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A Resenha Bonaventura Santos

Por:   •  1/7/2021  •  Trabalho acadêmico  •  809 Palavras (4 Páginas)  •  199 Visualizações

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Santos, Boaventura de Sousa, Um discurso sobre as ciências / Boaventura de Sousa Santos. - 5. ed. - São Paulo: Cortez, 2008. 92 páginas. Índices para catálogo sistemático: 1. Docência: Educação 370.

Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra, Portugal, 15 de novembro de 1940. É Doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973) e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison. Tem escrito e publicado extensivamente nas áreas de sociologia do direito, sociologia política, epistemologia, estudos pós-coloniais, e sobre os temas dos movimentos sociais, globalização, democracia participativa, reforma do Estado, direitos humanos, com trabalho de campo realizado em Portugal, Brasil, Colômbia, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Bolívia e Equador. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão, chinês, romeno e dinamarquês.

A obra, Um discurso sobre as ciências, é uma versão ampliada da Oração de Sapiência proferida na abertura solene das aulas na Universidade de Coimbra, no ano letivo de 1985/86. Refere-se a um fragmento da história da ciência, partindo do século XVI quando nasceu a ciência moderna, constituída a partir da revolução científica pelas “mãos” de Copérnico, Galileu e Newton, até o momento em que ocorre a transição para ciência pós-moderna no final do século XX.

A obra pode ser dividida em três pontos principais: o paradigma dominante, a crise do paradigma dominante, e o paradigma emergente.

Ao tratar do paradigma dominante, o autor apresenta um modelo de racionalidade apontado no século XVI e que se consolidou no século XIX. Esse modelo era tido como totalitário, uma vez que não considerava válido qualquer outro processo metodológico que desse importância a estudos humanísticos. Definindo, portanto, que existia apenas uma forma de se obter o conhecimento verdadeiro. Para chegar a esse conhecimento, era aplicada a lógica e a matemática que forneciam instrumentos de analise mais rigorosos. Dessa forma, foram descobertas as leis da natureza, e, mediante dessas, passou-se a ideia de atribuir um valor quantitativo ao uso do conhecimento científico. “[...] Tal como foi possível descobrir as leis da natureza, seria igualmente possível descobrir as leis da sociedade.” (p. 32). Com precursores como Bacon: que afirma ser possível chegar ao aperfeiçoamento da natureza humana com condições precisas; Vico: sugerindo a existência de leis que facilitam a previsibilidade dos resultados das ações coletivas; e Montesquieu: que estabelece uma relação entre as leis do sistema jurídico e as leis da natureza.

Fundamentado nisso, o autor aborda o segundo ponto: a crise do paradigma dominante; que surgiu pelo desentendimento de condições teóricas e sociais. Boaventura destaca quatro condições teóricas que serviram de catalisador para essa crise, como: a teoria da relatividade de Einstein como ponto de partida, em que o físico aponta a simultaneidade dos acontecimentos onde há a impossibilidade de verificação, possibilidade apenas de definição, relativizando o rigor das leis de Newton. “[...] Não havendo simultaneidade universal, o tempo e o espaço absolutos de Newton deixam de existir.” (p. 43). O "Princípio da Incerteza" de Heisenberg, que afirma que a posição exata de um elétron dentro do núcleo atômico em um dado momento não poderia ser determinada com certeza, mas apenas ser calculada estatisticamente dentro de uma certa probabilidade; como segunda condição teórica da crise do paradigma dominante, a mecânica quântica. “[...] Se Einstein relativizou o rigor das leis de Newton no domínio da astrofísica, a mecânica quântica fê-lo no domínio da microfísica.” (p. 43). A terceira condição da crise do paradigma o autor aponta as investigações de Gödel que vieram para demonstrar que o rigor da matemática necessita de algo para se fundamentar, contrapondo, mais uma vez, as leis da natureza que fundamentam o seu rigor nas aplicações matemáticas. A partir desse ponto é possível observar que há um questionamento nas condições de êxito na ciência moderna, uma vez que não podem mais continuar a serem consideradas como naturais e óbvias. Por fim, a quarta condição é constituída pelos avanços do conhecimento da química e da biologia, representada principalmente na teoria de Prigogine, refere-se ao rompimento do modelo newtoniano, que partir da segunda metade do século XX, houve um desenvolvimento convergente entre às ciências sociais e naturais.

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