O Pluralismo do Mundo Pós-Moderno
Por: Anderson Rezende • 5/10/2018 • Ensaio • 3.728 Palavras (15 Páginas) • 376 Visualizações
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O PLURALISMO DO MUNDO PÓS-MODERNO E OS DESAFIOS DO EVANGELHO
Introdução:
- As últimas décadas do século XX têm sido caracterizadas por movimentos filosófico-teológicos que romperam com tudo o que, historicamente, tem sido crido como verdade fundamental, da qual não se poderia abrir mão. Dentre tais movimentos destacam-se: o Secularismo, o Relativismo, o Pós-Modernismo e o Pluralismo.
- Todos estes movimentos estão de alguma forma amarrados à esfera temporal, sem qualquer noção de verdades eternas e sobrenaturais.
Origens do Pluralismo Pós-Moderno:
- Depois da entrada do período moderno, a Cosmovisão Bíblica sofreu sérios embates e, com as lentes do racionalismo, quase desapareceu em alguns segmentos e regiões.
- Com o advento dos tempos modernos, a cultura ocidental foi invadida por uma cosmovisão romântica e de um cientificismo materialista, do século XIX. No século XX, ela foi invadida pelo marxismo, fascismo, positivismo e existencialismo. Contudo, na segunda metade deste século, o espírito do tempo "moderno" veio a cair de moda. Entramos nos tempos pós-modernos.
- Esse tempo, segundo alguns, foi iniciado com a falência do comunismo, com a derrocada do muro de Berlim, em 1989, e com o insucesso absoluto da economia do sistema materialista. O modernismo foi substituído pelo pós-modernismo. Houve a queda dos padrões morais anteriormente estabelecidos e começou a questionar-se de maneira muito mais clara a necessidade de haver uma verdade objetiva.
- As raízes do pluralismo pós-moderno remontam a Schleiermacher no
- O cristianismo do liberalismo teológico dos séculos XIX e XX começou a sustentar que o Deus imanente do cristianismo não pertencia somente ao cristianismo, mas pertencia a todas as culturas religiosas do mundo. Jesus Cristo era o exemplo máximo desse Deus imanente, mas não era a única forma dele expressar-se.
- Embora o pluralismo não tenha nascido no período pós-moderno, ele floresceu e desenvolveu-se de maneira impressionante no período pós-moderno, porque este é o período das contestações, do abandono e da rejeição dos padrões e das crenças anteriores. O pluralismo teve as suas portas destravadas no período moderno, e elas foram escancaradas no período pós-moderno. Com essas coisas em mente, fica mais fácil entender porque o pluralismo cresceu assustadoramente, mesmo em alguns círculos chamados "cristãos”.
Diversas Formas do Pluralismo:
- Pluralismo Intelectual: não há exclusivismo da verdade, não existe uma verdade absoluta. Todos podem ter a sua própria interpretação da verdade de acordo com a sua linguagem cultural. Está alicerçado sobre os pilares do descontrucionismo, da hermenêutica da suspeição e do subjetivismo.
- Pluralismo Religioso: tem a ver intimamente com o relativismo e com um pós-racionalismo do Iluminismo, que é o chamado pós-modernismo, além das influências do orientalismo religioso. A voz pluralista dentro de alguns círculos cristãos é esta: nós devemos afirmar que Jesus Cristo é Salvador, mas não podemos afirmar que Ele é a única forma de o homem alcançar salvação. Ele é uma entre as muitas outras formas de o Deus infinito revelar-se. Todas as tradições religiosas do mundo possuem aspectos reveladores de Deus, que tomam vários nomes e conceitos nos mais variados recantos do mundo.
- Pluralismo Teológico: em virtude da "mega-mudança" havida no pós-modernismo em relação ao cristianismo pré-moderno, vários pressupostos teológicos foram modificados no cristianismo pluralista. Eles são evidentes nos vários ramos da teologia cristã, mas especialmente na cristologia e na soteriologia.
- Soteriologia - O Deus do cristianismo, na soteriologia pluralista, é um Deus de amor, e não poderia excluir da salvação os não-cristãos pelo simples fato de eles não serem cristãos.
