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Santo Agostinho E A Linguagem

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Por:   •  8/5/2014  •  507 Palavras (3 Páginas)  •  1.474 Visualizações

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O paradoxo da linguagem e a teoria da iluminação em Santo Agostinho

Santo Agostinho, considerado um dos mais importantes representantes da Patrística, marcou, além da filosofia cristã, a teoria lingüística e a história da pedagogia. Em sua obra De Magistro, é investigada a finalidade da fala e apresentados modos de visão interessantes sobre o fenômeno da linguagem. Veremos, contudo, que sua intenção não foi tanto a de desenvolver uma filosofia sistemática da linguagem, mas a de comprovar a presença de uma realidade divina por trás do processo do conhecimento.

Juntamente com seu filho Adeodato, o autor principia o diálogo De Magistro investigando o propósito da fala. A obra se coloca, desde o início, no centro do problema filosófico inerente à educação e à comunicação: como se dá a transmissão de conhecimento de uma pessoa para outra? Em que é fundada a tradicional relação entre mestre e aluno, que consiste no ensinar por parte do primeiro e no aprender por parte do segundo? Um ponto que se destaca por todo o pensamento agostiniano sobre a filosofia da linguagem é a tese segundo a qual palavras representam sinais, representantes estes de tudo o que é passível de significação.

A priori defende Agostinho que o ensino é possível através da palavra. Para conseguir um entendimento, tanto o falante quanto o ouvinte têm de entender o caráter de sinal de uma palavra. Entretanto, no decorrer do diálogo, Agostinho contrapõe sua primeira tese com o paradoxo segundo o qual: nada pode ser ensinado sem sinais; os sinais não ensinam nada. Ele explica que o sinal não produz, mas pressupõe um conhecimento prévio das coisas. Em outras palavras: se não sabemos a que coisa uma sinal se refere, este nada nos pode ensinar; e se, ao contrário, o sabemos, este não estará ensinando, mas sim nos recordando de algo que já sabemos. Ora, como então é possível a educação?

O problema filosófico sobre a possibilidade da educação é resolvido através da doutrina/teoria agostiniana da iluminação. Ela afirma a existência de uma intervenção divina na mente humana, que nos possibilita encontrar a verdade, abrigada dentro de cada um de nós e acessada pela nossa inteligência somente depois de recebida influência direta de Deus, ou seja, as verdades universais só se tornam inteligíveis aos homens depois de tocadas primeiramente pela luz divina. Deus, para Santo Agostinho, é o único mestre efetivamente capaz de ensinar. A relação humana entre mestre e aluno resta então reduzida a uma estimulação para a busca interior da verdade.

A solução agostiniana dada ao problema é a conhecida metafísica da interioridade. Nela, as palavras são sinais exteriores do conhecimento que é dado sempre pelo Mestre interior, identificado aqui como Cristo: “Não aprendemos pelas palavras que repercutem exteriormente, mas pela verdade que ensina interiormente” (De Magistro, XIV,46). Sua obra De Magistro foi objeto de discussões no período teológico mais fértil da Idade Média, inclusive exercendo influência no pensamento de filósofos posteriores, como Tomaz de Aquino, e que, ainda hoje, continua sendo estudada como fonte de discussão dos problemas concernentes ao significado e ao valor da linguagem.

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