Fichamento: A experiência do sagrado e a instituição da religião
Por: AnnaLuixza • 19/4/2018 • Dissertação • 4.672 Palavras (19 Páginas) • 538 Visualizações
Instituto Federal do Rio de Janeiro
São Gonçalo, 04 de abril de 2018
Alunx: Anna Luiza Santos de Oliveira
Fichamento unidade 8, capítulo 2 ‘’A experiência do sagrado e a instituição da religião’’
A filosofia e as manifestações culturais
A filosofia em si se interessa por todas as manifestações culturais, entre essas, a religião. Com isso, a filosofia ocupa-se também com a crítica das ideologias que são originadas na vida política e que assim se estendem para todas as manifestações da Cultura.
O sagrado
Pode-se definir o sagrado como uma experiência da presença de uma potência ou de uma força sobrenatural que habita (ou possui) algum ser. É simbólica diferença entre os seres, a superioridade de alguns sobre outros gerando então certo ‘’poder’’.
A sacralidade introduz uma ruptura no que é considerado natural e sobrenatural. Assim, sobrenatural a força ou potência para realizar aquilo que os humanos julgam impossível efetuar contando apenas com forças e habilidades humanas: um guerreiro, representando em praticamente todas as culturas, cuja invencibilidade é admirável pelas habilidades humanas é considerado habitado por uma força sagrada.
Todas as culturas possuem certos vocábulos para representar o sagrado como uma força sobrenatural que também está presente no mundo. Portanto podendo causar fé e amor, repulsa e ódio, surgindo outro sentimento que acompanha esses – o temor.
Designa-se então na religião que além da diferença e da ruptura pelo que seria natural e sobrenatural, haja o sentimento entre humano e sagrado.
A religião
A religião (palavra originada do latim) significa vínculo. Um vínculo entre o mundo profano e o sagrado, ou seja, a Natureza (englobando tudo o que vêm dela) e as forças que habitam a Natureza.
‘’Nas várias culturas, essa ligação é simbolizada no momento de fundação de uma
aldeia, vila ou cidade: o guia religioso traça figuras no chão (círculo, quadrado,
triângulo) e repete o mesmo gesto no ar (na direção do céu, ou do mar, ou da
floresta, ou do deserto). Esses dois gestos delimitam um espaço novo, sagrado
(no ar) e consagrado (no solo). Nesse novo espaço ergue-se o santuário (em
latim, templum, templo) e à sua volta os edifícios da nova comunidade.’’(p.380)
Pode-se relacionar essa cerimônia com a que aparece na religião judaica, quando Jeová mostra o lugar onde pretende habitar seu povo – chamado de a Terra Prometida – e o espaço onde o templo deverá ser construído, para nele ser construída a Arca da Aliança. Também no cristianismo a religio é apresentada como um gesto de união.
Através da sacralização, a religião cria uma ideia de espaço sagrado. O espaço da vida comum separa-se do espaço sagrado: onde vivem os deuses, são oferecidos cultos e trazidas oferendas e feitas preces às divindades. A religião qualifica o lugar culturalmente o organizando.
A religião como narrativa da origem
A religião não modifica apenas o espaço pois também está presente no tempo, dando-lhe sua marca.
O tempo sagrado é caracterizado como uma narrativa. Narra assim, a origem das divindades e desuses e pela sua visão, a da Natureza (e de tudo que está presente nela).
A narrativa sagrada é a história sagrada, que os gregos explicavam como mito. Não é uma fantasia, ou uma ilusão, e sim a maneira como toda uma sociedade narra pra si mesma seu começo e de toda a realidade como conhecem e até mesmo o nascimento e começo de seus deuses. Quando surge a Filosofia e depois a Teologia, a razão exigirá que os deuses não possuem começo nem fim, são imortais, eternos.
O contraste entre o dia e a noite, a vida e a morte, a luz e as trevas, entre os humanos – brancos e negros- mostram um mundo regular onde seres humanos nascem, vivem e morrem. A história sagrada conta então como e porque a ordem do mundo existe e porque foi passada para os humanos pelos deuses.
Portanto existem dois espaços, dois tempos – antes da ascensão e criação dos deuses e das coisas – tempo do vazio e do caos – e o tempo imaginário do surgimento de tudo quanto existe – tempo do pleno e da ordem. No tempo sagrado da
Ordem, uma nova divisão: o tempo primitivo (inteiramente divino) quando
tudo foi criado, e o tempo do agora (profano) em que vivem os seres naturais,
incluindo os homens.
Embora a narrativa sagrada seja uma explicação para as ordens naturais e humanas, ela não é levada para o intelecto dos crentes e sim para seus sentimentos despertando emoções.
Pois se dirige ás paixões dos crentes, a religião lhe pede apenas uma coisa: fé e devoção, ou seja, a confiança cega em algo que lhe é manifestado como ação da divindade. Sendo a atitude fundamental da fé a piedade, respeito pelos deuses e pelos seus antepassados. A religião é baseada em crença, não em saber. A tentativa de transformar a religião em algo racional é chamada de teologia.
Rito
A religião consegue ligar humanos e divindade, porque organiza o espaço e o tempo. Os seres humanos então precisam garantir que a ligação e a organização se mantenham e sejam sempre propícias. Para isso são criados os ritos.
O rito é constituído de uma cerimônia em que gestos, palavras e pessoas determinadas adquirem o poder de entrelaçar humanos e divindade. Para agradecer ou suplicar por benefícios e etc. As cerimônias possuem grande variedade entre si.
Uma vez fixada certa simbologia de um ritual, sua eficácia será determinada pela repetição minuciosa e perfeita do rito, exatamente como o que foi praticado na primeira vez, porque se acredita que nela os deuses orientaram gestos e palavras dos humanos. O rito é a tentativa de uma volta ao passado, utilizando-se assim de ações que foram realizadas no passado e assim, encurtar essa distância entre o passado e o presente.
Os objetos simbólicos
Além do espaço e do tempo, a religião também sacraliza seres e objetos, que acabam se tornando símbolos religiosos.
Os objetos e seres simbólicos são retirados de seu lugar de origem e assumem um novo significado para a comunidade – protetor, benfeitor e etc. Esse objeto (ou ser) é admitido como tabu, não podendo ser tocado nem manipulado por ninguém que não esteja religiosamente preparado para tal.
Os tabus são referidos como materiais que são purificados para os deuses, ou a objetos e seres impuros que devem ser afastados dos deuses e dos humanos.
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