Resenha - Existem boas razões para se temer
Por: Edinalda Araújo • 31/10/2016 • Resenha • 846 Palavras (4 Páginas) • 413 Visualizações
Aluna: Edinalda de Araújo Matias
Disciplina: Bioética e Biotecnociência
Nível: Mestrado e Doutorado
Tarefa substitutiva da aula do dia 27/10/2015 - “Situações emergentes, proteção e precaução”.
Profa. Monique Pyrrho
Resenha
Esta resenha tem como referência o artigo publicado por Schramm1, no qual o autor procura apresentar argumentos favoráveis e contrários ao uso das biotecnociências, por meio da análise bioética da moralidade das biotecnociências. Busca verificar se a vigência do paradigma biotecnocientífico é necessário ou não e em conformidade ao contexto e como deveria ser aplicado, quem deveria usá-lo e porque deveria ser usado.
O estudo, estruturado em oito páginas, distribui-se em capítulos apresentando uma reflexão sobre os dispositivos biopolíticos e de biopoder do Estado. Se estes recorrem ao medo tanto para proteger a população contra ameaças quanto para controlá-la, por meio da limitação ou supressão de direitos.
O estudo apresenta termos chaves que dão suporte a reflexão e possibilitam alcançar o objetivo principal do artigo, são eles:
- Paradigma bioético, que permitiria refletir sobre as implicações morais da tecnociência contemporânea, implicando numa crítica aos limites da abordagem meramente epistemológica à moralidade de ciência representada pela ciência em ação (saber-fazer-agir).
- Globalização, considerando-o como polissêmico aplicável em contextos e épocas diferentes. Deve ser entendido simultaneamente como processo inclusivo e excludente, e utilizados a depender do contexto da análise, como o objeto de reflexão deste artigo sobre o risco na contemporaneidade.
- Risco, perigo e dano, o “risco” é uma condição existencial humana, que instaura um estado de urgência ilimitado e universal, onde o uso repetitivo do termo conduz a ideia de “perigo” e por consequência aproxima-se semanticamente com a palavra “dano” tornando-os indistinguíveis e assim importante no contexto conceitual do ponto de vista moral e político.
- Paradigma biotecnocientífico, neologismo construído pelo autor para indicar uma nova forma de saber-fazer (aquele que envolve sistemas complexos como os seres vivos, inclusive indivíduos e populações de humanos, referindo-se a sua estrutura biológica) envolvendo seres vivos (humanos ou não) como objetos de pesquisa, e utilizando as ferramentas da tecnociência para transformá-los. Possuem três aspectos indissociáveis o logoteórico (que se preocupa com o avanço dos conhecimentos), um aspecto poiético, técnico e prático (episteme - se ocupam das aplicações dos conhecimentos científicos) e o aspecto que distingue tanto da episteme clássica como da tecnociência moderna.
- Biotecnociência, segundo o autor, é um tipo de saber-fazer aplicado aos seres vivos, cada vez mais visíveis nas sociedades atuais, mas que este saber-fazer biotecnocientífico e seus produtos não são objeto de consenso na percepção pública dividindo-se em tecnofílicos àqueles que entendem a técnica como algo imprescindível para a vida humana ou os tecnofóbicos que veem a técnica representada como risco, para a vida humana e meio ambiente, inclusive nas relações de domínio dos homens de uns para com os outros, e aqueles que são representados por quem tenta ponderar os prós e os contras no uso das biotecnologias.
Este últimos podem ser adeptos ao princípio da precaução, que possui um componente moral e outro pragmático, ou adeptos ao princípio da responsabilidade preocupando-se com o futuro da espécie humana e com os impactos que as ações humanas podem causar nos processos naturais ou adeptos da ética procedimental da discussão que tentam evitar objeções às posições anteriores e considera que a biotecnociência pode ser, sob determinadas condições benéfica para os humanos desde que as escolhas sejam debatidas livre e publicamente chegando-se a acordos razoáveis.
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