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Negacionismo, Ceticismo e Métodos Científicos

Por:   •  27/12/2023  •  Trabalho acadêmico  •  2.899 Palavras (12 Páginas)  •  60 Visualizações

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Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia da Bahia – Campus Camaçari.

Docente: Nadson Silva dos Santos.

Discentes: Caio Santana e Endy Caetano.

NEGACIONISMO, CETICISMO E MÉTODOS CIENTÍFICOS

Na segunda metade do século XVI, um filósofo e teólogo perturbou a estabilidade da grande elite de pensamentos da época (que era Igreja). Esta pessoa era Giordano Bruno, que dentre as suas diversas ideias, as principais eram que o modelo Heliocêntrico de Nicolau Copérnico estaria correto, de que não estamos no centro do universo, e há vida em outros mundos. Não demorou muito para que Giordano fosse queimado vivo pelo crime de heresia. Giordano Bruno vivia numa época onde havia mísera liberdade de expressão, e a Igreja era um componente ativo do Estado, portanto, ao contestar os ideais sagrados, ele também estava, de certa forma, ameaçando a estabilidade governamental, tendo assim a “justa causa” para ser morto preparada. As consequências do sufocamento de outras perspectivas da realidade e sua possível análise são anti-científicas e inumanas (pessoas morrem por razão do sufocamento do questionamento) e definitivamente devem ser combatidas.

No caso de Bruno, o negacionismo, que se sustenta a partir de falsas verdades, preferindo rejeitar ou omitir algum fato, comprovação ou hipótese para fortalecer grupos ideológicos, se faz fortemente presente, pois a igreja negou seu posicionamento para manter-se na posição de detentora da verdade. Além disso, ao condenar o filósofo à morte pelos seus ideais, pode-se introduzir o termo necropolítica, onde os Estados (e a Igreja, já que na época eram unificados) adotam em suas estruturas internas o uso do poder político e social por meio da força, gerando condições de risco para alguns grupos ou setores da sociedade em contextos de desigualdade, zonas de exclusão e violência, condições de vida precárias, etc.

O negacionismo não afetou apenas o passado, ele atualmente está tornando-se um movimento com bastante força. Existem atualmente grandes correntes negacionistas, como a que promove a terra plana, ou a que nega o holocausto, aquecimento global, eficácia das vacinas, e claro, a existência do Sars-CoV-19. O ato de "ser do contra", de acordo com Freud, vem como uma reação da pessoa diante tal conteúdo que ameaça a sua estabilidade, podendo ser utilizado como exemplo, a primeira fase do luto, onde o sujeito não aceita que alguém morreu para tentar fugir desse fato inconveniente. Negar, questionar e ser cético é humano, e o próprio exercício da ciência e da filosofia se baseia nesses conceitos — foi assim que diversos cientistas e matemáticos questionaram o ramo da própria ciência e do próprio conhecimento e descobriram que, na verdade, as órbitas planetárias não eram exclusivamente circulares e que o sistema espacial não era geocêntrico, por exemplo —. A diferença entre ceticismo e negacionismo é que ser cético envolve questionar e negar com consciência e lógica, procurando encontrar a verdade e estar aberto para novas evidências. No negacionismo, um grupo de pessoas utiliza da negação, ignorância das pessoas e influência social — como aqueles "especialistas médicos" charlatães que falavam mal do uso das vacinas — para disseminar mentiras, e as pessoas são levadas e influenciadas cegamente por outras e não pensam sobre todas as faces de si ou todas as faces do que acredita, como define a heteronomia kantiana. A ocorrência do caso da farmacêutica citada no texto pelo autor, que questiona a veracidade dos testes de segurança das vacinas para Sars-CoV-19, cientificamente, não é condenável ou impraticável: na verdade, ela supostamente estava fazendo o exercício do ceticismo através de alguma desconfiança ou possível discrepância — não é possível saber o que se passou pela cabeça da farmacêutica e qual a lógica usada por ela para duvidar da segurança das vacinas, mas pode ter sido, por exemplo, pelo fato de que pouquíssimas foram as drogas aprovadas em fases de teste tão rapidamente quanto as das vacinas da Covid-19  —.

Outra grande consequência é que toda uma sociedade pode ser lesada pela atitude de um minoria negacionista ou de um representante executivo de um governo, como quando um militante antivacina infecta outras pessoas vacinadas ou ainda não vacinadas; ou como quando as potências tecnológicas que fornecem, iniciam e vendem tecnologia e ciência à outros países pobres ou emergentes acabam sendo prejudicadas, podendo fazer sanções econômicas ou isolar um país de conversas e negociações imprescindíveis para o futuro do mundo e de sua economia, como com o Excelentíssimo Presidente Jair Messias Bolsonaro na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP26) e na 76ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas de 2021.

O negacionismo pode ser combatido entendendo seu funcionamento, pois ele se baseia em 5 coisas: falsos especialistas, falácias lógicas, expectativas impossíveis, seletividade de argumentos sem contexto e teorias das conspiração. Sabendo disso, pode-se afirmar que no argumento “a falta de segurança nas vacinas contra o covid é um importante problema, pois não apresentam 100% de eficácia e seus efeitos colaterais e riscos são incalculáveis" é presente características negacionistas de maneira sorrateira e persuasivas, querendo colocar o leitor contra as vacinas. É imprescindível que antes de aceitar um argumento como verídico ou não, o leitor disponha de uma análise crítica, e claro, de pesquisar em outras fontes, caso não tenha conhecimento na área abordada.

Podemos não só através da repreensão pública e coletiva de ações governamentais anti-científicas e exterminadoras — que englobam, por exemplo, as ações de corte de fundos para educação, pesquisa e Filosofia e Sociologia nas instituições educacionais; a negação de pesquisas e estatísticas ambientais; e o atraso no fornecimento de vacinas — combater o negacionismo e a necropolítica, mas também através da educação: ela faz-se primordial para o desenvolvimento de um cidadão histórico-crítico, que buscaria de uma maneira mais científica a autenticidade dos fatos apresentados. Tal educação, como combate ao negacionismo, poderia acontecer através do fornecimento e do incentivo de projetos científicos, estatísticos e de pesquisa  nas escolas estaduais (onde se concentram a maior parte dos estudantes) voltados para soluções dos problemas da comunidade, a fim de aproximar a ciência da juventude e fazer com que toda a comunidade, incluindo a parte mais velha e não tão bem escolarizada (que geralmente costuma performar o papel de negacionista científico), entenda a importância da ciência observando na prática em quais aspectos ela pode beneficiar a sociedade.

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