Resenha Do Texto De Charles Baudelaire
Monografias: Resenha Do Texto De Charles Baudelaire. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: diegofc • 3/6/2014 • 1.653 Palavras (7 Páginas) • 511 Visualizações
Resenha do texto de CHARLES BAUDELAIRE
A lírica, modalidade onde o autor exprime seus sentimentos ou ideias através do canto ou da rima, em versos, geralmente sem a necessidade de intermediários ou narradores, tomou forte influência e destaque, principalmente, com sua vertente francesa. Por sua vez, a lírica francesa sofreu influência de Baudelaire.
Charles-Pierre Baudelaire, no século XIX, começa a realizar estudos e lançar teorias baseadas na modernidade, traçando um novo panorama para essa realidade. Seus estudos impulsionaram outros poetas e teóricos como Rimbaud, Verlaine e Mallarmé. Mallarmé, inclusive, reconheceu que seus estudos se iniciam onde terminam os de Baudelaire.
O caráter moderno atribuído a Baudelaire se deve ao seu modo particular de “ver no deserto da metrópole não só a decadência do homem, mas também de pressentir uma beleza misteriosa, não descoberta até então”. Com isso, Baudelaire cria um panorama paradoxal entre a suposta beleza da cidade frente à própria realidade dessas metrópoles, que no contexto social da época se encontravam submersas em sujeira moral, ausência de qualidade de vida e ideologia sócio-política limitada.
Precursor do simbolismo, Baudelaire criou polêmica ao lançar em 1857 a sua obra mais conhecida e apreciada:Les Fleurs du Mal (As Flores do Mal). Em suas produções, ele transpõe a estética do Romantismo e liberta a narrativa para o mundo dos sonhos, agrupando conceitos básicos do parnasianismo e repelindo o realismo e o
impressionismo. Aliás, foi essa característica libertadora de suas obras que fez com que a sociedade da época (super rígida) as censurasse.
Segundo Friedrich, é a consciência artística estruturada e a disciplina espiritual que faz com que Baudelaire seja tão excepcional. Ele, basicamente, reúne o gênio poético e a inteligência crítica. Ainda segundo Friedrich, ele concebe arte e poesia como processo elucidativo e criativo do panorama de uma época.
É possível perceber, ainda, que Baudelaire inicia a despersonalização da lírica moderna, começando a traçar uma separação entre lírica e coração. Ao mesmo passo, ele traça a ideia de que a fantasia é guiada pelo intelecto, traçando uma impessoalidade das poesias. É possível perceber nas obras de Baudelaire, também e principalmente em Les Fleurs du Mal, que suas poesias falam a partir do eu.
A separação do Romantismo é perceptível quando ele dá um valor arquitetônico as suas obras. Les Fleurs du Mal possui 6 grupos que seguem uma sincrononia e, junto com Goethe e Guillén compõe o seleto grupo que produziu as obras mais rigorosas arquitetonicamente na lírica européia.
Por outro lado, o canto também tem imensa representação artística e funcional nas obras de Baudelaire. Como é possível perceber em suas obras, o canto é capaz de expressar todo o sentimentalismo e transpor barreiras impregnadas pela própria produção textual. Para Baudelaire, o canto exprimia essa necessidade rítmica de evidenciar a aflição e essa aflição segue no compasso que a narrativa
se desconstrói frente às particularidades de cada ato. No trecho “o maravilhoso privilégio da arte é que o espantoso, expresso com arte, torna-se beleza, e que a dor ritmizada, articulada, preenche o espírito com uma alegria tranquila” é possível perceber o encadeamento da aflição e da necessidade de se manter uma forma mais perfeita possível(traços do parnasianismo).
Em consonância com as obras de Edgar Allan Poe, Baudelaire afirma que “beleza é o produto de razão e cálculo”, cálculo esse que, associado à inspiração natural faz com que haja a preeminência do artificial sobre o natural (Simbolismo). Logo, o “poetar” se transforma em um exercício, em uma experiência subjetiva capaz de fazer com que haja o desencadeamento de ideias que vão desde o sublime ao inferior. Baudelaire exemplifica esse trabalho árduo do exercício poético quando exemplifica a técnica com a de um “bailarino que partiu mil vezes os ossos em segredo, antes de se apresentar em público”. Utilizando-se das ideias de Poe, Baudelaire compara a a busca pela precisão do estilo poético aos trabalhos de um matemático, onde, segundo ele, há um encontro entre o parentesco dessas tarefas poéticas com a “lógica rigorosa de um problema matemático”.
É possível perceber que Baudelaire se distanciou por completo do Romantismo, ainda, quando cita a questão da modernidade. Aliás, essa modernidade proposta por Baudelaire, como dito anteriormente, vai de encontro com as transformações sociais que ocorreram na sociedade em sua época.
Talvez Baudelaire tenha sido privilegiado por essas transformações, talvez não. O fato é que ele foi capaz de tornar tácito esse conjunto de mudanças sociais e o transpôs ao pensamento. Por exemplo, a solidão bucólica dos homens, a propagação da vida noturna, a evidência do anormal e até mesmo o surgimento do progresso são inerentes em suas obras. Já é possível perceber essas nuances na obra Le coucher du soleil romantique. Sempre, Baudelaire tenta evidenciar de forma artística onipotente a beleza existente no lixo socialista e urbano. Para Baudelaire, as cidades permitem “junta a luz a gás e o céu do crepúsculo, o perfume das flores e o odor de alcatrão”. Esses caracteres urbanos, “extraídos da banalidade como drogas das plantas venenosas, tornam-se, na metamorfose lírica, antídotos contra o vício da banalidade”. Nesse sentido, “o repugnante se une com a nobreza do acento”.
Vale ressaltar que, muito embora Baudelaire tenha falado sobre a beleza, em sua lírica ele limitou-se às formas métricas e à vibração da linguagem. Começa a surgir, então, o paradoxo e o inequívoco nas obras de Baudelaire a partir do momento que começa a utilizar a “dotar a beleza de um encanto agressivo”. Então, há a introdução da feiura como equivalente do novo mistério que serve como pressuposto para se penetrar na nova realidade capaz de ascender à realidade. Como ele diz, “do feio, o poeta desperta um novo encanto”. Nesse sentido, o feio se torna a nova beleza, no sentido antagônico e até mesmo ontológico.
Juntamente com essa realidade, passo a passo surgem os tratamentos de novas concepções como o anormal, o jocoso e o absurdo, que passam a integrar o elenco de sentimentos e concepções dos poetas posteriores.
Aproveitando a ruptura entre autor e público que Rousseau introduziu de forma
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