BRASIL DE KAPIRA
Tese: BRASIL DE KAPIRA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: summer93 • 4/6/2014 • Tese • 1.428 Palavras (6 Páginas) • 272 Visualizações
O BRASIL CAIPIRA:
Inicialmente só se falava a língua geral. As técnicas de lavoura também quase não se diferiam das dos índios. Seus luxos eram uma culinária mais fina, a posse de alguns instrumentos de metal, armas e na atitude arrogante. Assim, eram mais dispostos aos saqueios do que à produção. Eles tinham um disciplinamento militar superior e se ajustavam ao sistema mercantil mais facilmente. Os índios capturados não eram submetidos a uma disciplina rígida de trabalho, mas não podiam se organizar em família. Os novos paulistas não queriam ser vistos como índios, mas participar da sociedade de consumo e se tornar classe dominante. Inicialmente usavam os índios para trabalhar em suas vilas, depois passaram a vende-los ao nordeste açucareiro e então a ir buscá-los terra a dentro. No começo do século XVII atacaram prosperas missões jesuíticas no Paraguai. Os paulistas saquearam seus bens e aprisionaram seus índios. Eles se especializaram como homens de guerra. A sociedade se organizava mais como chefe e soldado do que como senhor e escravo. A família era patricêntrica e poligênica e o relacionamento entre raçasera licre. Darcy compara os paulistas a novos romanos, que se impunham e subjugávamos povos conquistados. São Paulo foi a edificação de uma entidade étnica, com gente desgarrada das tribos, que nascia ligada a uma sociedade e cultura exógenas por ela conformada e dela dependente. O Brasil, graças aos paulistas, foi antes exportador que importador de escravos. Os paulistas sonhavam encontrar ouro nas entradas ao sertão, conseguindo até o apoio da Coroa para tal. Assim, descobriram as zonas de mineração em Minas, Mato Grosso eGoisás. Formaram-se arraiais que se tornariam vilas e depois cidades ricas como VilaRica, Cuiabá, Vila Bela e Goiás. A guerra dos Emboabas em 1710 foi um conflito entreos paulistas e os povos das outras regiões pelo ouro. Somente um década depoiscomeçou-se a criar ações para dirimir esses conflitos. Começam a estourar conflitos entreo empresariado local e o patriciado português. O principal foi em 1720, com oesquartejamento de Felipe dos Santos. Com a descoberta das regiões diamantíferas aCoroa decreta monopólio real (estanco).Nessas zonas de mineração, a sociedade adquire feições paulistas, mescladas comescravos, europeus e brasileiros de outras regiões. As conseqüências da abertura dasregiões mineradoras foram: 1) a transferência da capital para o Rio; 2) estimulou aexpansão do pastoreio nordestino e do centro-oeste e 3) possibilitou a região sulinaocupada, com a destruição das missões jesuítas e 4) ensejou a integração na sociedadecolonial e a unidade nacional.A atividade urbana, que mantinha o fausto urbano, permitiu a criação de uma camadaentre os cidadãos ricos e pobres – a dos artífices e músicos, fundaram inclusivecorporações de oficio. A atividade religiosa régio o calendário da vida social. O sustentoda população urbana criou a agricultura comercial diversificada, ocupando-se deles osnegros e mulatos forros, os brancos mais pobres. Eles trabalhavam em terra alheia numregime de parceria. As camadas mais baixas ocupavam-se de trabalhos domésticos oubraçais. A Inconfidência Mineira que surgira com ideais de reordenação social commoldes na abolição americana, pretendia decretar a liberdade de comércio e promover aindustrialização, com uma ideologia republicana e um sentimento nativista.Com o esgotamento das reservas auríferas, a riqueza se dissipou e os mineradores seviram incapazes de produzir, regredindo a uma economia de subsistência. A saída poderiaser a industrialização, mas esta foi impedida pela Coroa, que mandou destruir as fabricastoscas que iam surgindo. Antigos mineradores se transformam em fazendeiros, citadinosruralizados espalham-se pelos matos. Fazem-se parceiros de lavouras de subsistência oucriadores de gado. A população se dispersa e sedentariza, regredindo a formas arcaicas.A área cultural caipira se cristaliza com a dispersão da crise da mineração, naspopulações que estavam ligadas a esse sistema e no interior alcançado pelos paulistas,compondo uma população desarticulada e feudalizada. O único recurso com que contaessa economia falida são as massas desocupadas e terras virgens e despovoadas semvalor. Com isso surgiram os bairros rurais, que eram grupos de convívio unificados pelabase territorial que ocupam, pelo sentimento que os identifica e os opõe aos outros, pelaparticipação em formas coletivas de trabalho e lazer. Aí surgiram os mutirões.Organizaram também cultos a santos poderosos. A população caipira agora integrada embairros preenche com essa economia sua subsistência, numa economia mais autárquica.Esse modo de vida criado pela quebra dos vínculos mertcantis, possibilitou a posse daterra e invalidou o monopólio de terras por não haver um mercado comprados. Com a institucionalização da grande lavoura e da obrigatoriedade da compra das terras acaboucom essas liberdade autárquica. Surge o cultivo comercail de expotação como algodão,arroz e café. Isso melhora as estradas, instala uma maquina administrativa nas cidades,erguem-se as paróquias. Isso faz necessário todos se colocarem sob o poderio de umsenhor. Surgiu o domínio oligárquico com a ajuda do aparelho admnistrativo, quedesenraizaram o caipira. Houve lutas pelas melhores propriedade através do aparato jurídico. Com o crescimento do café, o caipira se engaja no colonato como assalariado ouparceiro, nas regiões mais remotas e como meeiros ou terceiros, tendo assim quase ostatus de proprietário.Com o crescimento da lavoura monocultora, o caipira era praticamente expulso dasfazendas, tendo que escolher entre novos deslocamentos ou entrar no esquema deparceria, agora nas piores terras. O caipira se humilhava com o trabalho disciplinado dafazenda por
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