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Encenação Do Poder Político

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Por:   •  26/1/2014  •  468 Palavras (2 Páginas)  •  238 Visualizações

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A encenação do poder político é o modo como os seus detentores exibem a natureza deste poder a quem governam, aos seus pares ou aos seus rivais. Encontram-se em sepulturas representações (pinturas e esculturas) de elementos (ornamentos ou insígnias) que mostram que em certas sociedades eram frequentemente distinguidos os indivíduos segundo um sistema hierárquico.1 2

Parece ser rapidamente que o princípio do estabelecimento simbólico das diferenças se transforma num exercício psicológico do poder e da autoridade dos homens e mulheres que detêm o poder político. Isto vai não somente ser visível, mas é igualmente dramatizado com uma encenação através de uma simbologia estereotipada ou não.3

Em função das sociedades, da conjuntura histórica, estas encenações foram sempre destinadas a impressionar, evidenciar, mistificar, aterrorizar, ou simplesmente ridicularizar os espectadores.

A encenação pode assim ter uma função heurística, ilustrativa das diferentes responsabilidades do poder segundo o ponto de vista dos indivíduos, promover o ethos da pessoa pública ou, pelo contrário, desempenhar um papel de desinformação análogo ao da propaganda ao insistir sobre o pathos. Certas encenações poderão mesmo classificar-se no âmbito da pura propaganda do poder.

Esta preocupação de lidar com a aparência, com a ajuda de técnicas próximas do teatro e do espectáculo em geral, existe em numerosos domínios do poder, e em todas as formas de poder político.

Certas encenações, especialmente as "entradas" e "triunfos" (reais, imperiais, pontifícios, presidenciais) serão duradouras. Outras apenas modas passageiras. O surgimento de novas tecnologias (a gravura, a imprensa, a fotografia, o cinema, a televisão e mais recentemente, a Internet) modificaram o grau de controlo que as autoridades detinham sobre a sua própria imagem, oferecendo também novos meios de a encenarem.

A encenação do poder varia segundo a sua natureza e a imagem que o governante procure dar das suas relações com os governados. O poder monárquico ampliou a figura do soberano, o poder republicano procura satisfazer as aspirações igualitárias dos cidadãos. O poder pode desempenhar um papel de proximidade ou de distância, descer à rua ou viver no segredo último dos muros de um palácio, multiplicar as suas aparições ou torná-las deliberadamente raras.

O problema da legitimidade do poder vai igualmente influenciar a sua teatralização. O poder hereditário não tem de se preocupar com convencer sobre a sua legitimação, mas de a provar,4 enquanto que os eleitos passam por uma fase de persuasão (campanha eleitoral) no decurso da qual devem demonstrar as qualidades que os tornam aptos para governar.

Certas encenações pertencerão assim nitidamente a um ou a outro poder, por exemplo a consagração real à monarquia hereditária, a campanha eleitoral aos sistemas eleitorais.

Outras manifestações serão comuns. Pode-se citar por exemplo as cerimónias que marcam o fim da Segunda Guerra Mundial, onde se viu aparecer Churchill na varanda do Palácio de Buckingham na companhia do soberano britânico e família,5 e o general Charles de Gaulle na varanda do Hôtel de Ville.

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