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Formação e Engajamento na Fenomenologia do Espírito de Hegel

Por:   •  2/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.981 Palavras (12 Páginas)  •  133 Visualizações

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Formação e Engajamento no Prefácio da Fenomenologia do Espírito de Hegel.

Luiz Henrique Vieira da Silva11 de agosto de 2008

E-MAIL: luizhenriquevieira@yahoo.com.br

Resumo

Resumo: Uma questão controversa existente entre os leitores e crítiR cos da filosofia de Hegel residiria na de saber se ela seria, em toda sua extensão, uma filosofia engajada, se carregaria consigo uma vinculação com o real, ou se caberia no hegelianismo algum espaço para um disc curso especulativo-abstrato descolado do real e da filosofia prática (ética e política). Para tentarmos iluminar de maneira breve esta questão, pare tiremos da reflexão sobre o pensamento, tema fundamental de Hegel, que se encontra no prefácio da Fenomenologia do Espírito.

Palavras chave: pensamento, real, espírito, história, especulativo

Abstract: There are two different ways of giving account of the spirit of Hegels philosophy. Fisrst, there are those who reads the hegelianism as something attached to history and to concrete practical (i. e. political and ethical) questions, as its very core and ultimate sense. Onthe other side there are some readers who find that sense more close to speculative and abstract thougth, or, at least, detached from the practical affairs in its last sense.

To understand more precisely what is the spirit of those readings as regards the hegelian discourse itself, and particularly of the Phenomenor logy of Mind, we will spot down the trail of those options, and of the possible solutions of such a dilemma, following the clues given by the way which Hegel thinks the very concept of thinking.

Keywords: thinking, actuality, mind, history, speculative

I

É preciso investigar seriamente se, em seu todo, o hegelianismo é uma filosofia engajada, ou se, no nal das contas caberia ainda, no interior do hegelianismo, espaço para um discurso puramente especulativo-abstrato entendido este úle timo como algo que deve ser pensado prescindindo-se do real e da filosofia prática

Mestrando em Filosofia na UFPR. Instituição: Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED/PR.

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(ética e política). Para tentar iluminar de maneira breve esta questão, partire( mos da reflexão sobre o pensamento, reconhecidamente um tema fundamental de Hegel, mas o faremos a partir da forma como tal tema se encontra no prefácio da Fenomenologia do Espírito .

O Prefácio, antes de mais nada, insiste sobre a relação indelével entre a conO dição humana e o pesamento ele próprio. Tudo que pertence à condição humana pode ser resumido na possibilidade do reconhecimento, independentemente das diferenças culturais, geográficas, idiomáticas. Deste modo, se o pensamento permite reconhecer os homens por seu traço definitivo, como aquilo que dá a todos o reconhecimento de sua humanidade, será nos momentos em que Hegel examina o conceito de caráter que se apresentará a possibilidade de atribuir à função última do pensamento. Poderemos, então, divisar a resposta ao dilema entre uma filosofia especulativa e uma filosoa prática. Comecemos pelo prine cípio: toda ação humana, segundo prefácio, é também pensamento. Logo, as cidades, as formas de regime político, a religião, a arte, a guerra, a destruição e construção de civilizações, enfim, a cultura em geral, com toda sua história, se efetivam sob a guarda do pensamento.

Todavia, até então a palavra pensamento alcança um significado ainda muito vago, o que coloca certos problemas. O Primeiro deles pode ser o seguinte: como explicitar o trabalho do pensamento, pelo contraste com o que dele escapa, se sua ausência é o não pensamento? Esta explicitação, factualmente, se dá nos mitos, nas formas antigas de poesia, no modo como se constroem as cidades e suas leis. Factualmente esta dada, como jogo interno do pensamento e de seu objeto, a constante construção da cultura, na qual se confundem e se ramificam as várias ciências particulares diferentes até os nossos dias formando a chamada consciência histórica (historisch) do homem ou de nossa humanidade.

O grande problema é que o homem no desenvolvimento de sua cultura (do pensamento portanto) secreta apenas a aparência de sua condição, uma vez fixap das as explicações incompletas, unilaterais do processo de formação da cultura. Em resumo, as ciências do finito envolvem algum desacordo com o pensamento, que nada mais é que sua própria aparência externa, seu ser-aí, exteriorizado já na forma de um mundo (inclusive o o social), sua casa. Tudo isso fará com que Hegel desenvolva uma filosofia que pretende mostrar o pensamento no seu desenvolvimento histórico (geschichtliche), criticando de maneira ácida o pen) samento finito, de uma forma homóloga à crítica da razão, tendo como escopo, tanto quanto aquela, o próprio desenvolvimento da filosofia moderna como um todo. Todavia, diferentemente da crítica de uma razão teórica, o resultado desse esforço vai em direção à razão que se tornará ação, o espírito que transforma o mundo e, por isso, vincula-se ao real tornando-se efetivo.

A formação (Bildung) de cada cultura reside nesta efetividade. Deste modo, para Hegel, a formação alcançada pela filosofia coincide, e de certa forma rep flete, a formação da consciência de cada época. Logo, quando o pensamento se apropria da filosofia, ao mesmo tempo herda e é formado em um saber efetivo, no qual exprime a consciência de seu tempo, se engaja nele, age no mundo. Quando o filósofo pensa a sua ciência, a sua sociedade e seu estado, não está apenas abstraindo, está também agindo e, por isso, sendo formado e formando.

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Este processo de formação histórica e cultural do pensamento é que o faz ação, isto é, o espírito que plasma sua época e forma seus pensadores, Mostraremos adiante como este movimento do pensamento é descrito por Hegel principala mente a partir do parágrafo trinta e dois do prefácio à Fenomenologia do Esm pírito de Hegel resultando numa concepção de formação que obriga o filósofo a ser engajado mesmo quando pensa no absoluto, pois o absoluto é o real ou o real é o absoluto, ou , seguindo o mote que Hegel apresenta posteriormente, nos Princípios da Filosofia do Direito: o Racional é Real e o Real é Racional.

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