Resumo da obra A responsabilidade da Ciência

Continuando a falar sobre a necessidade de uma ética na ciência quero primeiro diferenciar em poucas palavras o que ambos são, pois acredito que para descobrir se há um no outro é necessário saber quem é quem. Comecemos por ética e podemos dizer que é o conjunto de valores e princípios que usamos na nossa conduta, é a liberdade de escolha, vale a pena citar um princípio básico de ética que encontramos na bíblia nas cartas de 1º Coríntios 6, versículo 12 que diz: “ tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Já a ciência podemos entender que é o conhecimento atento e profundo sobre algo, adquirido via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos. Agora que temos uma sucinta noção sobre ética e ciência temos que pensar se há na ciência ou nos cientistas a ética; se suas ações, decisões, escolhas, são de certa forma direcionados por interesses comuns a todos ou à particulares. O cientista pode se isentar de qualquer consequência, causadas pelas suas descobertas? O indivíduo que teve o conhecimento em primeira instância pode passar por uma avaliação moral?

As descobertas feitas pela ciência podem mudar de maneira decisiva o que conhecemos do mundo. O conhecimento de algo é muito diferente de quando colocado esse conhecimento em pratica, os resultados dessa pratica podem ser benéficos ou podem trazer males para toda a sociedade e quando trazem males, quando danificam toda uma sociedade mesmo que esses resultados não dependam mais do indivíduo primário, mesmo que suas descobertas sejam de domínio de terceiros, pode-se dizer que este indivíduo é culpado, por toda uma reação negativa que seu conhecimento trouxe? É um tanto polêmico responder a essa questão, porém precisamos levar em conta que quando um cientista está em seu processo de descoberta e pesquisa, há meios de o mesmo saber se o conhecimento adquirido traz males ou não, ele tem o poder de vetar ou prosseguir com o desenvolvimento, vamos imaginar um exemplo qualquer: um cientista descobre um tipo de gás que lançado sobre os inimigos em uma guerra fará com que eles comecem a lutar entre si sem distinção de pessoas inocentes ou não, isso traria a vitória para sua nação mas em contra partida milhares de vidas seriam ceifadas por essa nova arma. Mesmo que contra a vontade do cientista se essa arma fosse usada, suas mãos estariam apertando o gatilho, as vidas finalizadas com essa catástrofe seriam também sua culpa, a partir do momento em que esse indivíduo publicou ou permitiu que agentes sociais tivessem a posse desse “poder”, contribuiu para todos os males. Partimos para um ponto de muita importância que seria esse das interferências nos estudos feitos pela ciência, a que ponto isso é positivo ou negativo, essa interferência seria ética? Atualmente os principais investimentos científicos têm sido em áreas especificas, áreas que trazem um retorno bem mais interessante, o cara que antes tinha um prazer no saber pelo saber guiado puramente por sua curiosidade nata, agora, talvez involuntariamente, esteja servindo de marionete para interesses particulares, há uma dependência indireta ou direta, pois, os cientistas precisam de investimentos, para que seus projetos aconteçam, eles precisam submeter-se aos interesses nada puro dos políticos, econômicos, dos religiosos, esses tais não se interessam pela ciência, mas estão interessados nos lucros que ela pode dar, a indústria farmacêutica investe em pesquisas para a descoberta de remédios apenas para determinadas doenças que podem trazer lucros absurdos, ela não está interessada se fulano de tal vai deixar de comer para comprar o remédio, se ele está doente ele tem que comprar de qualquer jeito ou se preferir resta-lhes a morte. O que importa para estes investidores é o retorno, por isso a ciência atualmente está carregada de potenciais implicações éticas, é a liberdade de escolha que não visa o bem da população em geral, mas tem atendido tanto aos cientistas em particular como aos agentes sociais. É de muita importância pensar também, nas formulações teóricas feitas pelos cientistas e se eles têm recebido influências para tais formulações, é um pouco complexo pensar a respeito pois logo seria direcionado para um pensamento de descredito quanto aos resultados do conhecimento cientifico, se acreditarmos que isso acontece logo entenderíamos que há sim uma falta de ética quanto ao trabalhos desenvolvidos pelos cientistas, se as decisões tomadas desde o início ou sua criatividade ou na concepção de suas teorias ou na forma que avalia as teorias, sofrem intervenções externas, assim sua “ liberdade de escolha ”, está comprometida, não com ele mas com as intenções de terceiros, como foi esclarecido no texto de Silvio Seno Chibeni:

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