Protagonismo visto à luz do humanismo formativo
Por: Janaina Monteiro • 11/3/2018 • Artigo • 662 Palavras (3 Páginas) • 163 Visualizações
Protagonismo visto à luz do humanismo formativo
Por Leonardo Lima Ribeiro.
O incondicionado é a condição a partir da qual a humanidade se realiza, porque é dos limites da humanidade produzir a ruptura dos limites. Não é do invólucro da empiria ou do cárcere de técnicas limitadas às práticas inertes que extraímos nossa condição, porquanto a humana condição é disposta no sentido de, subsumindo outras vidas ao bojo do Ser, dar vazão a uma pulsão vivente, antevendo a transcendência crônica enquanto movimento histórico da matéria em movimento. Se esse for o caso, segue a questão: estaríamos dispostos a afirmar com radicalidade essa tarefa, ou continuaremos a reproduzir nossa inércia como propriedade de um falso movimento anti-humano? Disfarçados de humanos, e ao nos colocarmos na perspectiva da lógica de um mundo financeirizado e tecnocrático paralisado por dilemas ou medos, estaríamos à altura da verdadeira tarefa humana, sem sonegá-la às dissimulações do cotidiano? Sustento que os limites de percepção do homem não se dão em função da humanidade do homem, mas por causa de um desvirtuamento perceptivo. Esse desvirtuamento é que depõe contra a humanidade no homem e torna estreita a expansão de seus horizontes. Tal desvirtuamento perceptivo limita a ideia de homem às dimensões espaço-temporais imaginativas muito precisas, boicotando as dimensões para além do homem física ou tecnicamente determinado. Por outro lado, "ser humano" impõe ao homem de juízo estreito a superação de seus limites empíricos e intelectivos, elã que se segue mesmo sob o imperativo de algumas contingências. Não por acaso é preciso contar com planos não conhecidos, planos de não percepção imediata, tanto quanto deve apostar na potência da indeterminação que faz a vida prosseguir, apesar da morte dos entes particulares (fisiológicos ou culturais). A incompletude e subsunção do desconhecido à esfera de um ente particular é condição, atributo constitutivo da humanidade de um homem. Por outro lado, a negação dessa condição é o que reduz o homem à visão de que é ser agrilhoado às imposições espaço-temporais que o conservam numa configuração muito pobre de si mesmo (tais quais territórios em que nasce e nos quais se assenta a vida inteira; cultura regional a que adere com proselitismos obcecados pelos próprios vícios ou monomanias). A saída para isso é a de que ter-se-á que admitir a materialidade humana e seu complexo devir em tecido vivo infinito como horizonte que, contraditoriamente, depõe contra uma visão específica e turva do que significa ser homem, uma vez que ser homem não significa necessariamente ser humano. Principalmente quando ser homem, a partir de visão ocidental genérica acerca do que significa ser homem, é testemunho de um anti-humanismo radical. Um homem mediado pelo anti-humanismo empiricista financista e fisicóide ocidental é a negação da humanidade e reiteração da barbárie, à medida que não é capaz de se deixar subsumir à complexidade viva em movimento, inclusive à complexidade que para um sujeito determinado ainda se põe como desconhecida. Homem e humanidade são categorias radicalmente distintas, porque o "homem" aceita muitas vezes nas entrelinhas que seus limites formais são absolutos, operando a partir de interno conteúdo narcísico a negação da "humanidade". Já "humanidade" é, embora nem sempre, o contrário de "homem", porquanto supõe que o humilde entendimento e sentimento da finitude fragmentária é a condição por meio da qual, de passagem, pretende ser não algo absoluto, em si e por si, mas infinitas outras vidas pulsantes, que vicejam para além do imediatamente percebido, tanto quanto para além de nosso frágil corpo. Ser humano, ao fim e ao cabo, supõe que se assuma a tarefa de ser o que, na lógica do espírito ocidental e suas teologias anti-humanistas, ainda não se é capaz de ser, isto é, algo para além do homem espaço-temporalmente determinado que, com seu egocentrismo nuclear, denega a vida e sua infinitude, à exata medida que propõe expandir "ad nauseam" limites pífios aos termos absolutos das dimensões suprassensíveis. Nada muito novo nesta breve conclusão. Mas aqui, deixo registrado o recado.
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