O CRESCIMENTO DOS SERES HUMANOS
Casos: O CRESCIMENTO DOS SERES HUMANOS. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 7/9/2014 • 1.196 Palavras (5 Páginas) • 514 Visualizações
Nossa tendência quando pensamos a respeito do crescimento humano, é imediatamente relacionarmos este crescimento com aspectos físicos, emocionais, espirituais ou artísticos e esse ‘crescimento’ no aspecto ético e moral, para ser alcançado, resulta de uma caminhada de esforço, disciplina e por muitas vezes dor. Com Bilbo, o Hobbit, não foi diferente.
Esse desenvolvimento moral é gradual, à medida em que ele aprende com suas aventuras, coisas novas, sensações novas e experimenta através de um caminho mais comum e duradouro, por meio de hábito e treinamento, o crescimento moral, como ressalta Aristóteles (284-322 a.C.) ser a virtude um hábito, um padrão enraizado de resposta moral.
O texto proposto, nos conduz a uma análise a respeito de Bilbo, um Hobbit aparentemente como todos os outros: perfeitamente adaptado à sua ‘zona de conforto’, ao seu mundo, ao seu conforto e avesso à tudo o que possa ameaçar e colocar em risco essa sua condição. E por acaso, não é assim que acontece com todos nós? Sair da toca e olhar para fora, enxergando um mundo novo com seus desafios, perigos, armadilhas, privações, dores pode nos custar um preço, mas certamente nos gerará um prêmio interligado ao crescimento e desenvolvimento do potencial humano. Impossível permanecermos os mesmos.
A natureza de Bilbo era assim, como geralmente os Hobbtis são: amante da paz e da tranquilidade, presos à terra, sem sonhos com guerras e conquistas, viagens e aventuras e com a tendência a considerar ‘estranho e esquisito’ todos os que por algum motivo também estranho, sinta uma estranha vontade de embarcar em aventuras ou fazer coisas fora do comum. Essa, era a ‘parte Bolseiro’ do nosso amigo, Bilbo. Mas, em algum lugar dentro dele, repousava uma outra parte inquieta, ávida por novos conhecimentos e experiências, aventuras e emoções, até então adormecida e sufocada pela outra. Trata-se da ‘parte Tûk’, que começa a surgir com frequência e gerando dessa forma, um conflito permanente.
Se formos abordar a questão sob o aspecto filosófico, teremos que entender que esse crescimento moral e intelectual de Bilbo o remete a um crescimento tanto em sabedoria quanto em virtude, resultado de suas aventuras, novas experiências e novas formas de analisar e reagir frente à várias situações da vida. O termo ‘filosofia’ significa ‘amor pela sabedoria’, que possui inúmeros conceitos filosóficos e religiosos, porém, no final das contas, acaba significando uma profunda compreensão sobre a vida, que é claro, acontece gradativamente, de degrau em degrau.
Assim como no caso de Bilbo, acontece conosco da mesma forma. De acordo com os filósofos, as experiências desafiadoras pelas quais passamos, podem nos tornar mais sábios, aprofundando a nossa compreensão sobre nós mesmos e ampliando nossas experiências. O texto cita Sócrates, esclarecendo que o primeiro passo para a sabedoria é reconhecermos o pouco que sabemos, então, conhecendo-nos a nós mesmos, através de um auto exame e isso requer coragem.
Esse processo de autocompreensão de Bilbo ocorre lentamente. No início, nos deparamos com um Bilbo medroso, reagindo em pânico frente às previsões de perigo de Thorin. Mesmo lentamente, através de privações, fome, sono, perigos e solidão a Montanha Solitária, sua autoconfiança surge, começa a se desenvolver e ele se surpreende com um espírito de liderança que se desenha, e isso é muito bom. Bilbo agora, começa a identificar e a compreender a dualidade de sua constituição e começa através do autoconhecimento, compreender que a vida é bem mais que uma cama quente, uma comida saborosa ou a sensasão confortável e agradável de seu cachimbo. Mesmos assim, o que faz praticamente tudo isso valer à pena, é que ele permanece sendo o Bilbo, se autodefinindo como ‘apenas uma pessoazinha neste mundo enorme’.
