TRABALHO DE REALIDADE SÓCIO-ECONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA: Do casamento entre a realidade e a utopia, nasceu Glauber Rocha
Por: Wanessa Rangel • 24/8/2019 • Artigo • 897 Palavras (4 Páginas) • 306 Visualizações
FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO
POR
WANESSA RANGEL
TRABALHO DE REALIDADE SÓCIO-ECONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA: Do casamento entre a realidade e a utopia, nasceu Glauber Rocha
Trabalho apresentado à disciplina de realidade socioeconômica e política brasileira, ministrada pela professor José Eudes. Curso de Jornalismo, turma C305X.
Rio de Janeiro
2014.2
Do casamento entre a realidade e a utopia, nasceu Glauber Rocha
Glauber de Andrade Rocha, jornalista, torna-se na década de 60, um dos maiores cineastas brasileiro, ao mesmo tempo, celebrado e repudiado, tendo sua carreira marcada por polêmicas.
Mas Glauber Rocha não foi apenas um cineasta. Sua obra é composta por inúmeros escritos, como ensaios jornalísticos, críticas, poesias, peças de teatro, romances, contos, além de diversas versões de seus roteiros filmados ou inéditos que por si só representam um coletivo artístico.
O legado deixado por Glauber nos permite compreender sua obra, bem como as concepções históricas criadas pelo cinema novo brasileiro e as recentes reflexões teóricas acerca de sua historiografia e da teoria literária sobre o tempo e a história.
Parte da crítica nacional considerava sua obra fílmica e escrita, inacabada, o que de certa forma permite um diálogo constante com outros textos e obras, levando a um intercâmbio permanente de (re)significações. Essa nova concepção é denominada por Julia Kristeva como intertextualidade, apresentando graus de dialogismo.
A obra do diretor apresenta uma intensa inspiração intertextual, que se ampliou cada vez mais, destacando-se no cenário cultural em que foi produzida e gerando um estranhamento cada vez maior. No caso da obra de Glauber, podemos falar de uma antropofagia simbólica, prática que remete à literatura brasileira dos anos 20 e 30, especialmente de Oswald de Andrade, cuja ideia básica consistia na utilização dos objetos simbólicos existentes na sociedade, com o objetivo de radicalizá-los e decompô-los até o limite, gerando a sua transformação.
Um ponto de grande destaque é a análise de seus textos, permitindo visualizar a presença de uma concepção de história, apresentada de maneira fragmentada. Quase todo o seu discurso, incluindo aí os textos escritos, que sempre fazem contraponto ou complementam questões tratadas nos seus filmes, abordam algumas problemáticas que se encontram presentes em toda a obra do diretor. Através da recorrência de temas como a oposição entre o antigo e o moderno; a poesia e a política; a exploração de classes; a disputa pelo poder; a luta entre o Bem e o Mal; a Revolução; a morte; entre outros.
A multiplicidade convive com certa recusa à história, manifestada pela tendência de seus filmes de não fazerem referências precisas à cronologia dos acontecimentos narrados. O tempo parece, então, ser medido ainda pelo sol ou pelos ciclos sociais.
Essa manifestação consiste na recusa de um tipo específico de história, pautada em pressupostos racionalistas, característico tanto da cinematografia clássica, quanto de uma concepção de historiografia tradicional, herdeira do positivismo do século XIX. É como se o recurso à cronologia linear dos fatos empobrecesse as possibilidades de análise do mundo e da história.
Glauber Rocha recusa a concepção de história situada apenas no passado, pronta e acabada, para uma ideia de história, onde os discursos se inscrevem no próprio presente. O passado e o futuro passam, dessa forma, a não designarem o antes e o depois, mas se tornam dimensões do próprio presente, na medida em que este contrai os instantes, revelando possibilidades.
Numa sociedade em que a fé na ciência e no progresso havia provado não ser a melhor opção de um projeto político, na medida em que havia levado o mundo ocidental às piores tragédias já vistas na história, alternativas precisavam ser buscadas por aqueles que vislumbravam um futuro diferente daquele apontado pelo capitalismo cruel naquele contexto. Para o diretor, as ditaduras das burocracias dos partidos comunistas também não pareciam ser a solução, cerceavam o elemento básico de qualquer sociedade sadia, a liberdade.
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