O que é ética (Álvaro Valls).

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - ICSA

CIÊNCIAS CONTÁVEIS - ÉTICA

Prof. Luiz Magalhães – 2º semestre de 2017

O que é ética (Álvaro Valls)

1. Didaticamente, quais os dois campos da ética?

1- Os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros);

2- Os problemas específicos, de aplicação concreta, como problemas de ética profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de ética bioética, etc.

Lembrando que isso é um procedimento acadêmico ou didático, pois na vida real os dois campos não andam assim separados.

2. A ética pode ser compreendida como uma mera listagem das convenções sociais aceitas? Justifique.

Sim, são comportamentos a que se adequam aos costumes vigentes de uma determinada sociedade (cultura), e enquanto vigentes, isto é, enquanto estes costumes tivessem força para coagir moralmente (socialmente). Quem se comportasse de modo inadequado, desrespeitando os costumes aceitos, estaria no erro, pelo menos enquanto a maioria da sociedade ainda não adotasse o comportamento ou o costume diferente (esta ação seria errada apenas enquanto ela não fosse o tipo de um novo comportamento vigente).

3. Por que o autor considera que ignorar as questões éticas equivale a renunciar ao nosso anseio de liberdade? Justifique.

Creio que o autor quis deixar claro que pararíamos de viver em sociedade ou em uma determinada sociedade a qual escolhemos viver. Iriamos possuir uma vida mecânica, totalmente programada e técnica, sem maiores escolhas e automaticamente, sem liberdade!

Introdução à Moral

4. Diferencie juízos de valor de juízos de realidade e exemplifique.

Juízos de valor: Diz respeito a uma avaliação da coisa a partir de quem avalia. Os juízos de valor não tratam de objetos materiais, mas sim de questões relacionadas às ações humanas. Exemplo: Todos os políticos são corruptos.

Juízos de realidade (ou de fato): Diz respeito a uma qualidade ou condição mais objetiva da coisa. São proposições que formamos com base no material da realidade, ou seja, coisas que julgamos a respeito do que está posto ao nosso redor, das coisas que existem, dos objetos materiais. Exemplo: o alumínio é um metal.

5. Diferencie ética de moral.

A ética: é uma reflexão, de carácter filosófico, sobre o agir moral (caráter especulativo);

A moral: é o conjunto de normas e valores que orientam a ação dos indivíduos dentro de uma sociedade (caráter normativo).

6. Diferencie o caráter histórico e social da moral do caráter pessoal da moral e exemplifique.

Caráter histórico e social da moral: Conjunto de normas herdadas. Exemplo: Não bebo porque todos os meus familiares não bebiam, e beber é ruim para o futuro da família.

Caráter pessoal da moral: O posicionamento diante da herança de valores. Exemplo: Ninguém da minha família bebe, pois eles acreditam que isso pode destruir a união, porém eu creio que isso de nada afetará minha convivência e o futuro da família, por isso decidi beber.

Morte da moral ou ressureição dos valores: que ética para hoje? (Lipovetsky)

7. De acordo com Lipovetsky, enumere e caracterize as três eras da moral.

1 – Era teológica da moral: Inseparável dos mandamentos divinos; somente se conhecia a moral pela bíblia; fora da igreja e da fé em Deus, não se pode haver virtude; somente o Evangelho, a fé num Deus justiceiro e os castigos do além permitem a eficácia da moral; sem revelação e as sanções divinas, a moral parecia impossível.

2 – Laica moralista: a partir do Iluminismo, os modernos buscaram estabelecer as bases moral independente da Igreja. Os princípios morais foram, então pensados em termos estritamente racionais, universais, eternos (moral natural), que estariam presentes em todos os homens. Enraizados apenas na natureza humana, aparecem como princípios independentes das confissões teológicas.

3 – Pós-Moralista: Sociedade pós-moralista, e não sociedade pós-moral; sociedade que exalta mais os desejos, o ego, a felicidade, o bem-estar individual, do que o ideal de abnegação. Nossa cultura cotidiana desde os anos 1950 e 1960 não é mais dominada pelos grandes imperativos do dever sacrificial e difícil, mas pela felicidade, pelo sucesso pessoal, pelos direitos do indivíduo, não mais pelos seus deveres.

8. Podemos afirmar que existem descontinuidades e semelhanças entre a era teológica e a laica moralista. Em que elas consistem?

A descontinuidade mais clara é dar direito a vida moral aos ateus, por exemplo, sem a necessidade dos castigos do inferno para ser autêntico. O homem pode alcançar a virtude sem a ajuda de Deus.

A semelhança está no dever absoluto, a ética do sacrifício. Com efeito, esse primeiro ciclo de secularização por toda parte celebrou a obrigação moral infinita, o espírito do dever cívico, nacionalista, familiar, produtivista. Depois do dever religioso, surgiu a religião moderna do dever, o culto laico da abnegação e da entrega ilimitada a serviço da família, da pátria e da história. As mesmas sociedades laicas que inventaram os direitos do Homem, construídas, pela primeira vez na história, a partir dos direitos do indivíduo, mantiveram durante muito tempo a retórica do dever rigorista, sacrificial, absoluto.

9. O que significa afirmar o “eclipse e a deslegitimação das morais-sacrificiais” em favor da uma autonomia individualista? Exemplifique.

Isso diz respeito a transformar os imperativos do dever sacrificial em opiniões livres, em direitos individuais, tendo sido no passado, pensados, ao contrário, como deveres absolutos do homem para consigo. Agora a cultura cotidiana é dominada pela felicidade, pelo sucesso pessoal, pelos direitos do indivíduo, não mais pelos seus deveres.

No campo da sexualidade, por exemplo, cada um está livre, hoje, para fazer o que bem entender, sem que a sociedade