- Cristologia – Jesus Cristo não pode ser a revelação especial de Deus no sentido de a salvação depender dele unicamente. Há outras revelações de Deus que são igualmente soteriológicas. Há outras formas de salvação que não são concentradas em Jesus Cristo, segundo o ensino da cristologia pluralista. Esta idéia está enraizada na primeira, porque um Deus de amor não poderia deixar de fora outras nações não evangelizadas. Por essa razão, outras formas de salvação são possíveis.
- Pluralismo Ético-Moral: os pós-modernistas possuem uma aversão aos padrões normativos gerais de comportamento. Rejeitam não somente as leis objetivas de moral, como as leis morais interiores gravadas por Deus em nossos corações. Nessa concepção pós-modernista, o homem acaba sendo amoral. Não existe nada nele que o leve a reconhecer o certo ou o errado. As leis da "segunda tábua" não são conhecidas do homem. Tudo o que ele faz em termos morais tem nascedouro no meio em que ele vive e nas decisões morais que faz. Contudo, essas decisões não têm nada a ver com o que ele é, e, sim, com o que ele deseja e resolve ser. A ausência dos padrões objetivos que determinam o que é certo ou errado tem causado um enorme caos moral nesta nossa sociedade. Por causa da ausência de um paradigma objetivo, as mudanças éticas têm gerado mega-mudanças na ética sexual, na questão do aborto, na educação, etc. Os programas de entrevistas mais assistidos de nossa televisão refletem exatamente essa ética permissiva. Cada um pensa o que quer eticamente porque não há padrões estabelecidos. O "correto" eticamente defende do seu ponto-de-vista que deve ser respeitado. Ninguém tem o direito de dizer o que é ética ou moralmente correto.
Pressuposições Gerais do Pluralismo:
- Abandono da Arrogância Cultural e Teológica: segundo a abordagem pluralista, todas as religiões têm que abandonar a sua arrogância teológica. Nenhum grupo religioso pode jactar-se de ser superior ao outro em termos de verdade, porque a religião está associada à cultura. E não existe uma cultura superior à outra. Todas são igualmente boas. Segundo o princípio pluralista, a fé cristã tem que se contentar em ser apenas mais uma entre as muitas alternativas religiosas neste mundo pós-modernista.
- Ausência da Verdade Absoluta: Não existe a verdade, mas verdades. A verdade é alguma coisa subjetiva, na mente de quem interpreta um texto, mas não no texto propriamente. A verdade está na forma como eu a vejo, mas não objetivamente. O que é verdade para mim pode não ser verdade para outra pessoa. Por essa razão, ninguém pode reivindicar estar com a verdade objetivamente. Ela não está em nenhum lugar que não seja na mente do indivíduo. O pós-modernismo tem sido caracterizado por "uma aversão endêmica pelas questões da verdade."
- Autoridade da Experiência Religiosa: a experiência religiosa de todas as tradições deve ser fonte de autoridade. Muitos segmentos do cristianismo pós-moderno têm mudado o paradigma básico da busca da verdade objetiva da Palavra de Deus para a "verdade" da experiência. Se o paradigma da verdade de Deus não é levado em conta, e aceitamos o paradigma da experiência, não poderemos negar as experiências de outros grupos religiosos não-cristãos como válidas e como fonte autoritativa.
- Presença de uma Nova Teoria Missiológica: Ninguém pode tentar convencer outras pessoas a se tornarem cristãs, porque o caminho para a salvação pode ser encontrado dentro de todas elas. A ênfase não é mais à obra perdoadora singular de Jesus Cristo, porque temos que respeitar as tradições religiosas em nossa obra missionária, sem tocar nos pontos onde diferimos. Todas as tradições religiosas culturais têm os seus valores salvíficos. Portanto, não há mais necessidade de conversões!
