Significado da carteira da identidade terrestre em Edgar Morin
Por: MAVAJU2019 • 25/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.901 Palavras (12 Páginas) • 303 Visualizações
A Carteira da Identidade Terrestre em Edgar Morin
Índice
Introdução 3
1. De um cosmos a outro 4
2. O planeta singular 4
3. A Terra da Vida 5
4. A identidade humana 6
5. A unidade antropológica 8
6. A Consciência terrestre 9
7. Notas de Conclusão morinianas 9
Conclusão 11
Bibliografia 12
Introdução
O presente trabalho tem como tema: “A Carteira da Identidade Terrestre segundo Edgar Morin”. Com esta abordagem, pretende-se familiarizar com o pensamento ecológico de Edgar Morin.
Para tal, a sua concretização foi possível graças ao uso dos seguintes objectivos específicos: contextualizar a carteira da identidade terrestre; descrever a singularidade terrestre e caracterizar a identidade humana.
Este trabalho ganha importância na medida em que aborda a proposta da Terra-Pátria de Edgar Morin, que se concretiza via paradigma da complexidade, visto que o mesmo nos permite enxergar a policrise em que nos encontramos como planetária.
O método bibliográfico norteou todo trabalho que conta com sete principais itens, incluindo a sua parte conclusiva.
1. De um cosmos a outro
No segundo capítulo do Terra-Pátria, Edgar Morin com sua colaboradora abordam a questão da identidade terrestre buscando a génese do planeta terra segundo a concepção de vários autores que se empenharam em tal tarefa.
Durante milénios, o mundo teve por centro e por realeza a Terra, em torno da qual Sol e planetas cumpriam sua órbita obediente. Esse mundo havia sido observado pelos astrónomos da Antiguidade e confirmado pelo sistema de Ptolomeu, cuja validade irá perdurar até o início dos tempos modernos.
Nos mesmos anos 1960 em que um devir cósmico prodigioso ganha forma, vemos aparecer no universo actual estranheza até então inimagináveis: quasares (1963), pulsares (1968), depois buracos negros, e os cálculos dos astrofísicos fazem supor que conhecemos apenas 10% da matéria, 90% sendo ainda invisível a nossos instrumentos de detecção. “Estamos portanto num mundo feito apenas muito minoritariamente de estrelas e de planetas, e que comporta enormes realidades invisíveis”, (MORIN & KERN, 2003:43).
E eis-nos aqui, neste começo de milénio, num universo que traz em seu princípio o Desconhecido, o Insondável e o Inconcebível. Eis-nos num universo nascido de um desastre e cuja organização só pôde se dar a partir de uma minúscula imperfeição e de uma formidável destruição (de antimatéria).
Assim, sabemos sem querer saber que nos originamos deste mundo, que todas as nossas partículas foram formadas há 15 bilhões de anos, que nossos átomos de carbono se constituíram num sol anterior ao nosso, que nossas moléculas nasceram na Terra e talvez tenham aqui chegado às vezes por meteoritos. Sabemos sem querer saber que somos filhos desse cosmos, que carrega em si nosso nascimento, nosso devir, nossa morte, (Ibid:45).
No entanto, é no cosmos que devemos situar nosso planeta e nosso destino, nossas meditações, nossas ideias, nossas aspirações, nossos temores, nossas vontades.
2. O planeta singular
Embora sendo um planeta dependente do Sol, essa Terra-Mundo é completa, isolada, autónoma, e obtém sua autonomia de sua própria dependência. É um planeta que se tornou singular e solitário entre os outros planetas do sistema solar e os astros da galáxia. E foi nessa solidão singular que ela fez nascer algo de solitário e de singular em todo o sistema solar, provavelmente na galáxia, talvez no cosmos: a vida, (MORIN & KERN, 2003: 49).
No entanto, esse mundo por muito tempo ficou desconhecido dos homens que não obstante haviam recoberto o planeta há várias dezenas de milhares de anos ao se separarem uns dos outros. A exploração sistemática da superfície da Terra efectuou-se ao mesmo tempo que se desenvolveu a era planetária, e dela expulsou paraísos, titãs, gigantes, deuses ou outros seres fabulosos, para reconhecer uma Terra de vegetais, de animais e de humanos. É nos anos 1960 que surge, juntamente com um novo cosmos, uma nova Terra. A tectónica das placas permite então que as ciências da Terra se liguem numa concepção de conjunto, e o planeta, deixando de ser uma bola, um suporte, um alicerce, torna-se um ser complexo que tem sua vida própria, suas transformações, sua história: esse ser é ao mesmo tempo uma máquina térmica que não cessa de se auto-organizar. A superfície ou crosta terrestre recobre o manto, espécie de ovo mole que envolve um núcleo onde reina um calor intenso.
Nossa crosta viveu e continua a viver uma aventura prodigiosa, feita de movimentos dissociativos, reassociativos, verticais, horizontais, de derivas, encontros, choques (tremores de terra), curto-circuitos (erupções vulcânicas), quedas catastróficas de grandes meteoritos, glaciações e aquecimentos, (MORIN & KERN, 2003: 47).
Como os outros planetas, ela teria se formado por encontro e aglomeração de poeiras cósmicas, talvez após a explosão de uma supernova, de onde teriam se constituído planetesimais", eles próprios reunindo-se e aglomerando-se no movimento mesmo de formação do sistema solar. Para tal um amontoado de detritos cósmicos adquiriu forma e organização para tornar-se o planeta Terra, e, numa agitada aventura de 4 bilhões de anos, formou-se e organizou-se um sistema complexo, com núcleo, manto e crosta.
3. A Terra da Vida
Foi a partir de 1950, após a descoberta por Watson e Crick do código genético inscrito no DNA das células vivas, que se revela que a vida é formada dos mesmos constituintes físico-químicos que o resto da natureza terrestre, e que difere unicamente pela complexidade original de sua organização.
Assim, portanto, pode-se doravante admitir, em nosso começo de século, que a organização viva seja o fruto de uma complexificação organizacional não linear, mas resultante de encontros aleatórios pedras, mas finalmente em meio líquido turbilhonante. A origem da vida permanece ainda um mistério sobre o qual não cessam de ser elaborados
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