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A Ciência Primeira de Aristóteles

Por:   •  28/1/2025  •  Monografia  •  2.882 Palavras (12 Páginas)  •  1 Visualizações

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Capitolo 01

A Ciência Primeira de Aristóteles

A primeira ciência, também chamada de metafísica, é um dos elementos essenciais da filosofia aristotélica e da tradição filosófica ocidental em geral. O nome "metafísica" foi dado mais tarde, mas reflete a intenção central da pesquisa de Aristóteles: entender os princípios e causas fundamentais da realidade. Ao contrário das ciências específicas, que lidam com elementos particulares do mundo físico ou matemático, a primeira ciência investiga o ser enquanto ser (to on he on), ou seja, aquilo que é comum a todos os entes e que forma a base da existência.

No núcleo dessa área do conhecimento está a indagação: "O que é o ser?". Para respondê-la, Aristóteles sugere uma análise completa, que envolve a investigação das causas, dos princípios essenciais e das categorias que organizam a realidade. Além disso, ele busca identificar uma ordem ou hierarquia no cosmos, culminando na idéia de um princípio supremo: o Motor Imóvel, que é a causa final de todo movimento e transformação.

A primeira ciência tem um papel proeminente na hierarquia do saber aristotélico porque trata do que é mais universal e duradouro. Enquanto a física foca no estudo de entidades em movimento e a matemática se ocupa de seres abstratos, a metafísica investiga as bases que possibilitam a existência de todos os outros campos de estudo. Essa universalidade a torna a "filosofia primeira", uma vez que se concentra nas questões mais fundamentais e abrangentes da realidade.

Nesse cenário, Aristóteles apresenta conceitos essenciais como substância (ousia), essência e finalidade (telos), que serão examinados ao longo deste texto. A primeira ciência é, portanto, não apenas uma análise teórica, mas também uma busca por sabedoria (sophia), refletindo a aspiração humana de entender o universo como um todo. Por meio dessa exploração intelectual, Aristóteles lançou as bases para discussões que continuam a moldar o pensamento filosófico na contemporaneidade.

O Objeto da Ciência Primeira

Aristóteles classifica a primeira ciência como o estudo do "ser enquanto ser" (to on he on), o que indica que ela se dedica a compreender o que é universal e essencial a todas as entidades existentes. Essa pesquisa vai além das ciências específicas, pois não se limita a aspectos particulares da realidade, como o movimento (física) ou as relações numéricas e geométricas (matemática). A primeira ciência aborda os princípios e causas fundamentais e universais, que possibilitam a existência e o entendimento de tudo.

A Investigação das Quatro Causas

No cerne da primeira ciência, encontra-se a análise das causas e princípios derradeiros. Aristóteles distingue quatro tipos de causas que elucidam a essência de qualquer coisa:

Causa Material: Refere-se ao que constitui a essência de um objeto. É a substância física ou material que forma os itens. Por exemplo, o mármore utilizado em uma escultura representa sua causa material. Entender a matéria é fundamental, pois ela serve como a fundação da realidade física; no entanto, segundo Aristóteles, isso não é o bastante para elucidar a totalidade do ser.

Causa Formal: Refere-se à forma ou essência de algo, aquilo que define sua identidade. No caso de uma escultura, a causa formal é o desenho ou conceito artístico que a caracteriza. A causa formal é crucial na ciência primeira, pois está ligada à idéia de substância e à essência, que são os alicerces do ser.

Causa Eficiente: Diz respeito ao agente ou processo que gera algo. No exemplo da escultura, o escultor é a causa eficiente. Aristóteles reconhece a importância dessa causa no contexto da mudança e do movimento, mas, na ciência primeira, ela é subordinada às causas mais universais.

Causa Final: Trata do propósito ou finalidade de algo. É a causa que explica por que algo existe ou ocorre. Para Aristóteles, essa é a causa mais importante, pois tudo na natureza parece agir em direção a um fim. No caso da escultura, a causa final pode ser a apreciação estética ou a decoração. Na ciência primeira, a causa final está diretamente relacionada à ordem e ao propósito universal, culminando na idéia do Motor Imóvel como causa final última.

Ser e Substância

A ideia de "existir enquanto um ser" faz com que Aristóteles busque entender o conceito de substância, que ele vê como o fundamento de toda a realidade. A substância é aquilo que se sustenta por si mesma e não precisa de algo externo para existir. Por exemplo, um ser humano ou uma árvore são considerados substâncias porque têm uma existência autônoma. Já as qualidades ou atributos, como altura ou cor, existem apenas como aspectos das substâncias.

Aristóteles distingue três tipos de substância:

Substâncias Sensíveis e Perecíveis: Como os seres vivos e os objetos naturais, que estão sujeitos ao nascimento e à destruição.

Substâncias Sensíveis e Imperecíveis: Como os corpos celestes, que, segundo Aristóteles, são eternos e regidos por movimentos perfeitos.

Substância Imóvel e Eterna: O Motor Imóvel, que é o princípio supremo e a causa final de toda a realidade. Essa substância é imaterial, perfeita e fonte de toda ordem no universo.

A ciência primeira, portanto, investiga as substâncias em seus diferentes níveis, mas seu foco principal é compreender o que há de mais elevado e universal: o ser em sua totalidade e o princípio supremo que o governa.

Universalidade do Objeto

Um aspecto crucial da ciência primeira é sua universalidade. Ela não se limita a objetos ou fenômenos particulares, mas busca aquilo que é comum a todos os entes. Isso a diferencia das ciências particulares, que têm objetos de estudo específicos e limitados. A ciência primeira, por sua vez, trata do que há de mais abrangente: o ser e seus princípios fundamentais. Essa abrangência a torna não apenas o fundamento das demais ciências, mas também a mais alta forma de entendimento humano.

Com essa análise minuciosa, Aristóteles definiu a ciência primária como a investigação mais essencial e profunda da filosofia, impactando inúmeras gerações de intelectuais a se debruçarem sobre as questões mais fundamentais relacionadas à existência e à realidade.

O Motor Imóvel

A noção de "Motor Imóvel" é fundamental para a metafísica de Aristóteles e representa uma das suas inovações mais notáveis na filosofia. Aristóteles elabora esse conceito com base em sua análise sobre o movimento e a transformação no cosmos. Para ele, tudo o que se move ou muda deve ter uma causa. No entanto, essa cadeia de causas não pode retroceder ao infinito; deve haver um princípio primeiro, um ser que seja a causa última de todo movimento, mas que ele próprio não seja movido por nada. Esse ser é o Motor Imóvel, A Necessidade do Motor Imóvel

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