O entendimento de Paulo Freire sobre a humanização do homem
Pesquisas Acadêmicas: O entendimento de Paulo Freire sobre a humanização do homem. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: krlaprao • 3/10/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 2.591 Palavras (11 Páginas) • 607 Visualizações
Revista Formação@Docente – Belo Horizonte – vol. 3, no 1, dezembro 2011.
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A HUMANIZAÇÃO DO SER HUMANO EM PAULO FREIRE: a busca do “ser mais”
Ebenezer da Silva Melo Júnior1
1 Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: ebenezerjr@uol.com.br
2 Doutora em Educação pela UFMG. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: marlice.nogueira@izabelahendrix.edu.br
Marlice de Oliveira Nogueira2
Resumo
A compreensão de Paulo Freire sobre a Humanização do Ser Humano constrói-se como ontologia do ser. Ele entende que o ser humano é um ser inacabado em processo constante de humanização. Para Freire Educação Libertadora é igual à humanização do ser humano. Neste sentido, busca-se apresentar como o conceito de humanização em Paulo Freire é base de seu projeto para uma Educação Libertadora. Demonstra-se como Freire reconheceu a oposição histórica entre Humanização e Desumanização dos seres humanos bem como o caminho que ele indicou para a construção de uma Educação Libertadora, isto é, a passagem de uma consciência ingênua a uma consciência crítica capaz de tornar os educandos sujeitos do processo educativo bem como de sua própria história.
Palavras-chave: Humanização, Conscientização, Diálogo.
Abstract
The comprehension of Paulo Freire about the Humanizing of the Human Being is built as an ontology of the being. He understands that the human being is not complete yet and is in a constant process of humanizing. In Freire´s point of view, a Freeing Education is like the humanizing of the human being. In this sense, we aim at presenting how the humanizing concept in Paulo Freire is the base of his project for a Freeing Education. We show how Freire recognized the historical opposition between Humanizing and Dehumanizing of human beings, as well as the way he indicated for the construction of a Freeing Education, that is, the passage from naive awareness to a critical one capable of transforming the learners in the subject of the educational process as well as their own history.
Keywords: Humanization, Awareness, Dialogue
Introdução
O utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão a utopia é também um compromisso histórico (FREIRE, 1980, p. 27). Revista Formação@Docente – Belo Horizonte – vol. 3, no 1, dezembro 2011.
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Tendo em vista minha formação teológica, na leitura dos textos de Paulo Freire chamou-me a atenção sua preocupação com a condição do ser humano, isto é, o reconhecimento de que este se encontra num processo constante de devir. O ser humano não pode ser considerado como uma realidade pronta, acabada, mas sim como um ser em busca constante de autorrealização e crescimento, o que pode ser identificado com o seu processo contínuo de humanização.
Na busca de apresentar como Paulo Freire compreendeu e descreveu esse processo contínuo de humanização será discutida, inicialmente, a questão da vocação ontológica dos seres humanos: serem mais. A essa vocação, Freire identificou como o próprio processo de humanização dos seres humanos. Mas, ao lado desta, ele apresentou a distorção dessa vocação, isto é, a desumanização presente na história dos seres humanos.
Para que seja vencida a situação de desumanização dos seres humanos torna-se necessário um processo de educação dos mesmos de tal forma que eles possam tomar consciência de sua condição de seres desumanizados e partirem na busca de sua humanização. Nesse sentido, apresenta-se o Processo de Conscientização e Diálogo através do qual os seres humanos poderão tornar-se sujeitos no processo educativo, bem como na construção de sua humanidade. Antes, porém, será apresentado como Freire definiu os possíveis estados da consciência.
Entende-se que somente através de um processo de Conscientização e Diálogo, o qual compõe o que Freire denominou como Educação Problematizadora, os seres humanos poderão deixar de serem tratados como coisas, para transformarem-se plenamente em pessoas conscientes de si e de seu papel histórico no mundo. Entende-se que esse projeto não seja algo dado, mas sim, algo a ser construído de forma conjunta entre educadores e educandos.
“Ser Mais” – A busca de autorrealização como projeto de humanidade.
Neste primeiro tópico, será apresentada, inicialmente, a concepção da vocação ontológica dos seres humanos, isto é – o “ser mais”. Uma vez que se assuma a vocação dos seres humanos para um processo contínuo de sua Revista Formação@Docente – Belo Horizonte – vol. 3, no 1, dezembro 2011.
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humanização será descrito o oposto desse processo que é a desumanização do seres humanos. Entende-se que essa desumanização se faz presente na história dos seres humanos e convoca-nos a um posicionamento diante dela. Postula-se finalmente a necessidade da libertação dos seres humanos de sua condição de desumanizados através da passagem da consciência ingênua a uma consciência crítica que os possibilita a sair de sua condição de passividade e tornarem-se sujeitos de sua própria história. Nesse sentido, é que se buscará, no próximo tópico, apresentar a concepção freireana do homem e do mundo e da relação estabelecida entre eles.
“Ser Mais” – A vocação ontológica dos seres humanos
Apresenta-se aqui a concepção freireana da vocação ontológica dos seres humanos: serem mais. Ao mesmo tempo, busca-se demonstrar como a partir dessa vocação se estabelece a relação entre os seres humanos e o mundo no qual se encontram inseridos.
Na busca de apresentar o conceito de humanização presente nos escritos de Paulo Freire, Mendonça considera que este recebeu influência de três vertentes do humanismo: o humanismo existencialista, o humanismo cristão e o humanismo marxista (MENDONÇA, 2008, p. 21-37).
Na perspectiva do humanismo existencialista, Mendonça entende que “Freire considera a ideia de que o ser humano é um ser no mundo, que a sua existência social passa a ser reconhecida
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