Agora sim, nos deparamos com o Hobbit Bilbo mais sábio, maduro, com olhos abertos para tudo, com um leque de experiências aberto. Na verdade, ‘existir’ é ou não é, uma aventura magnífica?
Bilbo percebe que a vida não se resume à sua antiga rotina e nem mesmo o mundo, se resume ao seu Condado. Fica extremamente claro que existem valores mais elevados e que com o autruísmo, heroísmo e autosacrifício, ele pode experimentar sabedoria e da beleza. Outros já haviam percebido, mas agora é o próprio Bilbo que percebe: ele já não é mais o velho e bom Hobbit que se satisfazia com o pouco quente e seguro, restrito ao Condado, sua casa, sua vida. Ele não é mais o mesmo hobbit. Ele agora, é um hobbit sábio.
O crescimento de Bilbo ultrapassa o campo intelectual e avança para a virtude e a ética, resultado de suas aventuras, passando a ser forjado com coragem, engenhosidade, resistência, autocontrole e independente. Um fato que sugere seu crescimento no campo da compassividade, foi ter poupar a vida de Golum e recolocar a chave no cinto do guarda adormecido. Características de um ser elaborado, transformado, forjado à fogo.
Assim como Bilbo, somos nós. Por muitas vezes, nos deparamos com situações conflitantes e traumáticas em nossas vidas que nos leva a um processo de transformação moral e ética. Quando vivenciamos esses momentos, avaliamos ou reavaliamos a nossa vida e decidimos mudar o rumo da história, nos desapegando ao que antes possuía grande valor e agora, percebemos que não tem. Agarrando-nos ao que realmente importa, normalmente, etéreo.
De acordo com o texto proposto, só somos corajosos de verdade se tivermos uma tendência ou disposição para agirmos de forma ousada em apoio a valores que sejam importantes, mesmo que estejamos correndo riscos na esfera pessoal.
O filósofo George Sheehan fala a respeito da corrida como sendo um caminho para a maturidade, um processo de crescimento. Buscamos a formação de bons hábitos, testando nossos limites e alcançando assim, a excelência e esse ato de desenvolver bons hábitos, é trabalhoso, depende de muito esforço e foco, determinação, assim como acontece com Bilbo.
Finalmente, o pacífico Hobbit sai da sua ‘caixa’ e percebe que há um mundo lá fora e que essa incursão não é tão dolorosa a ponto de destruí-lo e sim, poderosa a ponto de torná-lo mais forte e vivo. Essas experiências modificam o nosso Hobbit, tornando essas mudanças não passageiras, mas permanentes. Bilbo agora está de prontidão. Ainda se sente bem com o conforto e todo o aparato do Condado, mas sabe que seu espírito está pronto para partir para novos conhecimentos e que o inesperado, não é mais uma perigo mortal que o faça tremer, mas a possibilidade de torná-lo mais alto, forte e vitorioso, crescendo e quebrando paradigmas.
O poderoso guerreiro Boromir, de Gondor, se surpreende: Bilbo está pronto. Bilbo não mais caminha pelo censo comum, mas entende a graça e o encanto do caminho menos usual de sua composição: o caminho de Tûk, fazendo assim toda a diferença para a sua existência.
Para os outros hobbits, Bilbo poderia ser um louco, estranho, desajustado. Para o próprio Bilbo e para a sua nova existência, valeu à pena: teve uma vida longa e extraordinariamente feliz, sabendo que quando a aventura o chamar, ele pegaria o seu cajado e iria rumo ao crescimento e superação.
Como sabiamente diz Theodore Roosevelt:
“Muito melhor é se atrevera coisas grandes, é obter dos triunfos gloriosos, mesmo que marcadas pelo fracasso, do que se alinhar com aqueles pobres de espíritos que nem desfrutam muito nem sofrem muito, porque vivem no crepúsculo cinzento que não conhece vitória nem derrota”.
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