RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS: OBJETIVOS, DESAFIOS, ESTRATÉGIAS E RECURSOS
Por: Ana Beatriz Bizato • 6/6/2018 • Artigo • 1.319 Palavras (6 Páginas) • 330 Visualizações
FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO
FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS: OBJETIVOS, DESAFIOS, ESTRATÉGIAS E RECURSOS
Ana Beatriz Bizato
São Paulo
2018
Ao se determinar os objetivos do profissional de relações institucionais e governamentais é preciso passar pela definição da sua atividade e, sobretudo, qual a finalidade da sua existência. A descrição sumária de suas tarefas consiste primordialmente na defesa de interesses; seja diante dos stakeholders; seja diante dos entes públicos. O responsável pelas relações institucionais deve ser alguém de ética inquestionável, curiosidade indomável e conhecimento suficiente para ser capaz de prever, avaliar e agir com habilidade sobre as adversidades e oportunidades que possam contemplar os interesses imediatos de quem ou o que intervém.
Sendo assim, a razão da existência desse profissional está assentada na necessidade de um o porta-voz para assuntos relacionados à obtenção de resultados. Gilberto Galan faz uma elucidação das relações governamentais: “Influenciar quem detém o poder para fazer alguma coisa ou mudar atitudes com relação ao que queremos”. Nesse sentido, a defesa de interesses estratégicos permite que uma organização tenha maior competitividade e produtividade no mercado. Para tanto, o intermediador desse processo deve apresentar elevada capacidade comunicativa, utilizando a persuasão como ferramenta.
A principal astúcia do profissional de relações internacionais é saber transitar entre as estruturas de poder, entender seu funcionamento e, principalmente, manter uma boa relação com seus administradores. Informação é fundamental. De fato, essa atividade pode ser muito valiosa, se um bom profissional estiver por trás desse trabalho. De acordo com a Revista Você S/A, a procura por diretores de relações institucionais aumentou 30% em 2012 desde que as grandes empresas passaram a reconhecer a necessidade de profissionalizar esse relacionamento já comum nas economias maduras, evidenciando a crescente relevância dessa profissão para os empregadores.
As relações institucionais, todavia, ainda têm importantes desafios a serem superados. Um dos desafios mais predominantes concerne ao estigma negativo ainda associado a essa profissão, especialmente ao termo lobby. Um Projeto de Lei apresentado na Câmara dos deputados, de autoria do deputado Carlos Zaranttine, visava regulamentar essa atividade atendendo a lógica “do combate à corrupção, trazendo para a atividade de defesa de interesse dentro do processo de decisão política a observância da legalidade, da ética e da transparência, definindo o que pode ou não ser entendido como relações governamentais”.
A observância dessa lei se faz presente em um cenário escasso de profissionais competentes e que não demonstrem inclinações corruptíveis. A própria estrutura política brasileira é um empecilho para a ética e transparência, não somente pela sua falta de regulamentação, mas por ser uma postura já esperada nesse processo. Dado os inúmeros escândalos de corrupção envolvendo o setor publico e privado, a desonestidade é, aparentemente, pré-requisito das negociações, elevando o nível das desconfianças em torno dessa atividade.
Mesmo assim, há possibilidades eficientes que podem ser traçadas a fim de reduzir e, na medida do possível, evitar que as correlações entre lobby e corrupção sejam automáticas. Entre as várias estratégias utilizadas por esses profissionais menciona-se (i) vínculos transparentes com o governo (ii) boa comunicação com os stakeholders (iii) senso de responsabilidade do diretor de relações institucionais e (iiii) a manutenção de uma boa reputação.
Esse último item é notadamente importante, pois, lida diretamente com a percepção que os diversos públicos vão ter do negócio, podendo indicar confiança e satisfação com as ideias apresentadas ou sua total ruína. É por esse motivo que as empresas dedicam tempo e recurso na construção de uma imagem convincente de sua marca, em outras palavras, ao branding. Galan vai ressaltar que “a empresa levará uma grande vantagem se estiver escudada num arcabouço sólido que compreende uma IMAGEM forte e uma REPUTAÇÃO inabalável”.
Em vista disso, o profissional de relações institucionais têm recursos disponíveis que podem ser usados para fortalecer o posicionamento de determinada marca. Isso pode ser feito através de uma proposta de valor bem elaborada, bem como por um canal franco e aberto com o cliente. Ademais, uma empresa que demonstre estar atenta as exigências de seus stakeholders têm mais chances de acertar na tomada de decisão.
Também, essa função se estende para o gerenciamento de crises, quando o interveniente deve estar ainda mais focado em anunciar o problema, apresentando aquilo que se sabe e, não obscurecer o que não se sabe, confirmando que não se sabe, ainda. Uma postura comprometida em levar a verdade ao consumidor é sempre imprescindível. Espera-se que a organização não cometa o mesmo erro novamente e o profissional de relações institucionais deve assegurar e prevenir publicamente que esses fatos não sejam reincidentes.
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