Comparação Entre o Filme Invictus Com o Livro O Príncipe
Por: Giovanna Tassi • 17/8/2016 • Dissertação • 4.356 Palavras (18 Páginas) • 429 Visualizações
SUMÁRIO
Introdução....................................................................................................4
Desenvolvimento.........................................................................................5
Conclusão....................................................................................................8
Bibliografia...................................................................................................9
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir tem como tema o pensamento do filósofo Nicolau Maquiavel, presente na obra O Príncipe, juntamente com o período do governo de Nelson Rolihlahla Mandela retratado no filme Invictus (2009), produção de Clint Eastwood dedicada a contar de que forma o recém-eleito presidente foi do caos da segregação à reunificação populacional da África do Sul.
O mandato de Mandela, de fato, durou de 1994 a 1999 e estabeleceu-se em uma África do Sul pós- apartheid. Sua eleição deu-se após 26 anos de prisão. Foi considerado o mais importante líder africano e dedicou-se ao cargo de maneira peculiar, como será visto em breve.
É importante ressaltar que também será considerado nessa análise o desfecho desse governo, a fim de concluir, com base nos fundamentos maquiavelianos, os rumos que um Estado pode tomar de acordo com o posicionamento daquele que o comanda.
Dessa forma, estaremos durante o desenvolvimento trabalhando, analogamente, os pontos colocados por Maquiavel que têm relação com que é apresentado no filme.
DESENVOLVIMENTO
O Estado que se apresenta no filme e que faz referência ao governo da África do Sul de 1994, foi estabelecido de forma incomum. Na época, o país sofria com uma segregação racial imposta pelo partido no poder que era articulado pelos brancos colonizadores os quais oprimiam severamente a raça negra (e outras), conhecido como apartheid. Se torna, de certa forma, cômico pensar que os opressores eram a minoria e chegaram no lugar dominando os nativos, tomando suas terras e posses, sem nenhuma explicação.
Nelson Mandela que viria a se tornar presidente da república, chamou atenção por suas formas de combate ao apartheid, sempre seguindo a ideologia de não-violência. Em alguns momentos, não lhe restou alternativas e acabou cometendo algumas ações irregulares que o levaram a ser preso. Ele tinha uma visão política liberal e dentro da prisão, em condições péssimas começou a escrever obras que deram a ele destaque pelo resto do mundo e com o apoio externo, conseguiu realizar seu sonho: ver o país como Estado democrático. Mandela nem precisava de uma campanha, depois de toda a sua trajetória, se tornou presidente da república que podemos considerar como principado civil.
Desde antes de assumir o poder, Mandela sempre utilizou estratégias de um príncipe amado para a simpatia com seu povo. Obviamente era amado pelos negros e se não fosse liberado o voto deles, com certeza ele não seria eleito. Em todas as suas jogadas políticas, ele aparece como herói e acabava com o amor dos negros e o não com o ódio dos brancos que apesar de não gostarem dele, mas não a ponto de acontecer uma revolução, deposição, revolta ou guerra civil evitando assim tudo o que um governante não pode deixar acontecer para o bem-estar de seu governo.
O principado de Mandela pode ser considerado civil devido sua forma de subir ao poder.
“ ...quando um cidadão privado, não por perfídia ou outra intolerável violência, porém com o favor de seus concidadãos, torna-se príncipe de sua pátria, o que se pode chamar principado civil...” (MAQUIAVEL, O Príncipe, p. 20)
De acordo com Maquiavel, muita astúcia é necessitada, por parte do príncipe, para que ocorra um principado desses. Mandela definitivamente carregava esses atributos consigo. Seus movimentos eram calculados, portanto, ele sabia o que estava fazendo e não agia na inocência e bondade pura. Tudo estava no seu planejamento político.
O filme acaba retratando no começo um Estado bastante desacreditado pela sua população. Os brancos, principalmente, acreditavam que Mandela iria agir com ódio e sentimento de vingança, pois ele supostamente estaria magoado com o apartheid. Ele sabiamente soube deixar de lado os conflitos do passado já que, para que haja paz, algum dos lados precisa ceder e esquecer as diferenças. Os negros pensaram que ele iria favorecer eles e agir parcialmente em relação aos outros povos e se enganam. Do jeito que as coisas se encaminhavam, se o príncipe realmente fizesse isso, acabaria resultando em uma guerra civil, fato terrível para qualquer Estado. (ex: A economia estava fraca e o presidente tinha como dever tentar restaurar o equilíbrio econômico no país. Toda guerra exige custos e os trabalhadores iriam estagnar, piorando ainda mais a situação econômica do país.)
O principal objetivo do príncipe no momento era estabelecer um governo mais sólido. Precisava conquistar a confiança de seu povo. O meio que encontrou foi através do principal esporte do país, o rugby. Os brancos tinham paixão pela modalidade e pelo time local, os Springboks. Os negros odiavam o time, pois representava o apartheid. Mandela sabia que seria fácil conquistar a simpatia dos negros pelo time. Seria mais fácil que tentar alguma coisa com os brancos. Desde o começo Mandela fala para sua secretária que era apenas uma estratégia política.
Assim, conseguiu juntar ambos para terem algo em comum e deixar alguns problemas de lado para ver seu time do coração ganhar a copa do mundo. Essa estratégia foi usada no Brasil em 2014 durante a Copa do Mundo de futebol. Acabou não funcionando, pois, o time brasileiro perdeu vergonhosamente para um país invejado por todos pelo seu nível de desenvolvimento, a Alemanha. Só mostra que o governo não tinha a astúcia que tinha o time de Mandela em que faltou planejamento e seriedade na preparação da copa. O governo pretendia calar os manifestantes que estavam contra a copa e o partido com uma vitória do Brasil, mas conseguiram o contrário.
Maquiavel trata das razões que levam os príncipes a serem louvados ou desprezados. Quanto ao modo como o príncipe deve portar-se afirma ser sempre necessário que o príncipe esteja no controle da situação a fim de reconhecer a hora certa de agir e também a melhor forma de agir, afinal toda ação será acompanhada de consequências. O príncipe deve, então, manter-se focado e sempre definindo limites concretos para seus planos e ações desenvolvidas. Em síntese, não é suficiente uma ideia que não avança o estágio teórico ao mesmo tempo em que avançar ao estagio prático requer cuidado. O trecho “Tanta diferença existe entre o modo como se vive e como se deveria viver, que aquele que se preocupar com o que deveria ser feito em vez do que se faz, antes aprende a própria ruína do que a maneira de se conservar” (MAQUIAVEL, O Príncipe, p. 90) vai ao encontro dessa ideia.
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