa o modo e estilo de cada parte do filme, as fotos que foram utilizadas como referências foram depois coloridas por cima para ter ideia de texturas e cores.