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O Fichamento Psicanálise Existencial

Por:   •  26/9/2022  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.539 Palavras (7 Páginas)  •  90 Visualizações

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Psicanálise Existencial Notas

  • “Se é verdade que a realidade humana, como temos tentado estabelecer, se anuncia e se define pelos fins que persegue, faz-se indispensável um estudo e classificação desses fins” (p. 682).
  • “A psicologia de Flaubert irá consistir em concentrar, se possível, a complexidade de suas condutas, sentimentos e gostos em algumas propriedades [...] e além das quais seria uma tolice querer remontar-se” (p. 686).
  • Ser é unificar-se no mundo; unidade de responsabilidade; pessoal:
  • “Esta unidade, que é o ser do homem considerado” é livre unificação. E a unificação não pode surgir depois de uma diversidade que ela unifica” (p. 687).
  • “A unificação irredutível que devemos encontrar [...] é, portanto, a unificação de um projeto original” (p. 687).
  • “Não se trará aqui de buscar um abstrato detrás do concreto [...]. Pelo contrário, trata-se de recobrar, sob aspectos parciais e incompletos do sujeito, a verdadeira concretude, a qual só pode consistir na totalidade de seu impulso rumo ao ser e de sua relação original consigo mesmo, com o mundo e com o Outro, na unidade de relações internas e de um projeto fundamental” (p. 689).
  • Impulso é individual e único.
  • “[...] descobrir a pessoa no projeto inicial que a constitui” (p. 689).
  • “[...] em cada inclinação, em cada tendência, a pessoa se expressa integralmente, embora segundo uma perspectiva diferente [...]” (p. 690).
  • “[...] devemos descobrir em cada tendência, em cada conduta do sujeito, uma significação que a transcenda” (p. 690).
  • Projeto:
  • “[...] esse projeto mesmo, enquanto totalidade de meu ser, exprime minha escolha original em circunstâncias particulares; não passa da escolha de mim mesmo como totalidade dessas circunstâncias” (p. 690).
  • Justificativa do Método:
  • “É por isso que um método especial deve ter por objetivo destacar esta significação fundamental que o projeto comporta e que não poderia ser senão o segredo individual de seu ser-no-mundo. Portando, é sobretudo por uma comparação entre as diversas tendências empíricas de um sujeito que iremos tentar descobrir e destacar o projeto fundamental comum a todas [...] em cada uma delas acha-se a pessoa em sua inteireza” (p. 690).
  • Psicanálise Existencial:
  • Princípio – “[...] o homem é uma totalidade e não uma coleção; [...] ele se exprime inteiro na mais insignificante e mais superficial das condutas [...] não há um só gosto, um só tique, um único gesto humano que não seja relevador” (p. 696).
  • Objetivo – “[...] decifrar os comportamentos empíricos do homem, ou seja, clarificar ao máximo as revelações que cada homem contém e determiná-las conceitualmente” (p. 696).
  • Ponto de Partida – Experiência.
  • Ponto de Apoio
  • “[...] a compreensão pré-ontológica e fundamental que o homem tem da pessoa humana” (p. 696).
  • “[...] cada pessoa humana não deixa de possuir a priori o sentido do valor revelador de suas manifestações, nem de ser capaz de decifrá-las” (p. 696).
  • “[...] o trabalho essencial é uma hermenêutica, ou seja, uma decifração, uma determinação e uma conceituação” (p. 696).
  • Método Comparativo
  • “[...] cada conduta humana simboliza à sua maneira a escolha fundamental a ser elucidada, [...] é pela comparação entre tais condutas que faremos brotar a revelação única que todas elas exprimem de maneira diferente” (p. 696)
  • “A investigação primordial deste método nos é fornecida pela psicanálise de Freud e seus discípulos” (p. 696).
  • Semelhanças com a Psicanálise Empírica:
  • “[...] todas as manifestações objetivamente discerníveis da ‘vida psíquica’ como sustentando relações de simbolização a símbolo com as estruturas fundamentais e globais que constituem propriamente a pessoa” (p. 696).
  • “A psicanálise existencial nada reconhece antes do surgimento original da liberdade humana” (pp. 696-697).
  • Consideram o homem no mundo e levam em conta sua situação:
  • “[...] consideram o ser humano como uma historização perpétua e procuram descobrir [...] o sentido, a orientação e os avatares dessa história” (p. 697).
  • “[...] buscam, ambas, uma atitude fundamental em situação que não poderia expressar-se por definições simples e lógicas, [...] e que exige ser reconstruída segundo leis de sínteses específicas” (p. 697).
  • Psicanálise empírica: complexo.
  • Psicanálise existencial: escolha original.
  • “Essa escolha, produzindo-se frente ao mundo e sendo escolha da posição do mundo, é totalitária como o complexo; [...]” (p. 697).
  • “[...] o sujeito não está em posição privilegiada para proceder a essas investigações sobre si mesmo” (p. 697).
  • “[...] método estritamente objetivo, tratando como documentos tanto os dados da reflexão como os testemunhos do outro” (pp. 697-698).
  • Psicanálise existencial rejeita a noção de inconsciente: “[...] o fato psíquico, para ela, é co-extensivo à consciência” (p. 698).