- Religião é Determinada Pelo Lugar de Nascimento: a religião de uma pessoa deverá ser a religião dominante do lugar onde ela nasceu. É a idéia do “paroquialismo cultural”. É a cultura religiosa de um lugar que determina a religião dos que ali nascem. A conseqüência de se aceitar esse pressuposto é a noção de que a verdade é uma matéria simplesmente de nascimento.
Perigos do Pluralismo Pós-Moderno:
- Inconsistência de Princípios – A tentativa dos pós-modernistas é de desmantelar todos os sistemas construídos anteriormente. Todos os paradigmas do passado têm que ser destruídos. Aquilo que era central tem que ir para a periferia e as coisas periféricas do passado têm que estar no centro. No pós-modernismo as minorias têm tido a prioridade. Agora é o tempo dos direitos de todos os marginalizados pelo pré-modernismo teológico e ético. Agora é a vez daqueles que têm sido vítimas da opressão, isto é, os negros, os "gays”, as feministas, etc. Agora é a vez deles mostrarem o seu poder, que até agora esteve nas mãos daqueles que controlaram a ética e a moral.
- Inconsistência Teológica – Não é difícil encontrar pastores e membros de igrejas em geral que aceitam princípios contraditórios em sua teologia. Não existe uma verdade absoluta. Tudo pode ser relativizado. Na presente geração de pastores, muitos não possuem solidez e consistência teológica. São capazes de fazer coisas diametralmente opostas sem qualquer noção de inconsistência. Alguns gostam da Bíblia, mas ao mesmo tempo são capazes de ter simpatia pelos pensamentos de Paulo Coelho.
- Inconsistência Ética – Alguns pós-modernistas mais honestos conseguem perceber uma inconsistência ética no seu comportamento. É comum vermos pós-modernistas negando a verdade absoluta e, ao mesmo tempo, lutando pelos "direitos humanos" ou pelo estabelecimento da "justiça," especialmente nos países do terceiro mundo. Eles aceitam regras gerais de coletividade ética, mas afirmam não existir padrão de verdades.
- Pragmatismo – Não mais verdade, mas realização não mais aquela pesquisa que conduz à descoberta de fatos verificáveis, mas aquela espécie de pesquisa que funciona melhor, onde o funcionamento melhor significa produzir mais... A universidade ou a instituição de ensino não pode nestas circunstâncias estar preocupada em transmitir conhecimento em si mesmo, mas ela deve estar presa sempre mais estreitamente ao princípio da realização — de forma que a questão levantada pelo professor, pelo estudante ou pelo governo, não deva ser mais esta: Isto é verdadeiro?, mas Funciona? ou Qual é o proveito disso?
- Pragmatismo – Enquanto que nas academias do pré-modernismo e do modernismo buscou-se a verdade objetiva através da pesquisa, nas academias do pós-modernismo procura-se "o que funciona." Enquanto o mundo acadêmico tradicional primava pela busca da verdade através da pesquisa, a academia pós-modernista procura fazer o que é politicamente correto, não se importando se o politicamente correto tem a ver com a verdade.
- Pragmatismo – Este pragmatismo do pós-modernismo ensinado nas universidades é refletido nas questões teológicas e práticas da Igreja. As pessoas não estão preocupadas com a verdade na Igreja, mas se os resultados aparecem; muitos ministros têm sacrificado a verdade em nome da performance, em benefício dos resultados. Funciona? Então, o método é aplicado.
- Pragmatismo – Um outro grande perigo do pragmatismo é que ele só vê os resultados. É uma espécie de marketing cristão. Neste barco muitos ministros e igrejas cristãs têm entrado. Por essa razão, o planejamento deles é o de resultados, não o de trabalho. Esse é um perigo do pós-modernismo para o qual precisamos estar atentos. Na perspectiva cristã a primeira coisa a ser levantada é a verdade, é o parâmetro objetivo. Depois, os resultados aparecem. E os resultados não têm muito a ver conosco, mas com a obra do Espírito. Deus mandou que trabalhássemos, plantando, regando e colhendo, mas o fruto do crescimento vem dele.
