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Imagens lésbicas

Tese: Imagens lésbicas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  10/9/2014  •  Tese  •  2.145 Palavras (9 Páginas)  •  241 Visualizações

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Resumo: Exibida no Brasil, de 2005 a 2010, a série The L Word retrata o cotidiano de um grupo de

amigas lindas e lésbicas. O programa chamou atenção pela quantidade de referências feitas a ícones

lésbicos, a antigas produções e a questões ligadas ao universo lésbico. Esse evidente esforço da

série em citar e recuperar imagens caras à lesbolândia faz pensar que cada trecho funciona como um

nó, um caminho, que leva a uma antiga imagem, talvez numa nova roupagem. Temos, assim,

infinitas histórias dentro de uma só imagem.

Palavras-chave: Lésbicas. The L Word. Tradicionalidade.

A vida não quer ser preservada, mas acrescida.

Paul Ricouer

Imagens da lesbianidade: introdução

A proposta deste artigo é investigar de que forma a série The L Word, exibida no Brasil pelo

canal Warner de 2005 a 2010, favorece o diálogo entre as imagens da lesbianidade. A ideia é fazer

um esforço no sentido de buscar a interlocução da imagem da mulher homossexual, com ênfase no

cinema americano, especialmente em textos que alcancem algum tipo de representatividade, onde se

incluem critérios de acessibilidade e de circulação. Pergunta-se: de que forma acontece a construção

da imagem da lesbianidade em suas relações com as condições em que são produzidas e recebidas?

As imagens em circulação colaboraram efetivamente para a construção de pontos de vista diferentes

ou simplesmente repetem o já dito?

Fundamentação teórica: lesbianidades, entre o passado e o futuro

E quando eu tiver saído / Para fora do teu círculo

Tempo tempo tempo tempo / Não serei nem terás sido

Tempo tempo tempo tempo...

Caetano Veloso

Analisando as tensões entre tempo e narrativa, na trilogia homônima, Paul Ricouer propõe

que as narrativas permitem ao tempo ser, uma vez que narrar é um processo contínuo de

atualização. Ao narrar, são feitas referências ao passado, projeções ao futuro e o presente mostra-se

um marco fugaz, ao mesmo tempo em que um mediador de seus predecessores e sucessores.

1

Artigo apresentado ao Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 – Desafios atuais dos Femininos, Campus da

UFSC

1

Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X

A partir da leitura de Ricouer sobre a polaridade entre as categorias de espaço de experiência

e de horizonte de expectativas, introduzidas por Reinhart Koselleck, é possível refletir sobre o

constante ato de ressignificação presente nas narrativas. Para Ricouer, o complexo jogo de

significações se dá a partir de expectativas dirigidas para o futuro e de interpretações orientadas

para o passado. Ele acrescenta que o espaço de experiência pode ser definido como “um

estranhamento superado, um saber adquirido que se tornou um habitus“ (Ricouer, 2010, p.354). Por

sua vez, o horizonte de expectativas é definido pelo autor como o futuro-transformado-em-presente,

um movimento voltado para o ainda não, que inclui movimentos de extensão e de superação.

Segundo Koselleck, essa polaridade revela que o tempo não deve ser entendido como algo natural,

mas como uma “construção cultural que, em cada época, determina um modo específico de

relacionamento entre o já conhecido e experimentado como passado e as possibilidades que se

lançam ao futuro como horizonte de expectativas.” (Koselleck, 2011, p.9)

A partir desses dois conceitos, pode-se considerar que numa narrativa está presente a tensão

entre espaço de experiência e horizonte de expectativas. “... espaço de experiência e horizonte de

expectativas fazem mais que se oporem polarmente, condicionam-se mutuamente.” (Ricouer, 2010,

p.355). Em outras palavras, é possível considerar que toda narrativa é afetada pelo passado ao

mesmo tempo em que aponta para as possibilidades futuras, já que

o passado nos interroga e nos questiona antes que o interroguemos e questionemos. Nessa

luta pelo reconhecimento do sentido, o texto e o leitor são alternadamente familiarizados e

desfamiliarizados. (...) O passado nos interroga na medida em que o interrogamos.

Responde-nos na medida em que lhe respondemos. (RICOUER, 2010, p.379)

A partir de Koselleck, anteriormente a Ricouer, pode-se considerar que as narrativas são

constituídas pelas experiências vividas e pelas expectativas das pessoas que as atuam ou as sofrem.

Em outras palavras, há que se considerar que uma narrativa se constitui um vínculo entre o antigo e

o futuro, o vínculo da recordação e da esperança (Koselleck, 2011, p. 308).

O pensamento de Koselleck é desdobrado por Ricouer, que constata que cada narrativa

constitui um espaço de experiência e que sempre recupera algo a ser apresentado no presente. Tem-se

um gesto de construção desse espaço de experiência,

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