  • “Mas, se o projeto fundamental é plenamente vivido pelo sujeito e, como tal, totalmente consciente, isso não significa em absoluto que deva ser ao mesmo tempo conhecido por ele [...]” (p. 698).
  • Consciência é distinta a conhecimento.
  • “A reflexão capta ao mesmo tempo símbolo e simbolização, por certo, constitui-se inteiramente por uma compreensão pré-ontológica do projeto fundamental; ou melhor, na medida em que a reflexão é também consciência não-tética de si enquanto reflexão, ela é esse mesmo projeto, do mesmo modo como a consciência não-reflexiva” (p. 697).
  • “[...] a reflexão desfruta de tudo, e tudo capta. Mas esse ‘mistério em plena luz’ provém sobretudo do fato de que este desfrutar carece dos meios que ordinariamente permitem a análise e a conceitualização” (p. 697).
  • Sombras, valores e relevos devem ser estabelecidos por outra atitude humana, só podendo existir por e para o conhecimento.
  • “Não podendo servir de base para a psicanálise existencial, a reflexão a ela irá fornecer, portanto, simplesmente materiais em bruto acerca dos quais o psicanalista deverá tomar a atitude objetiva” (pp. 698-699).
  • “[...] os projetos revelados pela psicanálise existencial, serão apreendidos do ponto de vista do outro” (p. 699).
  • “Esse projeto-Para-si não pode ser senão desfrutado; há incompatibilidade entre a existência Para-si e a existência objetiva” (p. 699).
  • “Mas o objeto das psicanálises nem por isso deixa de ter a realidade de um ser; seu conhecimento pelo sujeito pode, além disso, contribuir para iluminar a reflexão, e esta pode converter-se então em um desfrutar que será quase-saber” (p. 699).
  • Diferenças entre a Psicanálise Existencial e a Psicanálise Empírica:
  • “[...] a psicanálise empírica determinou seu próprio irredutível, em vez de deixá-lo relevar-se por si mesmo em uma intuição evidente” (p. 699).
  • “Ao contrário, a escolha à qual irá remontar-se a psicanálise existencial, precisamente por ser escolha, denuncia sua contingência originária, já que a contingência da escolha é o inverso de sua liberdade” (p. 699).
  • Escolha é única e, desde a origem, é a concretude absoluta: “[...] as condutas detalhadas podem exprimir ou particularizar essa escolha, mas não poderiam concretizá-la mais do que já é” (p. 700).
  • Escolha é o ser de cada realidade humana: “[...] para a realidade humana, não há diferença entre existir e escolher-se” (p. 700).
  • Por isso, a psicanálise existencial não precisa remontar-se ao “complexo” fundamental.
  • “Renunciando a todas as causações mecânicas, renunciamos ao mesmo tempo a todas as interpretações genéricas do simbolismo considerado” (p. 700).
  • O psicanalista existencial tem que reinventar uma simbólica, em função do caso particular: “[...] o psicanalista jamais perderá de vista o fato de que a escolha é vivente e, por conseguinte, sempre pode ser revogada pelo sujeito estudado” (p. 701).
  • “[...] a psicanálise existencial deverá ser inteiramente flexível e adaptável às menores mudanças observáveis no sujeito: trata-se de compreender aqui o individual e, muitas vezes, até mesmo o instantâneo” (p. 700).
  • “O método que serviu a um sujeito, por essa razão, não poderá ser empregado em outro sujeito ou no mesmo sujeito em uma época posterior” (p. 701).
  • Objetivo: descoberta de uma escolha e não de um estado; de uma determinação livre e consciente, que se identifica à própria consciência.
  • “[...] a interpretação psicanalítica não o faz tomar consciência daquilo que ele é: faz, sim, com que tome conhecimento de seu ser. Portanto, cabe à psicanálise existencial reivindicar como decisiva a intuição final do sujeito” (p. 702).
  • Psicanálise existencial: “É um método destinado a elucidar, com uma forma rigorosamente objetiva, a escolha subjetiva pela qual cada pessoa se faz pessoa, ou seja, faz-se anunciar a si mesmo aquilo que ela é” (p. 702).
  • “Uma vez que o método busca uma escolha de ser, ao mesmo tempo que um ser, deve reduzir os comportamentos singulares às relações fundamentais, [...] mas sim de ser, que se expressam nesses comportamentos” (pp. 702-703).
  • “Orienta-se desde a origem, portanto, rumo a uma compreensão do ser” (p. 703); objetivo de encontrar o ser e a maneira de ser do ser frente a este ser.
  • “Utilizará a compreensão do ser que caracteriza o investigador na medida em que ele mesmo é realidade humana; [...] deverá reinventar a cada vez uma simbólica destinada a decifrá-las, tendo por base um estudo comparativo das condutas” (p. 703).
  • Critério do êxito: “[...] número de fatos que sua hipótese permita explicar e unificar, assim como na intuição evidente da irredutibilidade do fim atingido” (p. 703); importando o testemunho decisivo do sujeito.
  • “Os resultados [...] poderão então ser objeto de uma classificação, e é sobre a comparação desses resultados que poderemos estabelecer considerações gerais sobre a realidade humana enquanto escolha empírica de seus próprios fins” (p. 703).
  • “Esta psicanálise ainda não encontrou o seu Freud; quando muito, pode-se encontrar seus prenúncios em certas biografias particularmente bem sucedidas. [...] Mas aqui pouco nos importa que tal psicanálise exista ou não: para nós, o importante é que seja possível” (p. 703).

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