- Sentimentalismo – A mudança do modernismo para o pós-modernismo trouxe uma mudança de ênfase na faculdade da alma que controla o ser humano. No modernismo, houve grande ênfase na supremacia da razão. Aliás, em vários períodos da história humana houve uma oscilação do pêndulo entre a razão e a vontade como elementos dominantes na personalidade humana.
- Sentimentalismo – Curiosamente, neste período pós-modernista a ênfase tem caído no sentimento. Como a razão foi a medida de todas as coisas no modernismo, o sentimento tem sido a medida neste nosso tempo pós-moderno. O sentimento das pessoas tem sido o parâmetro para as resoluções a serem tomadas. Não há mais a ênfase no juízo da razão. O "sentir" é a força que tem impulsionado a tomada de decisões na vida.
- Sentimentalismo – Com o abandono das verdades absolutas, não há parâmetros objetivos a serem seguidos. Contudo, o ser humano tem sempre que possuir um paradigma, porque ele é dependente de algo a que seguir. O parâmetro passa a ser o sentimento. Daí começou a surgir a teologia do "sentir-se bem." Então, oferece-se aquilo com que as pessoas sentem-se bem e gostam. Este espírito é evidenciado na frase comum ouvida de muitas pessoas: "Eu não gostei daquele tipo de culto," ou "eu não me senti bem naquela igreja." As pessoas são governadas pelo "sentir" antes do que pela orientação de uma verdade objetiva. Este sentimentalismo gera um outro perigo: o do consumismo teológico e litúrgico.
- Consumismo Teológico – O pluralismo pós-modernista traz conseqüências imperceptíveis a muitos paladares. Uma delas é o consumismo em que vivemos em todas as áreas. Tudo tem a ver com a falta de verdade objetiva, absoluta. Todas as áreas são tratadas na esfera do comercialismo. O que se vende tem que ser de acordo com os mais variados paladares dos consumidores. "O pós-modernismo encoraja uma mentalidade de consumismo, fornecendo às pessoas o que elas gostam e querem.
- Consumismo Teológico – Esta mentalidade tem atingido a esfera da teologia e da liturgia. Quando a verdade objetiva e absoluta não existe mais, as teologias e liturgias passam a refletir o gosto do tempo presente. A teologia acompanha as filosofias vigentes. É curioso notar que, após a entrada do período pós-moderno, muitas teologias e liturgias têm surgido no cenário religioso, uma após outra, como os produtos de um supermercado. Elas fazem sucesso por algum tempo e, depois, outra surge para substituir o produto anterior. Há uma sede de novidade quase incontrolável. Não há nada que dura para sempre. Por que? Porque não há verdade absoluta.
- Mudança da Pregação – O grande postulado do pós-modernismo: mudar os conceitos mudando as palavras. Ao invés de pregar a redenção que há em Cristo Jesus levando as pessoas ao arrependimento de seus pecados e à fé em Cristo, os pregadores entregam mensagens cujo objetivo é fazer com que seus ouvintes sintam-se bem, expressando a religião de uma cultura terapêutica. A tônica do nosso tempo é fazer com que as pessoas sintam-se psicologicamente bem, satisfeitas consigo mesmas. O importante é o bem-estar, não a verdade. Esta não é levada em conta, porque tudo é relativo. Não existe verdade absoluta. Este é o valor controlador do pluralismo do pós-modernismo.
- Mudança da Pregação – Não é raro encontrar líderes evangélicos no Brasil desviando os crentes da verdadeira mensagem de redenção, convertendo-a numa redenção para o aqui e o agora. Muitos ouvintes de pregações modernas não mais são dirigidos para um interesse genuíno no céu, ou na nova terra (como prescreve a Santa Escritura), mas são direcionados para ter o céu aqui neste tempo presente. Por isso a pregação que eles ouvem diz respeito a milagres, a promessas de prosperidade, de libertação da opressão, de sucesso ou de crescimento numérico, uma espécie de teologia da glória neste presente mundo. Esses pregadores se esquecem de que antes da glória, eles têm que pregar a teologia da cruz, da negação de nós mesmos, lutando contra os nossos próprios pecados. É dessa redenção que a Escritura fala, a qual precisamos pregar.
