FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA MICROETNOGRAFIA
Por: carlinhosted • 15/3/2017 • Trabalho acadêmico • 985 Palavras (4 Páginas) • 345 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE
FACULDADE DE ARTES VISUAIS
BACHARELADO EM MUSEOLOGIA
FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA
MICROETNOGRAFIA
BELÉM – PA
2015
Curso: Museologia | Turma: 2015 |
Disciplina: Fundamentos da Antropologia | Professora: Hugo Menezes |
Aluno: Vitor Nonato Xavier | Matrícula: 201509940023 |
Atividade: Relato Microetnográfico |
O relato desta microetnografia deu-se no município de Acará, no Pará, no dia 2 (dois) de novembro de 2015 na Travessa Benjamin Constant, entre as Ruas Presidente Médici e Ernesto Geisel durante toda uma manhã. Trata-se da rua onde fica a casa de meus pais e que possui uma vizinhança a priori, meio que “sinistra”.
A ideia de observar a rotina desta rua partiu de uma situação que sempre me chamou atenção desde que comecei a morar ali: a presença fixa de meliantes e usuários de drogas em algumas casas próximas a minha e que não representam (pelo menos para quem mora por ali) perigo algum com relação a assaltos, furtos, etc. São vizinhos como todos os outros que se relacionam com os demais moradores normalmente e demonstram uma relação harmoniosa naquela rua. A observação começou com a rotina de alguns que saem para trabalhar e de outros que ficam pela rua ou em seus quintais preparando seus coquetéis do dia.
A rotina de ter vivido ali por alguns anos me levou a conhecê-los e manter um diálogo que me permitiu uma conversa interessante com alguns deles – mais precisamente quatro desses usuários – em que me relataram acontecimentos daquele lugar que eu não tinha conhecimento. Apesar da coragem e determinação em falar, nenhum permitiu que eu os fotografasse temendo o registro como uma exposição indevida.
Raimundo, o “Bebê” tem 25 anos, é usuário de drogas desde os 15 e vive desde pequeno naquela rua, contou que impediu o estupro de sua prima na frente de casa golpeando o agressor com uma faca de cozinha e logo em seguida o levando para o hospital ameaçando matar o rapaz caso ele o denunciasse. É uma pessoa extrovertida, fala com todo mundo e é comum vê-lo toda noite sentado na beira da rua fumando seu cigarro de maconha. Contou-me que assalta durante a noite em pontos isolados da cidade, mas que só aborda os desconhecidos por ele.
Diego, o “Dieguinho”, tem 29 anos, não soube informar em que idade começou a usar drogas e mora desde pequeno naquela rua, me relatou que trabalha como camelô no comércio da cidade e que também é traficante, mas que, nunca matou ninguém por uma promessa feita à sua mãe que é evangélica. Por dívidas de tráfico ele já foi baleado e golpeado à faca, mas ele garante que não matou nenhum dos que já o acertou e que pretende continuar traficando sem ter que tirar a vida de ninguém. Já furtou pertences de alguns vizinhos, mas disse que de uns tempos pra cá só rouba em outros bairros e em casos de “muita necessidade”.
Valter Júnior, o “Vavá”, tem 26 anos, é usuário desde os 14 e mora há dez anos naquela rua. Ele me relatou que atualmente está ameaçado de morte por um bandido de outro bairro da cidade por ter se envolvido com a esposa deste. Disse que no final do ano vai terminar o Ensino Médio, deixar a cidade e ir para uma vila no interior do município onde moram seus pais e pretende cultivar mandioca para a produção de farinha. Contou que já assassinou três pessoas na época em que fazia parte de uma extinta gangue daquele bairro, que quase foi morto ao levar três tiros de uma gangue rival e que liderou o linchamento de um ladrão que assaltou a casa ao lado da dele em maio do ano passado. Esse ato resultou na morte do bandido e na mudança repentina da família que foi assaltada. É comum vê-lo jogando futebol na rua durante a tarde.
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