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O Existencialismo é um Humanismo

Por:   •  27/3/2016  •  Projeto de pesquisa  •  694 Palavras (3 Páginas)  •  296 Visualizações

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Existencialismo é um humanismo

Começaremos explicando uma série de críticas feitas ao existencialismo.

Em primeiro lugar, acusaram-no de incitar as pessoas a permanecerem no imobilismo do desespero, logo, a ação seria totalmente impossível neste mundo; tal consideração desembocaria numa filosofia contemplativa ou luxuosa. São estas as críticas dos comunistas.

Por outro lado, o acusaram de negligenciar o lado luminoso da natureza humana. Uns e outros o acusam de haver negado a solidariedade humana, de considerar que o homem vive isolado; segundo os comunistas, isso se deve, em grande parte, ao fato deles partirem da pura subjetividade – gostos particulares de cada ser.

Na perspectiva cristã, os existencialistas são acusados de negar a realidade e a seriedade dos empreendimentos humanos já que cada qual pode fazer o que quiser, sendo incapaz, a partir de seu ponto de vista de condenar os pontos de vistas e os atos alheios. A crítica básica que fazem a eles é de enfatizar o lado negativo da vida humana, a tal ponto que Sartre se pergunta se as pessoas não o censuram, não tanto pelo seu pessimismo, mas, justamente pelo seu otimismo. Será que o que amedronta nessa doutrina é o fato de que ela deixa uma possibilidade de escolha para o homem? Mas afinal, o que é o existencialismo?

O que torna as coisas complicadas é a existência de dois tipos de existencialistas: os cristãos e os ateus.

O existencialismo cristão afirma que a essência precede a existência. Como, por exemplo, em uma indústria, é necessário estipular a finalidade do objeto antes de produzi-lo. Logo, primeiro criam a sua essência e depois ele passa a existir. Ao concebermos um Deus criador, admitimos que ele sabe precisamente o que está criando. O homem possui uma natureza humana, e essa natureza pode ser encontrada em todos os homens. Em Kant, resulta de tal universalidade que o homem da selva, o homem da natureza, tal como o burguês, devem encaixar-se na mesma definição, já que possuem as mesmas características básicas.

O existencialismo ateu que Sartre representa, afirma que, se Deus não existe, a pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem. Em primeira instância o home existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. De acordo com o existencialismo o homem, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, ao dizer que o homem é responsável por si mesmo, querem dizer também que ele é responsável por todos os homens. Ao afirmar que o homem se escolhe, afirma-se também que ele escolhe a todos. Numa dimensão mais individual, se quero casar-me, escolhendo o casamento estou engajando não apenas a mim mesmo, mas toda a humanidade, na trilha da monogamia. Por outras palavras: escolhendo-me, escolho o homem.

Tudo isso permite-nos compreender as palavras angústia, desamparo e desespero. Primeiramente, o existencialista declara que o homem é angústia, ou seja, se engaja e se da conta de que ele não é apenas que escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira. Desse modo, não consegue escapar do sentimento de sua total e profunda responsabilidade. Tudo se passa como se a humanidade inteira estivesse de olhos fixos em cada homem e se regrasse por suas ações. E cada homem deve perguntar a si próprio: sou eu, realmente, aquele que tem o direito de agir de tal forma que os meus atos sirvam de norma para toda a humanidade? E, se ele não fizer a si mesmo esta pergunta, é porque estará mascarando sua angústia. Não se trata de uma angústia que conduz ao quietismo, à inação. É a própria angustia que constitui a condição de sua ação.

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