- Mudança de Modelo Teológico – É a mudança da pregação do protestantismo clássico do pré-modernismo para a pregação do pós-modernismo, dando origem a um entendimento totalmente diferente do que realmente significa o evangelho de Cristo. Doutrinas fundamentais tais como: Deus, Pecado, Cristo, Salvação, Escatologia, Igreja, etc., são distorcidas em sua essência, por uma mentalidade de acomodação subjetiva.
- Essa mega-mudança reflete todos os princípios pós-modernistas de nosso tempo: a rejeição dos absolutos; a desconfiança na transcendência; a preferência pela "mudança dinâmica" em vez da "verdade estática"; o desejo pelo pluralismo religioso de modo que as pessoas de outras culturas e religiões sejam salvas; a rejeição da autoridade divina sobre nós; o tom de tolerância, sentimentos aquecidos e psicologia popular.
Os Desafios da Igreja no Pluralismo:
- Há três saídas para o cristianismo do século XXI: continuar no pós-modernismo relativista; voltar ao fundamentalismo racionalista; ou voltar mais atrás ainda, ao fundamentalismo religioso.
- Há os que têm tentado voltar ao fundamentalismo racionalista, que é o modernismo. Esses têm percebido a nefasta influência do pós-modernismo, e querem os princípios do Iluminismo de volta ao século XXI, reinstalando o modernismo. Na esfera da religião, o domínio da razão já acabou. Em termos religiosos, essa volta seria a reimplantação da teologia liberal, que é fruto do modernismo. Seria uma tolice voltar a esse tempo, pois é a negação de toda a sobrenaturalidade e intervenção de Deus.
- Há ainda aqueles que querem continuar com o status quo do pós-modernismo, tendo as mais variadas opções que o pluralismo conseqüente traz, sobre as quais já estudamos. A igreja vive inquestionavelmente num mundo pós-moderno e ela deve aceitar essa verdade. Há um sentido em que devemos nos alegrar pelo fato do pós-modernismo ter criticado o modernismo, pois este foi extremamente prejudicial para a vida da igreja, mas o pós-modernismo traz consigo vários perigos contra os quais devemos estar avisados.
- Contudo, deve haver, o quanto antes possível, a volta aos princípios do cristianismo pré-moderno. Não é uma volta ao tempo, mas aos princípios originais que nortearam a vida da Igreja antiga, por séculos. Não é um retrocesso, mas um progresso para o que é santo, justo e verdadeiro.
- O cristianismo não deve somente voltar aos princípios da religião pré-moderna, com suas crenças, mas ele deve ser a melhor opção para as pessoas de nossa sociedade. A fim de que o cristianismo seja essa opção, ele tem que colocar as coisas em ordem. Para que o cristianismo seja essa opção, ele não precisa sucumbir ao liberalismo teológico do modernismo, porque ele mostrou-se ineficiente para resolver os problemas mais fundamentais do homem; nem precisa o cristianismo atender às reivindicações do pluralismo do pós-modernismo.
- Alguns setores evangélicos sucumbiram aos apelos da mega-mudança da cultura de nosso século. Foram engolidos pelo encanto do pós-modernismo. Hoje não sabem como safar-se dessa situação. O pós-modernismo tem colocado as pessoas num beco sem saída. Não há uma mensagem redentora, porque não há uma verdade objetiva. As pessoas não têm um norte para seguir, porque não existe paradigma confiável.
- Voltar à Verdade Objetiva – um código de leis sob o qual o ser humano tem que pautar a sua vida. Todavia, que não seja um código de leis nascido nos próprios interesses ou na subjetividade do ser humano. Esse código tem que ser o de Alguém que possui supremacia sobre o homem — o Criador-Redentor-Rei. Temos que restaurar o princípio da verdade objetiva que vigorou no tempo do cristianismo pré-moderno. Do contrário, a igreja cristã perderá totalmente a sua identidade.
