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O Conceito de transferência

Por:   •  13/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.051 Palavras (9 Páginas)  •  168 Visualizações

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Universidade de Brasília - Faculdade de Educação                                             Departamento de Teoria e Fundamentos - TEF –
Psicologia da Educação
   
Professora: Marly  
Alunas:
Jennifer Oliveira – 160009405
Maria Esther da Costa Alexandre – 1601336318
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O CONCEITO DE TRANSFERÊNCIA

    A palavra transferência, em seu conceito tradicional (transferir), tem como significado transferir de um local para outro, por exemplo: A aula de psicologia foi transferida para outra sala, nessa situação é claramente entendível que o sentido foi trocado de lugar. Outro conceito também usual para a mesma palavra consiste em despachar para outra parte, remover e levar a outro local, por exemplo: O prisioneiro foi transferido da prisão, note que nesse conceito houve não apenas uma transferência de sentido, como na aula de psicologia supracitada, mas houve também mudança no sentido na qual o prisioneiro foi removido, ou seja existe algo que não permite que ele esteja naquela prisão, houve uma mudança no julgamento, é ele, agora, prisioneiro de outro local. Trabalharemos principalmente com o primeiro conceito para tentar vislumbrar e entender o conceito da transferência usada por Freud.

      Freud também elabora um conceito para transferência que será utilizado em suas análises psicanalíticas, para Freud:

As transferências são reedições de pulsões, reações e fantasias que, durante o avanço da análise, costumam despertar-se e torna-se conscientes, mas com a característica de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra maneira: toda uma serie de experiências psíquicas prévias é revivida, não como algo do passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do médico. Algumas são simples reimpressões, reedições inalteradas. Outras se fazem mais arte: passam por uma moderação do seu conteúdo, uma sublimação. São, por tanto, edições revistas, e não mais reimpressões. (FREUD, 1969. v. 7, p. 109-19)

        Dessa forma torna-se visível que a transferência para Freud se trata de um processo no qual coisas do passado, antes situadas no inconsciente, tornam-se conscientes e vem a tona. Observe que tais coisas podem vir à tona igualmente como no passado, as chamadas “simples reedições”, nas quais os acontecimentos apenas retornam sem alterações em seu sentido, comparamos as simples reedições com o conceito de transferência exemplificado pela aula de psicologia, pois a aula, acontecerá da mesma forma, apenas em um local diferente. O fato a ser revivido, na transferência por Freud, acontecerá da mesma forma, porém em outro tempo, com outra pessoa, é apenas uma reimpressão do acontecido.

       Observando agora o exemplo do presidiário, é viável aproximar das reedições que acontecem com mais arte, existe uma mudança em seu sentido, uma alteração. Vejamos, para que o preso fosse transferido para outra prisão, algo precisou mudar, e mais, ele não viveria da mesma forma, o jeito com que seria tratado mudaria, diversos fatores serão diferentes, pois houve uma mudança de sentido nessa prisão. Semelhante a isso são as transferências que acontecem com alterações nos sentidos, passam por processos que as incrementam. Não são apenas reimpressões, mas são como releituras, ou seja, são baseadas em um mesmo sentido, mas agora trazem novas marcas que as diferem do acontecimento passado.

      Trazendo para exemplos mais usuais peço se recorde de algum momento em que conheceu uma nova pessoa, pessoa essa que nunca havia visto antes, mas assim que olhou para seu rosto teve o seguinte pensamento: “Não vou com a cara dessa pessoa”, ou usou a seguinte expressão popular: “Meu santo não bateu com o dela”. Ouso dizer, com apoio de Freud, que o correto seria dizer “Meu inconsciente não bateu com o dela”. Em momentos como esse, nosso inconsciente transfere alguma lembrança do passado, impulsionada pelo rosto dessa nova pessoa, que vem ao consciente nos fazendo sentir aversão aquela pessoa sem poder dar uma maior explicação para tal.

     

A TRANSFERÊNCIA NA EDUCAÇÃO

       O conceito criado por Freud é utilizado em análises psicanalíticas, porém, o consultório não é o único local onde tal conceito tem abrigo. O processo de transferência foi, mais tarde, acolhido por estudiosos que visam encontrar significado para tal dentro da sala de aula, dentro da educação.

      A transferência ocorre inicialmente no inconsciente da criança, que ao chegar na escola, transfere o papel dos pais, ao professor, essa transferência pode tanto ser positiva, quando a criança tem boas vivências e impressões de seus pais, ou negativa. Negativamente, essa criança pode passar a esperar do professor o que inicialmente seria esperado dos pais, sendo assim aluno excessivamente carente de afeto, atenção e etc. ou seja, a criança transfere o que era vivido com os pais, e foi guardado em seu inconsciente, para a imagem de autoridade apresentada pelo professor.

    Por outro lado, a transferência pode ocorrer também no professor, que é regido por experiências, determinações e pode inconscientemente transferi-las as crianças. O que o professor geralmente transfere ao aluno é uma visão, um estilo, uma apropriação de conteúdo, é como o professor se relaciona com o tema. O cuidado deve existir em permitir que o aluno crie seu estilo próprio, certamente influenciado pelo primeiro contato com o conteúdo, mas não igual. Inclusive é dessa forma que a cultura é enriquecida e feita diferente a cada dia, pois cada pessoa que tem contato, imprime nela sua marca.

    A importância do estudo da transferência pelos professores tem, então, suma importância para sua formação, visando que certamente encontrará alunos que terão seu inconsciente vindo à tona em alguns momentos. É imprescindível que o professor saiba que o aprender está absolutamente ligado com o desejo do outro. Devido a isso temos muitos relatos, inclusive contidos em nossas entrevistas, que os alunos dizem preferir matérias que tem professores legais, ou seja, foi transferido para matéria a importância do professor, outros dizem: “Eu só aprendo com um professor específico. ” É possível que essa fala esteja imbuída em transferência, pois o aluno transfere seu processo de aprendizagem ao professor, talvez por que em uma ocasião anterior, o aluno tenha aprendido algo com esse professor, e por um processo inconsciente o aluno transferiu seu processo de aprender àquele professor.

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