A Responsabilidade De Ser Livre
Monografias: A Responsabilidade De Ser Livre. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: danielegs_011 • 16/8/2014 • 3.431 Palavras (14 Páginas) • 222 Visualizações
A responsabilidade de ser livre
Para ser totalmente livre, a pessoa precisa estar absolutamente consciente, pois nosso cativeiro está enraizado na nossa inconsciência; ele não vem de fora.
Ninguém pode impedi-lo de ser livre. Você pode ser destruído, mas, a menos que você deixe, a sua liberdade não pode ser tirada de você. Em última análise, é sempre o seu desejo de não ser livre que tira a sua liberdade. É o seu desejo de ser dependente, o seu desejo de negar a responsabilidade de ser você mesmo, que faz de você uma pessoa sem liberdade.
No momento em que a pessoa assume a responsabilidade por si mesma... E lembre-se de que isso não é um mar de rosas, existem espinhos também; não é açúcar no mel, existem momentos de amargura também.
A doçura é sempre contrabalançada pela amargura; elas vêm na mesma proporção. As rosas são contrabalançadas pelos espinhos, os dias pelas noites, os verões pelos invernos. A vida mantém o equilíbrio entre os opostos polares.
Assim, uma pessoa que esteja pronta para aceitar a responsabilidade por ser ela mesma, com todas as suas belezas, amarguras, alegrias e aflições, pode ser livre. Só uma pessoa assim pode ser livre.
Viva isso em toda sua agonia e em todo o seu êxtase — ambos são seus. E nunca esqueça: o êxtase não pode vir sem agonia, a vida não pode existir sem a morte e a alegria não pode existir sem a tristeza.
É assim que as coisas são — não se pode fazer nada a respeito. Essa é a própria natureza, o próprio Tao das coisas.
Aceite a responsabilidade por ser como é, com tudo o que você tem de bom e com tudo o que tem de ruim, com tudo o que tem de belo e com tudo o que não é belo. Nessa aceitação, ocorre uma transcendência e a pessoa se torna livre.
Osho, em "Liberdade: A Coragem de Ser Você Mesmo"
Liberdade e Responsabilidade
Julián Marías
Hoje vamos falar de uma questão, ou melhor, de duas questões interligadas importantes: liberdade e responsabilidade.
Há, no caso, um fato interessante: no cristianismo, a palavra liberdade aparece muitas vezes. E, em muitas ocasiões, aparece unida a outra, que é mais freqüente ainda: a palavra verdade. Aletheia, verdade, no texto grego do Novo Testamento, aparece muitas vezes ligada a eleutheria ou a seus derivados. Há, portanto, uma conexão sumamente importante: recordemos aquele texto capital do Evangelho de São João - "a verdade vos fará livres" - em que "verdade" e "liberdade" aparecem juntas de um modo central.
Penso que o problema da liberdade é absolutamente decisivo: não somente para a filosofia cristã, mas para o cristianismo e em geral. Dentro do cristianismo, é uma clave para muitas questões que, de outro modo, não se tornam claras. Não se esqueçam de que - neste curso - estamos tentando ver até que ponto a chave para a interpretação do cristianismo é a interpretação pessoal: o homem é pessoa!. Esta é a grande descoberta, para a qual tenho empregado uma fórmula: "uma descoberta que não tem sido amplamente pensada, mas que tem sido vivida". Pois é certo que no pensamento cristão, nem sempre tem aparecido a idéia de pessoa e nem sempre tem recebido o devido relevo, mas o cristão, sim, se entende, plenamente, como pessoa. E é justamente na medida em que se vive como pessoa que se pode entender a visão cristã. Não esqueçamos que o conceito de Trindade, que é essencial no cristianismo, consiste precisamente em uma interpretação pessoal de Deus, tão pessoal que é tri-pessoal; isto é: há relações pessoais até dentro da divindade, há uma vida divina que tem uma característica intrinsecamente pessoal. E isto é de capital importância.
Acontece que o peso de uma tradição intelectual não-cristã - tradição, em boa medida, grega - levou a conceitos que têm mais que ver com natureza, como o próprio conceito de natureza e outros como: substância, essência, acidente...
Há também um outro fator que costuma ser bastante esquecido: o aristotelismo influi, não somente no pensamento medieval cristão, mas também no pensamento judeu e árabe que, por sua vez, influem também no pensamento cristão. A escolástica cristã, por exemplo, foi muito condicionada por influências que procedem de Averroes, de Maimônides... e que são, afinal, elaborações judias ou islâmicas de Aristóteles, principalmente de Aristóteles. E isto faz com que, em alguma medida, esse caráter radical profundamente pessoal que pertence à visão cristã (e pertence também à análise puramente intelectual da realidade humana) fique diluído ou esquecido. Isto é muito importante e deve ser sempre lembrado.
Se vemos a vida humana tal como ela aparece, tal como foi - e continua sendo - explorada em nossa época, que é quando realmente se estabelece uma perspectiva propriamente pessoal (época na qual se transcendem as idéias naturais procedentes do estudo das coisas e se centra a visão na peculiaridade do que é humano), vê-se que o homem não é coisa; sim, ele tem coisas, faz sua vida com coisas, mas em nenhum sentido ele é coisa... Tem, em certo modo - na medida em que é corpóreo, em que é alguém corporal - uma dimensão natural, animal; isto é fundamental, também. Mas, ele não é nenhuma coisa; ele é perspectiva, é projeto, é missão: todos estes conceitos estão precisamente no próprio seio da concepção cristã da Trindade.
Tudo isto é de capital importância e, nesse quadro, aparece no primeiro plano: a liberdade. Os senhores considerem que a vida humana - não a vida biológica, mas a vida biográfica -, a vida propriamente humana nos é dada (o cristianismo, claro, conta com isto: considera o homem uma criatura), nossa realidade é dada: é um dom. Não somos autores de nossas vidas, mas esta vida nos é dada não-feita. Ela não está feita; nós é que a temos que fazer: é um empreendimento, é uma tarefa e nem sequer pode ser entendida como um mero desenvolvimento. Certamente, a vida animal tem todos os seus mecanismos que a regulam; o animal tem um sistema de instintos que é complexo e perfeito, que dirige sua conduta. Já o homem, não. O homem tem poucos instintos, pouco enérgicos, mas, em contrapartida tem um horizonte imaginativo, um horizonte mental, isto é, o homem tem que imaginar sua vida, tem que descobrir o horizonte das posibilidades, de suas circunstâncias ou de suas dificuldades; tem que projetar quem ele vai ser. Tenho insistido muito - ao longo de toda minha obra e também neste curso - na diferença fundamental entre o que o homem é e quem é.
Já
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