TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Teoria do Conhecimento

Por:   •  6/4/2025  •  Ensaio  •  2.766 Palavras (12 Páginas)  •  6 Visualizações

Página 1 de 12

     UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES                                   Centro de Ciências Humanas – CCH                                                                                                                                                                                                      Departamento de Filosofia                                                                                                                    Curso de Filosofia                                                                      [pic 1][pic 2]

Disciplina: Teoria do Conhecimento

Período: 4°período

Professor: Alice Parrela Medrado

Acadêmico: Mateus Willian Aquino Gonçalves

Em um dia desses ao ir para o trabalho de ônibus me encontrava escutando musicas no fone de ouvido, me deparei com uma musica de uma rapper brasileiro conhecido como Fabio Brazza, em sua música “Meu Fantasma” ele trabalha a ideia de se eternizar em suas obras, ou seja, suas músicas serviam de alguma forma para que algum tipo de essência ou eco de si continuasse a existir mesmo após a sua morte, nos versos o mesmo dizia:

E quando eu morrer espere que eu ressuscite
Na tinta de algum grafite, numa rima em cima do beat
Numa folha sulfite
Meu fantasma vai 'tá sempre lá, quem quiser que me visite                           Eu te avisei, eu te avisei, eu 'to aí do seu lado sente
Tipo um fantasma, por isso eu tenho que ser transparente                    (Azevedo, 2021)
 

O que me chamou atenção nesses versos é sobre a possibilidade de se eternizar através de obras de arte, isso me faz levantar a seguinte questão: o que mais há de valor dentro de uma obra de arte? É a obra em si? É o artista que a produz? Pois somente produzir uma obra que esteja viva após sua morte já não seria o suficiente como legado? Pois o que há de maior é o que se estima a ser deixado, não? Ou será que é próprio da arte ser marcada pelo artista? Talvez seja esta última pois como demonstra Martins: “Para Nietzsche, não interessa apenas o criador, mas, também, o criado; não só o artista, mas a obra; não apenas o resultado final, mas, sobretudo, o espírito, que conduz o processo de elaboração do artista” (Martins, 2011, p.66). Então vemos que na estética Nietzschiana o valor de uma obra de arte está em relação a produção da obra como um todo, nem somente na obra nem somente no artista, pois Nietzsche está pensando numa estética da criatividade, onde a obra não tem valor autônomo, mas sim um valor derivado da expressão da vontade criadora própria do sujeito estético, ou seja do artista. Nesse artigo em específico vemos que aquilo que o Nietzsche leva mais em conta é a expressão da criatividade do artista, então talvez sim haja uma maneira de se eternizar dentro de sua obra, que seria através do sujeito estético do artista.

Entretanto tem outro aspecto que chama atenção dentro dessa música é a maneira que o compositor coloca que ele será eternizado, através de um fantasma que ressuscita após a morte, nesse ponto vemos ele trabalhar alguma espécie de mito, ou criando ou relembrando um, isso me faz levantar outra questão, o Fabio Brazza está buscando se eternizar através da arte ou do mito? Porque de acordo com os mitos de origem diversa que temos acesso, alguém se torna um fantasma após sua morte para que possa resolver questões não resolvidas da época em que ainda estava em vida. Então talvez ele esteja deixando claro que tem questões que não foram resolvidas em vida, mas ainda assim fica a questão: o Brazza, nome artístico ao qual é mais conhecido, está se eternizando pela arte ou pelo mito? Podemos imaginar também que talvez ele esteja criando, ou relembrando, um mito através da arte, ou produzindo arte a partir do mito. A primeira hipótese parece mais interessante pois é comum de mitos serem repassados tradicionalmente através de artes como poesia e música, como trata Marcelo Marques:

A poesia é o grande meio de comunicação da época arcaica. É a poesia que veicula as regras de convivência básica, os valores norteadores da cultura, os relatos que ordenam tanto a totalidade do kósmos, como a sociedade. É o poeta que resgata o kosmos do chaos primordial, ele é instrumento da verdade - alétheia, pois é através dele que aquilo-que-é se mostra. Através da poesia o homem elabora seus impulsos, seus desejos, contradições e aspirações, para além dos parâmetros fixados pela celebração ritual do sentido do mundo. (Marques, 1994, p.4)

Não só nesse trecho como também em diversos capítulos dessa obra vemos o Marcelo tratando de como os mitos são passados pelas poesias e narrativas poéticas, mas além disso de como ela tem função social e ética. Assim sendo o Brazza envolve tanto arte como mito na sua composição, como exemplo ele trata de sua escrita como algo que já havia sido escrito nele: “Não escrevo nada, só copio o que já 'tava escrito em mim” (Azevedo, 2021). Esse envolvimento não é tão difícil de ser pensado já que estes dois se parecem em diversos pontos, a exemplo como trata o Martins “a arte deixou de ser uma esfera autônoma para julgar obras e artistas, e se converteu em expressão da capacidade da vontade de criar. Criar não novas obras, mas sim novas possibilidades de vida.” (Martins, 2011, p.67), ou seja, ambos aparecem com uma função social e ética podemos ainda demonstrar como trata Joseph Campbell, famoso mitólogo americano, o mito nos possibilita ter a experiencia de estar vivo como cita o mesmo “O mito o ajuda a colocar sua mente em contato com essa experiência de estar vivo. Ele lhe diz o que a experiência é.” (Campbell, 1991, p. 17), como se fosse uma maneira de procurar sentido para vida, fazendo com que as experiencias de vida ressoam no interior de nosso ser, para poder realmente sentir estar vivos, expondo mais uma vez essa função social do mito.

É interessante que nesta música o Brazza interliga de algum modo a sua obra ao divino:

Mensageiro tipo Hermes, 'cês pensam que eu só 'to cantando rap
'To conversando com o outro mundo igual Allan Kardeck
Sentado na escrivaninha essa letra não é minha
Só fechar o olho que a mão começa a mexer sozinha                                     Eu te avisei, eu te avisei, eu 'to aí do seu lado sente                           (Azevedo, 2021)

Como se aquilo que ele colocasse em seus versos fosse uma mensagem de outro universo, ou divina, como o próprio Marques menciona: “A palavra é revelação divina, presença mesma do ser, poder de presentificação que torna presente aquilo que nomeia.” (Marques, 1994, p.4). Portanto dentro do mito é como se experienciasse aquilo que é pronunciado, como se aquela coisa magica que está sendo tratada se mostrasse presente. Experiencia essa que foge a nossa linguagem conceitual e discursiva segundo o próprio Marques. Tanto o mito como a arte são de alguma forma maneira de se remeter ao divino pois como expõe o Martins “A verdadeira arte, portanto, não é a arte da obra de arte, mas a arte de divinizar a vida, aplicando a ela os epítetos destinados aos deuses e suas ações; tal divinização desdobra-se em festa: arte superior” (Martins, 2011, p.69). Nesse trecho a arte é coloca como acesso ao divino, e celebração dele.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (13.9 Kb)   pdf (139.2 Kb)   docx (34.2 Kb)  
Continuar por mais 11 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com