IMPIRISMO - O PERFUME

O livro Perfume - História de um Assassino narra a história de Jean-Baptiste Grenouille, nascido em Paris, filho de uma peixeira que foi condenada à morte por decapitação após dar à luz, presa pelo fato de abandonar o recém-nascido no meio do lixo da banca de peixe, confessando que apenas havia feito igual com os outros filhos, deixando Jean para morrer.

O bebê é entregue a várias amas que optam por não ficar com ele por conta de um único motivo: Jean não tem cheiro e isso era visto como um sinal do mal, uma vez que era uma época de muita superstição, tal criança sem cheiro tornava-se digna de medo.

Após passar pelos “cuidados” de inúmeras amas, Greonouille chega a Jeanne Bussie, que cuida do menino por um tempo porém decide entregá-lo de volta ao padre Terrier, que novamente o entrega a outra pessoa, desta vez a Madame Gaillard, uma jovem viúva que em sua infância tinha sido vítima de uma pancada de um atiçador na fronte, oriunda do próprio pai. Tal pancada, por atingir a parte do começo do nariz, fez com que a jovem perdesse o olfato para sempre e se tornasse uma pessoa amarga, desprovida de alegria, porém justa.

Como Madame Gaillard não tinha olfato, não sabia que Jean-Baptiste não possuía odor algum e o acolheu, juntamente a outras crianças que o temiam por não ter cheiro.

E foi lá mesmo, na pensão, que Grenouille descobriu seu dom de conseguir “cheirar” a todos, sentir todos os odores do mundo, conseguia memorizá-los, criando dentro de si um local especial para guardar as memórias de todos os odores que tinha contato, de modo a criar seu próprio mundo, um mundo baseado em suas experiências. Daí que vem a relação com Locke, o defensor do empirismo. Segundo ele, a busca do conhecimento vem apenas ou principalmente, a partir da experiência sensorial. E Jean tem seu conhecimento e suas percepções alcançados através de seus sentidos, ou seja, sua mediação com a realidade é dada pelo olfato.