NOVA ATLÂNTIDA: A utopia de Francis Bacon
Por: Jeferson Reis • 20/9/2016 • Artigo • 2.177 Palavras (9 Páginas) • 2.576 Visualizações
NOVA ATLÂNTIDA: a utopia de Francis Bacon[1]
Jeferson de Moraes Reis[2]
RESUMO
Apresenta uma análise acerca da obra Nova Atlântida[3] de Francis Bacon, bem como de seus principais pontos. Nova Atlântida, assim como a Utopia de Thomas More, é o nome dado a uma ilha que se encontra quase inacessível no meio do oceano, poucos conseguem a ela chegar e, se chegam, é por conta de algum acidente que os deixam perdidos no mar nas proximidades da ilha. O que mais importa em Nova Atlântida, onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por ideias de caráter científico, é o bem-estar dos homens, até mesmo dos estrangeiros, estes são tratados da melhor forma possível e a eles é dada a assistência que precisarem.
Palavras-chave: Nova Atlântida. Francis Bacon. Utopia baconiana.
1 INTRODUÇÃO
Autor de Nova Atlântida e várias outras obras, Francis Bacon foi um importante filósofo inglês dos séculos XVI e XVII. Foi também político, estadista e ensaísta. É considerado um dos fundadores da Ciência Moderna e “o primeiro dos modernos e o último dos antigos”. Nasceu no dia 22 de janeiro de 1561, em Londres, Inglaterra; seus pais eram Sir Nicholas Bacon e Anna Cook. Como filósofo, Bacon foi muito importante na defesa do uso do método científico (empirismo). Defendia que a obtenção dos fatos verdadeiros se dava através da observação e experimentação. Francis Bacon morreu na cidade de Londres (Inglaterra) em 9 de abril de 1626.
Em Nova Atlântida, uma ilha desconhecida pelo mundo chamada primeiramente de Bensalem, um grupo composto por cinquenta tripulantes de uma embarcação que deixara o Peru parte, através do Oceano Pacífico, em direção ao Japão e à China. Para sua sobrevivência, este grupo veleja com provisões para cerca de um ano; avançando para vasto oceano, a viagem se mantem tranquila por aproximadamente cinco meses até que ventos fortes e perigosos arrastam seu navio para um lugar totalmente desconhecido.
Neste momento a esperança dos tripulantes já está perdida, pensam eles até que é chegada a hora de sua morte. Logo após um período perdidos e sendo arrastados pelos ventos, avistam ao longe uma ilha e nela aportam. Sua missão agora é descobrir o que acontece com a população que ali habita.
2 LOCALIZAÇÃO DA ILHA
Não se tem uma localização exata da ilha de Nova Atlântida. O que se sabe sobre o assunto é que a mesma pode estar localizada no Pacífico Sul, tendo em vista que é esta a localização que Bacon nos apresenta no decorrer de sua narrativa. Muitos acreditam que esta ilha é inspirada por aquela que nos apresentou Platão[4] em suas obras "Timeu ou a Natureza" e "Crítias ou a Atlântida" (Figura 1).
[pic 1]
Figura 1: Nova ilha encontrada no oceano após a erupção de um vulcão, Nova Atlântida?. Imagem ilustrativa.
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-OTFCa34f57s/VRuYQa2J6ZI/AAAAAAAA9tQ/Apt6O48IWSI/s1600/larger-15-NATURE-VOLCANO-erupt-Tonga1.jpg, acesso em 02/05/2015 as 14h13min.
Tendo em vista que a ilha de Nova Atlântida é uma Utopia e, portanto, não existe, têm-se várias teorias que visam nos revelar a sua localização exata, mas nenhuma delas pode afirmar com toda certeza que realmente a ilha exista.
3 OS HABITANTES DA ILHA
Bacon, no decorrer da narrativa, aponta que a embarcação e seus tripulantes sobreviveram e conseguiram aportar em uma cidade de uma terra que aparentemente é vasta em bosques. Ao chagar na encosta, contemplam ao longe um grupo de pessoas que acenam e sinalizam algo que eles entendem como uma proibição para desembarcar; depois de certo tempo, estas pessoas vão em direção ao navio e um como líder, aconselha-os a não descerem e que imediatamente voltem de onde vieram.
Nas mãos do mensageiro está uma carta com a proibição, timbrada e selada com um emblema da imagem de dois querubins que junto de suas asas encurvadas observa-se uma cruz, o que conforta o coração de todos, pois a partir daí sentem-se seguros por estarem com um povo cristão. Muitos durante a viagem ficaram gravemente doentes e precisavam de cuidados especiais, isto os levou a pedirem abrigo no local para tratarem dos doentes e consertarem a embarcação para assim voltarem a suas terras.
Passadas cerca de três horas após o envio de seu pedido, apareceu-lhes um homem de aspecto venerável e mandou que um deles fosse mais perto para assim lhe responder algo. Como mostra Bacon, o diálogo entre eles se deu da seguinte maneira:
“Se todos vós jurardes pelos méritos do Salvador que não sois piratas nem derramastes sangue, legal ou ilegalmente, durante os últimos quarenta dias, podereis ter permissão para vir a terra”. [...] “Estamos prontos a prestar o juramento”. (BACON, 1979. p. 239).
Estas são as falas do representante de Nova Atlântida e de um dos tripulantes do navio. Aquele pede a este que jure que não são de má índole e, prontamente, este jura que não o são. Após este episódio, a eles é permitido que entrassem na ilha, como forma de agradecimento, eles se dispõem a trabalhar no que for preciso dentro da ilha.
4 O NASCIMENTO DA RELIGIÃO EM NOVA ATLÂNTIDA
O povo de Bensalem é um povo religioso e que guarda sua fé. O sacerdote e governador da ilha é quem conta como aquele povo foi evangelizado e quem foi o apóstolo daquela nação, conta ele:
Cerca de vinte anos depois da ascensão de nosso Salvador, aconteceu ser visto pelo povo de Refusa, durante a noite, a algumas milhas mar adentro, um grande pilar de luz, não facetado, mas em forma de uma coluna ou cilindro, formando um grande caminho, nascendo do mar em direção aos céus; e no alto resplandecia uma grande cruz, mais brilhante e fulgurante que o corpo do pilar; [...] ao chegar perto, o pilar e a cruz luminosa se desfez [...] e nada ficou para ser visto, a não ser uma pequena arca ou cofre de cedro, seca, sem qualquer sinal de umidade, apesar de flutuar sobre as águas; [...] abriu-se por si só, e nela foram encontrados um livro e uma carta. (BACON, 1979. p. 246).
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