Esporte, comunicação e heróis: A influência da mídia na criação de mitos esportivos
Por: Wallace Graciano • 21/12/2015 • Artigo • 3.275 Palavras (14 Páginas) • 436 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÂO EM JORNALISMO ESPORTIVO
Esporte, comunicação e heróis: A influência da mídia na criação de mitos esportivos
ALUNO: Wallace Henrique Graciano Santos
PROFESSORA ORIENTADORA: Maria Flávia Bastos
Belo Horizonte
2013 / 1º semestre
Wallace Henrique Graciano Santos
Esporte, comunicação e heróis: A influência da mídia na criação de mitos esportivos
Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Jornalismo Esportivo, como requisito para obtenção do título de pós-graduado, sob a orientação da professora Maria Flávia Bastos.
Belo Horizonte
2013
RESUMO
Mais que uma prática que contribui para o aprimoramento do estado físico e mental, o esporte é um negócio. Essa indústria movimenta cerca de US$ 1 trilhão anuais[1] em todo o planeta, principalmente graças aos fãs aficionados, que consomem os mais diversos produtos e pacotes. Esses torcedores são estimulados pela mídia, que os nutre incessantemente com informações, através de seus canais especializados na divulgação das mais diversas mobilidades. Muitas vezes, quando um esporte começa a ganhar evidência, os veículos de comunicação passam a estimular a criação de mitos, para ajudar na divulgação de tal modalidade e despertar o interesse desses fãs, que irão sintonizar suas televisões e comprar periódicos em busca de notícias e, assim, manter o mercado ativo. E é justamente neste ponto que o presente trabalho se fundamenta, buscando entender como é feito esse processo midiático e se essa criação de mitos pode interferir diretamente no interesse popular por uma modalidade em pouca evidência. Na análise foi feita a conceituação de mitos e jornalismo para se fazer uma análise dos esportes em crescente, os chamados esportes especializados.
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Palavras-chave: Jornalismo esportivo, mídia, investimento, identidade, esportes, mito.
1 INTRODUÇÃO
É impossível negar o lugar de destaque que o esporte tem no mundo contemporâneo. As mais diversas práticas que compõem o meio conseguem envolver mais que seus praticantes. Fãs dão ao meio um caráter etéreo, nos quais seus atletas são elevados ao caráter de exemplos, que muitas vezes se tornam mitos. Assim, compram, debatem e apoiam esses esportistas. Esse prestígio e popularidade faz com que as mais diversas empresas busquem os esportistas para apostarem em publicidade e investirem na mídia. Assim, vinculam a imagem do atleta a seu produto. Por consequência, os canais de comunicação aproveitam disso para aumentar o interesse do público por suas informações, ampliando sua audiência. E aí se tem um ciclo vicioso.
E nesta questão que a pesquisa se delimita. O trabalho busca observar como a mídia se comporta para transmitir (e vender) os esportes e seus atletas. Durante o estudo, serão abordados os critérios de noticiabilidade que norteiam o jornalismo esportivo e como os canais de comunicação agem durante a ascensão de um esporte e se há a busca pela “mitificação” de um personagem.
2 SOBRE MITOS, NOTÍCIA E ESPORTES
2.1 Lendas e mitos
OLIVEIRA (2006) diz que “o mito só faz sentido como fonte de criação artística se o autor pode ser infiel a ele”. E essa definição se aproxima muito do que é praticado pela mídia. Mito é um ser, instituição ou divindade, que é criado para colaborar com a compreensão da realidade, em que muitas vezes a lógica não é um fator determinante para sua existência.
CAMPBELL e MOYERS (2008) vão além, e definem os mitos de acordo com quatro preceitos. Segundo eles, sua função primordial é mística, para explicar o quê a ciência ainda não pôde delimitar.
A segunda é a função de um mito é cosmológica. Nesta, a ciência caminha junto a ele, porém, ainda deixa resquícios de mistério. Sua terceira função é sociológica, quando a ele é designado a validação de uma ideologia.
Porém, a quarta função para os autores é aquela que agrega as demais: a pedagógica. Nela, os mitos “guiam” seu comportamento, ensinam-lhe sobre a vida. Segundo CAMPBELL e MOYERS (2008), à medida que se envelhece, uma mitologia mais sólida é necessário e se adapta ao seu cotidiano.
Após essa definição, podemos acrescentar à ela a tese de COSTA (2002), que afirma que “a identidade não é somente um estado de uma determinada cultura, mas, sobretudo, uma dramatização de seus relacionamentos com o mundo”. E o mito é uma peça desta fundamentação, uma vez que sua criação pode fixar modelos exemplares para as atividades humanos, como é feito pela mídia. É o que defende a tese de ELIADE (1972), que “o homem imita os gestos exemplares de seus deuses, repetindo em ritos as ações deles”.
2.2 Noticiabilidade
Antes de entrarmos no mundo do jornalismo, é preciso entender o que é notícia. Em grandes jornais, geralmente, se tem a discussão sobre o quê é ou não notícia. Os critérios de escolha sobre a ótica e o grau de importância de uma informação geralmente são distintos nesses meios, quase sempre pessoais. Por isso, nada melhor que os fundamentamos. WOLF (1999) define que para ser notícia “um fato tem de ser excepcional, inesperado ou desconhecido. O acontecimento precisa ter determinado grau de noticiabilidade, uma série de elementos, estes controlados pelos órgãos de informação”.
Justamente por isso, o autor usa como o conceito de newsmaking, para definir o que é notícia. Esse conceito é entendido por WOLF (1999), “como conjuntos de critérios que definem a importância de um fato e a possibilidade de ele ser transformado em notícia, e que são dados essencialmente por dois fatores: a cultura profissional dos jornalistas e seus métodos de organização de trabalho”.
Esse conjunto de critérios é definido em quatro “eixos” por WOLF (1999) para se estabelecer a noticiabilidade de um acontecimento. a) o próprio conteúdo esperado das notícias; b) a disponibilidade de matéria-prima, considerando-se inclusive a natureza do veículo; c) o perfil do público-alvo de cada produto informativo; d) a concorrência enfrentada em cada meio. Porém, para este trabalho, somente o primeiro será levado em conta.
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