A Escuta Zé Ninguém
Por: Maria Eduarda • 20/2/2020 • Resenha • 424 Palavras (2 Páginas) • 139 Visualizações
Escuta Zé Ninguém é uma obra Reichiana escrita em 1946, ela não apresenta caráter científico e inicialmente não tinha por objetivo ser publicada. Nela se apresentam críticas ao quanto nos deixamos ser coagidos pelas forças de controle e dominação que nos cercam, introjetando suas ideologias e nos privando de reflexões que nos ampliariam nossos horizontes e perspetivas.
O Zé Ninguém se apresenta como o homem comum, que rejeita a sua liberdade, aceita a opressão que lhe é imposta, alguém que evita enxergar a si próprio, tem medo de críticas, receia o seu poder por analisar que não seria capacitado o suficiente para utilizá-lo, não vê novas variáveis para a sua realidade; tornando-se assim deprimido, não realizando para si absolutamente nada, sendo alheio ao seu futuro por não entender que este se constitui no presente.
Mesmo em momentos que ele busca mudar seu ponto de vista, sair da mediocridade de sua existência ele se vê frustrado pelos seus medos, retornando à posição inicial que para si já é conhecida, familiar, todavia ele tem consciência de que não é o único culpado pela sua situação, sabe que ela é construída socialmente e que existem possibilidades de fugir da mesma.
As amarras sociais nos inserem em um contínuo padrão de consumismo, vivemos em busca sempre de algo a mais, e quando esse mais chega logo nos esvaziamos dele porque ele nunca é suficiente e se não nos libertamos desse sistema ele nunca será, nos deixando aprisionados e sempre insatisfeitos, a felicidade é buscada, mas não é considerada necessária, e por isso é deixada de lado no meio do caminho.
Reich aponta tanto essa condição por entender que todos nós em algum momento nos deixamos coagir por ela, mas não podemos desistir de lutar por nós e pela nossa liberdade porque somos responsáveis por ela, por mais que seja complicado e até sofrido sair dessa zona de conforto é prazeroso ser o autor de sua própria história ao conhecer e refletir a verdade dispomos de mais condições de superar as dificuldades por ela apresentada.
Para que a proposta Reichiana se constitua é preciso que o próprio indivíduo esteja pronto, disposto e tenha confiança na mudança, pois com essas condições já é possível enxergar uma vida melhor, é importante ainda conhecer o que ele não é aceito ou o incomode tanto em si e também nos outros; restabelecer um olhar para si que envolva suas potencialidades e resiliências. Estamos inseridos em um longo processo de desconstrução pessoal, entretanto temos todas as condições necessárias para se auto reconhecer e afirmar.
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