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A MORAL CRISTÃ

Por:   •  10/11/2021  •  Ensaio  •  971 Palavras (4 Páginas)  •  132 Visualizações

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Diocese de Castanhal 

Seminário dom Vicente Zico 

Curso de filosofia 

Por que a moral cristã é melhor que a moral nietzscheana?[1]

                                                                                                   Rodrigo Peterson Tavares Ferreira[2]

Sobre a moral cristã, um primeiro ponto a se destacar, é a questão da liberdade. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “Deus criou o homem dotado de razão e lhe conferiu dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e o domínio de seus atos [...], para que pudesse ele mesmo procurar seu Criador e, a este aderindo livremente, chegar à plena e feliz perfeição” (CIC, 1997, n. 1730). Um dado importantíssimo a ser considerado: a liberdade faz parte da constituição do ser humano. Esta liberdade, se realiza de maneira plena quando o homem a direciona para sua origem, ou seja, o próprio Deus. A liberdade do homem não se reduz a um total desprendimento de tudo ou de qualquer coisa institucional, ou mesmo de regras morais. Do contrário, a “liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir, de fazer isto ou aquilo, ou seja, de praticar atos deliberados” (CIC, 1997, n. 1731). Para a igreja, liberdade não está somente atrelada a questão da vontade, mas também à razão. Nesse ponto, podemos considerar que a igreja olha para o homem de forma integral, não considera somente como elemento para a liberdade a razão, ou somente a vontade. Deve haver uma harmonia entre os dois. A vontade, a força, o desejo, a “potência do homem” como dizia Nietzsche, não pode ser de fato, excluída ou deixada de lado, mas também não pode ser absoluta. O homem é um complexo de dimensões, é constituído de infinitude, porém esta infinitude não tem fim em si mesma, tem origem no que é infinito. “A imagem divina está presente em cada pessoa. [...] Dotada de alma ‘espiritual’, a pessoa humana é ‘a única criatura na terra que Deus quis por si mesma’. Desde sua concepção, é destinada à bem-aventurança eterna” (CIC, 1997, n. 1702 – 1703). Por isso, o homem é constituído também de uma finalidade, e nesta, a liberdade é papel fundamental. “A liberdade faz do homem um sujeito moral” (CIC, 1997, n. 1749). Nesse primeiro ponto refletido, entendemos consequentemente que a moral deve refletir um homem livre; e um homem livre é um homem integral, o que significa que toda a sua vontade e razão devem estar ordenadas. Destarte, a “verdadeira potência” do homem se realiza quando este caminha para sua origem, que é a infinitude, se realiza quando este está totalmente integrado em toda as suas dimensões e não deficitário ou hipertrofiado em partes de sua constituição. A potência do homem se realiza na “integralidade de sua humanidade ordenada”.

Um homem bem ordenado, consequentemente será um homem moralmente bom. Suas escolhas e atitudes sempre partirão de pressupostos que estão fora dele. O que não significa que estas ações não serão deliberadas ou que suas inclinações se limitarão somente ao extraterreno. O homem vive verdadeiramente sua plenitude, na comunhão com Deus vivendo aqui neste mundo. Pois “foi Deus mesmo que criou o mundo visível em toda a sua riqueza, diversidade e ordem” (CIC, 1997, n. 337). E ele nos chama a viver a plenitude também aqui, na sua criação. Valorizar a vida não significa vive-la como um fim em si mesma, mas sim viver conforme a finalidade para com a qual Deus criou: “Eis uma verdade fundamental que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e celebrar: O mundo foi criado para a glória de Deus” (CIC, 1997, n. 293). E “a glória de Deus consiste em que se realizem” [...] a manifestação e “comunicação de sua bondade, em vista das quais o mundo foi criado” (CIC, 1997, n. 294). E, “a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus [...] “(CIC, 1997, n. 294).   Este homem vivo, é o homem realizado, aquele que vivem em potência aquilo para qual foi ordenado. Por isso, a igreja não ensina o desprezo pela vida, do contrário, ela educa para que vivamos corretamente e assim alcançarmos sua finalidade. “[...] Portanto, o homem, em sua totalidade (em sua potência), é querido por Deus” (CIC, 1997, 362, grifo meu), pois ele vive de forma integral a sua criação e não somente uma dimensão. A “castração” da vida seria em viver a mesma de forma desordenada, apegando-se somente a liberdade sem fim, pois a liberdade integrada nos dá verdadeiramente possiblidade de viver a vida como se deve viver. Nós somos mais que vontade. A pior privação seria viver em um estado de “animalidade desnaturada”, pois até mesmo os animais, diferente do que comumente pensamos, seguem uma ordem. O cristianismo, é sem dúvida, um verdadeiro humanismo, pois nos ensina que devemos viver conforme aquilo para qual fomos criados e não viver a vida como se ela terminasse aqui ou limitá-la somente aos prazeres da vontade. Por isso repito, o ser cristão, é ser verdadeiramente humano.

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