A CIDADE TERRENA E A CIDADE DIVINA
Por: Carlos França Jr. • 5/12/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 986 Palavras (4 Páginas) • 4.077 Visualizações
PATRÍSTICA
A patrística surgiu no início do século 1 e seguiu até, aproximadamente, o século 7. Um de seus objetivos era deter a proliferação das religiões pagãs, ir contra as heresias que surgiam na época e ainda consistia na elaboração doutrinal do Cristianismo. O significado da palavra “patrística” é “pais ou padres da Igreja”. Santo Agostinho foi o mais importante dos padres e ele foi o primeiro a desenvolver uma síntese madura entre fé, filosofia e vida. Para ele a Verdade suprema coincide com Deus: “Compreende, portanto (...), ó alma, (...) se puderes, que Deus é Verdade”. Em relação à Trindade, falou de “uma essência e três Pessoas”, sendo que Deus é tanto o Pai, como o Filho e como o Espírito Santo: eles são inseparáveis no Ser e operam inseparavelmente. Agostinho criou ainda teses que falam sobre o mal, a eternidade e a estrutura da temporalidade, a doutrina das Ideias e das razões seminais, a doutrina da criação, a vontade, a liberdade, a graça, a Cidade terrena e a Cidade divina e ainda falou que a essência do homem é o amor.
A “CIDADE TERRENA” E A “CIDADE DIVINA”
Em sua visão acerca da história da humanidade, Santo Agostinho cita a existência de duas cidades. A Cidade Terrena, constituída por indivíduos soberbos, que amam a sim mesmo e desprezam a Deus; A cidade Divina, onde os indivíduos, em vez do amor próprio, amam a Deus e vivem para gloriá-lo. Ou seja, as duas cidades são movidas por um elemento principal: o amor, sendo esses, amores totalmente opostos, inconciliáveis desde o princípio dos tempos.
“Dois amores diversos geram as duas cidades: o amor a si mesmo, levado até o desprezo por Deus, gerou a Cidade Terrena; o amor a Deus, levado até o desprezo por si, gerou a Cidade celeste”.
AGOSTINHO, Santo. A cidade de Deus.
A visão de Agostinho é pautada no conflito entre o bem e o mal, em que o mal é amor a si mesmo e o bem é amor a Deus. Segundo ele, a cidade terrena é movida pelo amor ao presente, que gera um ódio pela eternidade, pelas coisas dividas, por Deus. É esse amor que faz o homem se achar autossuficiente, não necessitado de Deus.
A cidade de Deus é o puro amor, um sentimento que transcende o próprio eu, levando o indivíduo a uma união perfeita com o Criador. Os habitantes da cidade de Deus amam tanto a Deus e ao próximo que chegam até a esquecer de si, porque não lhes importa morrer. Sabem que a alma é imortal, e para cultivá-la corretamente só o completo desprendimento das coisas do mundo levam a uma perfeita comunhão com Deus.
Personagens do livro do Genesis, Caim e Abel assumem o valor de símbolos das duas cidades; Caim, criando uma cidade na Terra, e Abel, que fundou a celeste. É a guerra entre a Civitas Deie a Civitas Diaboli, que em latim significa: A Cidade de Deus e A Cidade do Diabo.
As duas cidades estão intimamente ligadas, e ambas têm um correspondente no céu. Para representar a cidade Terrena há um anjo mal, presente na fileira dos anjos rebeldes. Como correspondente da cidade de Deus há um anjo fiel a Deus, presente na fileira dos que amam a Deus. Nessa terra os cidadãos da cidade terrena são os dominadores, enquanto que os cidadãos da cidade divina são peregrinos, até o fim dos tempos, quando Deus resgatar a sua Cidade para a eternidade e destruir de uma vez por todas a cidade do diabo. A primeira cidade está destinada a sofrer a pena eterna com o Diabo e a segunda a reinar eternamente com Deus
A natureza pervertida pelo pecado gera os cidadãos da cidade terrestre, e a graça, que liberta do pecado, gera os cidadãos da cidade celeste. Santo Agostinho dirá: “sem a Graça ninguém pode absolutamente fazer o bem: seja pensando, querendo, amando ou agindo”. A vida é uma batalha, mas Santo Agostinho diz ao cidadão da cidade celeste que é melhor a guerra com a esperança da vida eterna do que o cativeiro sem esperança de liberdade.
REFLEXÃO CRÍTICA
- Considerando o teor religioso:
É lógico que existem diferenças e consequências diferentes para aqueles que querem fazer a vontade de Deus e para aqueles que querem fazer as suas próprias vontades. Para os que fazem a vontade do Pai se diz que ele está neste mundo só de passagem, como peregrino, pois se tem a esperança de sair deste mundo em que reina guerras, soberba e tantas outras concupiscências da carne para um lugar em que não haverá dor, pranto, lágrimas e morte, pois será um lugar de paz, amor, alegria, exaltação e glorificação ao Deus Pai.
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