- Não Ter Medo da Verdade - Muitos dos nossos jovens cristãos estão sendo acuados pelo caos teológico em que vivem, ao ponto de não terem coragem de assumir a verdade do cristianismo em face das pressões que sofrem em nossa sociedade pluralista. É muito difícil para eles assumirem a verdade de Deus e serem íntegros. A vida moderna tende a levar todos nós a um comportamento hipócrita e de padrões duplos. Não somente os estudantes, mas todos nós enfrentamos situações muito difíceis, porque a sociedade contemporânea não aceita que haja um padrão de verdade e ninguém pode sair por aí pregando e vivendo a verdade. É assim o ambiente em que os nossos filhos estão crescendo. Em tal ambiente é extremamente difícil ser o povo da verdade.
- Não Sermos um Gueto – Devido ao pluralismo religioso admitido em nossa sociedade pós-moderna, alguns grupos religiosos têm a tendência de se isolarem em suas verdades. O cristianismo não tem fugido à regra. Muitas comunidades cristãs genuínas se isolam em seu casulo com medo de serem invadidas. Quando questionadas em seus padrões, as igrejas e denominações têm a tendência de se isolar em um refúgio para permanecerem num lugar de segurança, um "gueto cristão”.
- Não Sermos um Gueto – A Igreja cristã não deve se isolar, embora deva proteger a verdade. Se ela se acovarda emburacando-se em uma caverna, como Elias fez diante das investidas de Jezabel, a igreja vai perder a sua verdadeira identidade. Ela deve aceitar o desafio de contrariar o espírito do tempo presente como uma espécie de "contracultura," saindo para minar os campos alheios. Ela não deve ensimesmar-se (ou isolar-se), porque se o fizer, estará negando a sua missão de ser proclamadora do reino, de ser sal no meio desta geração pervertida e corrupta.
- Não Sermos um Gueto – Ela não deve temer a crítica ou o desprezo. Ela tem que sair do gueto para ser luz! Se ela sair, não será destruída, porque o Senhor dela, na sua fidelidade, se encarregará de abençoá-la. O Senhor haverá de protegê-la enquanto ela lutar contra as outras "verdades" do pluralismo religioso e teológico. Sair do gueto significa entrar na ofensiva da proclamação e da mostra prática da verdade teórica. A era pós-moderna é uma grande oportunidade para o cristianismo sair da defensiva, posição que tem ocupado desde a implantação do Iluminismo.
- Não Sermos um Gueto – Se o cristianismo quer ser uma alternativa para este mundo pós-modernista, ele tem que confessar a sua fé e prová-la com atitudes. Isso implica num conhecimento intelectual e experiencial da fé, que tem faltado a tantos chamados cristãos. Pela falta dessa confissão e pela falta da genuinidade da experiência, é que o cristianismo tem permanecido acuado pelo modernismo, dentro do seu próprio gueto.
- Não Sermos um Gueto – Sair dele é um imperativo para a sobrevivência e para a expansão do Reino de Deus. Essa saída do gueto tem que ser vitoriosa, não pela derrota do modernismo, mas pelo retorno à vida, pelo conhecimento advindo do real estudo da Escritura e pela experiência genuína com o Senhor Jesus. Somente quando isto acontecer, é que a igreja terá coragem de entrar na ofensiva contra as hostes espirituais do mal, que estão entrincheiradas nas filosofias pós-modernistas.
- A Volta à Confessionalidade – Se o cristianismo quer ser a melhor opção para o homem pós-moderno, ele tem que voltar às suas origens históricas. Primeiramente, às Escrituras e, conseqüentemente, à Reforma do século XVI. Muitos teólogos estão redescobrindo a Escritura, voltando a ela, e redescobrindo a história (os pais da igreja e a espiritualidade que os caracterizou). É curioso que, para satisfazer as necessidades espirituais do homem pós-moderno, tenhamos que voltar à mensagem do homem pré-moderno.
- É necessário que as igrejas cristãs históricas voltem a ter uma fé ortodoxa, viva e piedosa; uma fé que dê lugar ao intelecto e aos sentimentos: uma fé racional, mas não racionalista, com emoções, mas não emocionalista; uma fé baseada na verdade de Deus como revelada nas Santas Escrituras.
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