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Seis Definições Modernas de Hermenêutica

Por:   •  24/5/2016  •  Artigo  •  1.203 Palavras (5 Páginas)  •  2.214 Visualizações

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Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Fenomenologia e Hermenêutica

Leo Henrique de Souza    RA: 1003822

Resumo: Seis Definições Modernas de Hermenêutica – Richard E. Palmer

Seis Definições Modernas de Hermenêutica

 Richard E. Palmer

Acerca dos estudos sobre hermenêutica, advento da Modernidade traz consigo, seis maneiras diferentes de defini-la. De uma maneira sucinta, e tendo como base a terceira parte do livro Hermenêutica, de Palmer. As seis definições citadas por Palmer nessa parte, são: A teoria da exegese bíblica, uma metodologia filológica geral, uma base metodológica dos Geisteswissenschaften, uma fenomenologia da existência e da compreensão existencial e por último, os sistemas de interpretação simultaneamente recolectivos e inconoclásticos.

Pela ordem dos conceitos citados acima, o primeiro a ser explicado é o da teoria de exegese bíblica. O conceito sobre hermenêutica mais antigo e difundido, tem estreita relação com interpretações bíblicas. A exegese, frente a hermenêutica, se diferenciam entre si, pois são metodologias diferentes de interpretação. Entretanto, apesar dos conceitos serem muito parecidos há uma significativa diferença entre os dois métodos. A exegese tem a função de dar clareza ao texto, analisando o seu significado de forma objetiva e profunda, sendo que essa especificidade pode-se dar tanto a um texto, quanto a uma frase, ou a uma palavra. Isso denota extrair do texto aquilo que ele significa de forma literal. A hermenêutica já tem uma essência mais ampla, pois abrange outros aspectos, tanto às generalidades quanto às especificidades. Isso significa dizer que a hermenêutica analisa não somente o texto, mas também o contexto, tornando-se imprescindíveis elementos como fator histórico, momento político em que o texto ou livro fora escrito, fator social, cultura, econômico, etc. A hermenêutica também tem entre seus principais aspectos a semântica, algo que é imprescindível à exegese, logo, podemos dizer que a exegese é extremamente relevante para execução da hermenêutica.

A metodologia filológica, tem como base, e influência direta, o racionalismo e o surgimento da filologia clássica no século dezoito. Inicialmente, esse processo de metodologização consistia em uma espécie de mapeamentos interpretativos tradicionalmente utilizados. Esse movimento gerou compêndios de regras interpretativas tradicionalmente utilizadas nas atividades dos juristas, dos teólogos e dos filólogos, regras essas que normalmente contém em si muito bom senso, mas que não formam um todo coerente. Porém, por mais que esses conjuntos de regras pudessem servir para orientar uma prática adequada, eles não formavam um sistema unificado e sistematizado. Tratava-se ainda de uma compilação do senso comum, e não do desenvolvimento de um sistema moldado pelas exigências modernas de unicidade, racionalidade e coerência. Além disso, nesses esforços iniciais não havia ainda um pensamento hermenêutico propriamente dito, pois, os teóricos da interpretação simplesmente pretendiam extrair da prática filológica, teológica e jurídica as regras adequadas para orientar o intérprete no processo de extração dos sentidos corretos dos textos. Assim, não se procedeu propriamente a uma reflexão acerca dos métodos interpretativos, mas a uma coleção das regras que deveriam ser utilizadas na interpretação.

Wilhelm Dilthey (1833-1911), foi um filósofo hermenêutico, psicólogo, historiador, sociólogo e pedagogo alemão. Dilthey entendia que a hermenêutica, poderia servir de base para todas as Geisteswissenschaften (ciência humanas), defendendo que as interpretações e compreensões que abarcam a vida humana, implica uma compreensão histórica, que se difere dos conhecimentos científicos. Essa compreensão histórica, sua essência, é o conhecimento pessoal do significado de sermos humanos. Para Dilthey é possível, diante do mundo humano, adotar uma atitude de "compreensão pelo interior", ao passo que, diante do mundo da natureza, essa via de compreensão estaria completamente fechada. Os meios necessários à compreensão do mundo histórico-social podem ser, dessa maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito. A experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária (Erlebnis), seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas formas concreta e viva.

A hermenêutica como fenomenologia e compreensão, por Martin Heidegger (1889-1976), trata o problema ontológico usando a fenomenologia husserliana. Heidegger, no seu livro Ser e Tempo (1927), trata do homem, como o “ser” no mundo, e sua relação do “ente”, do mundo e do tempo. Mas o que seria o “ser”? Heidegger afirma que o ser humano é um "ente destacado", capaz de questionar o próprio ser, possuindo uma compreensão do ser. Este ente é o homem, que Heidegger chama de “ser-aí”, o homem enquanto um ente que existe imediatamente no mundo. Para investigar o ser-aí, impõe-se uma analítica existencial, que tem como tarefa explorar a conexão das estruturas existenciais que definem a existência desse ser-aí. A hermenêutica nesse contexto, não está relacionada a uma compreensão textual nem mesmo as geisteswissenschaften, mas a uma tentativa de explicação fenomenológica da própria existência humana. Heidegger explica que a compreensão e a interpretação, são atos estritamente humanos, fundamentalmente humanos. A hermenêutica heideggeriana do Dasein, acaba transformando-se em Hermenêutica, pois, antes de tudo, busca a ontologia da compreensão.                                        A diferenciação da palavra hermenêutica, tomada em Ser e Tempo, destaca-se das demais por abarcar não só as dimensões ontológicas de compreensão, mas ao mesmo tempo, alinhando-se a fenomenologia específica de Heidegger.

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