A Identificação com o Agressor

Modulo 5 – Mecanismos de Defesa do Ego I - Identificação com o agressor

Em psicanálise, a expressão mecanismo de defesa é usada para designar diferentes operações psíquicas que visam preservar a integridade, a unidade e o equilíbrio do ego (AFGOUSTIDIS, 1991).

Vou elencar os mecanismos de defesa para fins de contextualização, enfatizando o mecanismo de Identificação já que a ideia é o desenvolvimento do pensamento referente a identificação com o agressor

1. Sublimação: é o desvio de uma pulsão que não seria aceita socialmente para um objeto ou um fim que a possa satisfazer e tenha valor e aceitação social, como, por exemplo, a realização de uma pintura ou participação numa arte marcial.

2. Racionalização: é o uso do argumento lógico, que pode ser convincente ou não para justificar uma ação ou atitude.

3. Negação: é a recusa em aceitar a realidade, pois a verdade pode ser dolorosa demais para o indivíduo conseguir aceitar e lidar com ela.

4. Regressão: o comportamento ou discurso não condiz com a faixa etária por estar infantilizado, isto é, regredido. Uma criança pode regredir a uma fase anterior engatinhando, por exemplo.

5. Repressão: é o ato de esquecer alguma experiência desagradável e dolorosa ou sentimentos não aceitos ou desagradáveis.

6. Introjeção: o indivíduo, inconscientemente, procura se igualar a outro, transferindo para si mesmo vários elementos da personalidade dele.

7. Projeção: quando alguém atribui a outro seus próprios desejos e impulsos. Exemplo: um indivíduo que tem muito medo de lhe acontecer algo pode superproteger alguém.

8. Fantasia: é um conjunto de ideias ou imagens mentais que procuram resolver os conflitos intrapsíquicos, através da satisfação imaginária dos impulsos.

9. Deslocamento: um impulso ou sentimento é, de modo inconsciente, deslocado de um objeto original para um objeto substitutivo.

10. Idealização: idealização do objeto para se tornar como ele.

11. Formação reativa: ocorre a inversão de sentimentos em relação a um objeto de desejo.

12. Identificação: faz o sujeito se sentir acolhido por uma pessoa ou grupo. Quando há o exagero nessa identificação, pode ser que a pessoa esteja querendo se proteger do objeto de identificação

13. Isolamento: separação de um pensamento ou uma ação do seu contexto geral com a intenção de diminuir a ansiedade que o sujeito sente perante certos sentimentos. O isolamento é um mecanismo de defesa somente quando usado para proteger o ego de aceitar aspectos de situações ou relacionamentos dominados pela ansiedade. (FADIMAN, 1986)

14. Cisão: Ocorre quando um grupo de sentimentos ou pensamentos é tido como bom e outro ruim. A cisão faz com que o indivíduo não se sinta culpado por ter pensado algo ruim de algo bom.

15. Intelectualização: é uma “fuga para a razão”, onde a pessoa evita emoções desconfortáveis, concentrando-se em fatos e lógica.

16. Dissociação: rompimento momentâneo com a realidade quando se está em estado ansioso extremo

17. Somatização: Deslocamento da angústia para uma ou várias partes do corpo

Em relação ao mecanismo de identificação, temos o que Anna Freud classificou como Identificação com o Agressor.

A Identificação Com o Agressor é um tipo de mecanismo de defesa que mobiliza a capacidade de adaptação e resiliência.

Uma pessoa que sente estar em perigo, identifica-se com o agressor, reproduzido os seus comportamentos, imitando-o moralmente ou fisicamente, ou então assumindo para si próprio a culpa da agressão.

 

Por esse processo o indivíduo busca se tornar igual àquele de quem havia sentido medo e, ao mesmo tempo, o suprime, o que tranquiliza as suas angústias.

Pode ir de uma simples inversão dos papéis como brincar de doutor, de lobo, de fantasma, por exemplo, com também a uma verdadeira introjeção do objeto perigoso. Cito aqui o caso descrito no livro de Anna Freud (O Ego e os Mecanismos de Defesa – Anna Freud, 1936) da menina que tinha que atravessar o vestíbulo no escuro pois tinha medo de fantasmas. Superou o medo se tornando o próprio fantasma, assim não correria risco