A Inteligencia e os dois sistemas de pensamento

Necessidade, espírito e os dois sistemas de pensamentos

Para compreender economia, em sua extensão, é preciso primeiro buscar compreender o homem e a complexidade de sua natureza bem como os pontos que o diferencia dos outros seres animados. Pode-se dizer que, é peculiar à nossa espécie, termos: moral, cultura, sermos animais políticos e sociais, perceber o tempo e conseguir dimensiona-lo. Além destes elementos sobreditos, o homem é o único animal que, de forma prévia, sabe de sua finitude, ou seja, sabe que a morte corpórea é um fato. Por outro lado há os animais: seres orgânicos dotados de inteligência sensível,  que age por impulsos ocasionados por reações químicas catabolizadas organicamente se externando no mundo físico como: fome, sede, afeto, etc mas desprovido de nous (espírito). Diferentemente dos outros seres, o homem possuí consciência cujo papel é mostrar a ele as camadas da realidade em que se encontra submerso, a fim de decodifica-las, dando-lhe discernimento para, por livre arbítrio, escolher aquilo que lhe de vida, ou lucro, seja para sua conservação corpórea ou existencial. Em outras palavras: a consciência é instrumento de avaliação da realidade necessária ao homem para sua conservação no seu ambiente. Este, quando possui consciência de seu estado de espírito, como num estado de aflição, por exemplo, devido à causa de determinada necessidade material, para supri-la, vê-se obrigado a pensar em desenvolver meios para se livrar das condições que o aflige. Desse modo, ativa seu intelecto por necessidade de sobrevivência. Quando por vontade, ativa seu intelecto por necessidade de existência. Entretanto, faz-se necessário evidenciar que a vontade de existência esta condicionada a necessidade de se sobrevivência. Trata-se uma ordem:  primeiro se vive organicamente, então se torna possível tornar-se   humano na extensão do conteúdo psicológico do termo.

Posso, de maneira ousada, dizer que a consciência equipara-se a um “radar” que tem por função detectar problemas ou achar soluções, enquanto o intelecto(razão especulativa) se emprega na construção lógica de um meio que possibilite que o problema ou a solução seja realizável no mundo dos fatos. Assim, a consciência detecta, o intelecto analisa as possibilidades e desenvolve estratégias, e a ação premeditada manifestada espaço-tempo fecha o ciclo do processo.

A estrutura intelectual do individuo esta diretamente ligada a sua sobrevivência. Vida ou morte provem das consequências de suas escolhas: agir pela razão (razão prática no sentido aristotélico do termo) ou por impulso da vontade desprovida de razão (lado dionisíaco do Homem).

Quando Agostinho de Hipona diz “Crer primeiro que o intelecto segue o resto”, há por de trás desse pensamento um mecanismo mental em que, respectivamente, primeiro têm-se uma necessidade (um desejo) futura (o) a qual obriga a inteligência operatória da mente a se desenvolver para alcançar meios materiais que satisfarão o desejo que não reside na mente, mas no ‘’coração’’ ou alma. Nesse mecanismo o intelecto (espírito) precede a razão operatória, pois cabem ele extrair da realidade os dados necessários a serem operados visando o resultado esperado.

Mecanismo espiritual ( in abstrato)

Pelo pensamento agostiniano, a fé e o esforço vêm primeiro e a concretização material em seguida. Existe em oculto neste mecanismo um princípio fundamental. O individuo ao buscar a satisfação de sua necessidade usando esse “modus operandi”, esse caminho/viés, faz com que  seu intelecto se desenvolva obrigatoriamente em função das barreiras (dificuldades) que se encontra entre a concepção do desejo sua materialização, ou seja, antes de se ter suprido o que a consciência solicita.Durante o processo ocorre uma estruturação intelectual interna, com a qual o individuo agirá, e uma vez que essas estruturas neurais estejam prontas não há necessidade de remonta-las. Mesmo não sendo neuropsiquiatria, e possuindo um breve conhecimento na área, a minha autoridade para falar sobre esse assunto advém da minha observação empírica. Alguns exemplos: uma criança ao tentar andar de bicicleta empreende muita energia nas muitas tentativas, período em que a formação da estrutura intelectual da criança esta sendo forjada. Uma vez possuindo domínio sobre a bicicleta terá domínio não havendo necessidade de empreender novamente o esforço para aprender novamente. Exemplo 2: Um indivíduo que estuda para ser juiz. Ao passar no concurso ele já possui a estrutura intelectual moldada para exercer a função de juiz. Mesmo que ele seja destituído do cargo, caso ele refaça a prova é certo que passara, pois ele já é juiz em ato e não mais em potência (teoria Ato e Potência em Aristóteles). Ele é um juiz de fato não mais em potências. O esforço mental desenvolve as células neurais (dendritos) reforçando-as a cada repetição. Eis o motivo da importância dos osbstáculos.

Esquema

Necessidade/Vontade →>Consciência (função radar) → Intelecto (função estratégia) → ação (pensada, baseada na estratégia do intelecto) → concretização material→Satisfação da Necessidade/vontade.

Mecanismo materialista

Segue o caminho inverso do mecanismo espiritual. Observado em parte pela a luz da ótica marxista, pode-se considerar que a matéria pode influenciar a psique do homem quando este observa na matéria a base objetiva de suas necessidades. Ou seja, a “matéria pode criar necessidade”. Nesse caso não há a estruturação do intelecto, pois a concretização material veio antes da estruturação mental. Em outras palavras: quando o homem tem uma necessidade atendida deforma instantânea, esse imediatismo impede a estruturação do intelecto, pois não houve obstáculos, o que extingue a necessidade de desenvolver estratégias e, nem de agir racionalmente, pois o único ato foi receber. É o fenômeno exato que ocorre no mundo animais irracionais que buscam o alívio do desconforto da matéria de forma impulsiva. No campo humano, o que ilustra isso é o jargão “não de o peixe, ensine a pescar”, e aquele que aprende a pescar passará da condição de dependente o fornecedor de peixe. Por consequência  terá poder para negociá-lo com quem precise do peixe. Esse pensamento explica muito sobre a superioridade da economia de países como Alemanha, Japão, EUA entre outros mais que possuem como fator elementar do sucesso econômico os valores éticos individuais acolhidos por suas populações. Basta observar que os países prósperos possuem menos, ou não possuem governos assistencialistas, mas propiciam ao povo estrutura para se desenvolver  as potencialidade individuais, ou seja , uma política voltada ao indivíduo refletindo no coletivo; a ordem micro na ordem macro, pois o Estado possuí cidadãos virtuosos.