A ANÁLISE DA IDEIA DO OUTRO
Por: valdomiro_jorge • 25/6/2021 • Trabalho acadêmico • 542 Palavras (3 Páginas) • 190 Visualizações
ANÁLISE DA IDEIA DO “OUTRO” NO FEMINISNO
GISLAYNE LARA BRITO DA SILVA
Fala-se bastante sobre lugar de fala como sendo a propriedade na qual determinado grupo ou pessoa tem de estabelecer uma situação/visão sob sua ótica de vivências individuais. Atenta-se ao fato de, por exemplo, um homem falar sobre o corpo feminino quando ele é, na verdade um homem – figura na qual, sendo homem, é impossível de ter certeza sobre o que fala posto que não é mulher.
O supracitado não poderia ser diferente em relação ao feminismo negro – configurado como um dos mais necessários, por discutir igualdade de gênero e também respeito às mulheres negras – que muito mais do que as brancas, são execradas desde os primórdios das civilizações humanas. Truth aborda que desde a época das colonizações o corpo da mulher negra é objetificado, assim sendo o feminismo negro agiria, nesse viés, como prerrogativa para a mulher se evidenciar e autodefinir, para que ela não precise da figura masculina para se conceituar.
Simone de Beauvoir diz que a mulher não pode ser o “outro” do homem, como sendo um ente oposto à figura do homem dotada de características diferenciadoras que não as fazem “homem” – mulher é mulher, não é necessário fazer comparação para assim chegar-se à “mulher”. A relação de senhor e escravo proposta por Hegel é analisada pela autora, segundo a qual a mulher estabelece exatamente essa relação de submissão constante com o homem. O binômio submissão-dominação é o favorito dos homens que as veem e querem apenas como objeto e só.
A concepção do que se entende como figura feminina é naturalmente inconclusa, já que a mulher, até agora, não obteve o poder de ao menos dizer quem é. Todas as interpretações dessa categoria de gênero são definidas em relação ao homem e através do olhar dele. Assim nasce o “Outro”: oposto comum e próximo (alguns exemplos são estabelecidos, os judeus/antissemitas; indígenas/colonos) que são analisados indissociavelmente.
A mulher, as vezes, é acreditada como sendo um “em si” funcional. Como autora de benfeitorias a quem quer que seja; no entanto isso é o cumulo da despersonalização e da desumanização, pois um “em si” de função não é vivo, e sim objeto. Contexto hecatombe que deve ser mitigado e com o tempo extinguido totalmente. Em contrapartida o homem é visto como um “para si”, segundo o qual Sartre estabelece como ente com acesso às possibilidades. A mulher, para Simone, é entendida como “outro” por não ser enxergada com a mesma reciprocidade de olhar do homem.
À mulher negra a execração é ainda maior. Que por não serem brancas e nem homens enfrentam ainda mais estigmas relacionadas à desassistência - Simone as categoriza como o “outro do outro”. A experiencia de subordinação é experimentada pela mulher negra com mais categoria; a objetificação é maior em diversos aspectos, há desrespeito continuo da individualidade e ser.
A autora Kilomba estabelece que para o preto é tudo mais difícil até mesmo para os homens. Segundo a autora, quando o contexto ou alguém referir-se à homem, deve-se perguntar: “De quais homens estamos falando?” tendenciado para uma resposta se à um homem preto ou branco. Para ela a sapiência do racismo deve sempre anteceder as analises sociais, ainda mais em se tratando de mulheres pretas.
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