Vida e obra de Hume
Por: Marcelo Monção • 11/1/2016 • Ensaio • 2.991 Palavras (12 Páginas) • 459 Visualizações
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Faculdade de Formação de Professores - FFP
Departamento de História
Disciplina: Filosofia II
Professora: Diogo Bogéa
Aluno: Marcelo Iname Monção
Resumo:
VIDA E OBRA (David Hume)
David Hume nasceu na Escócia, passou a infância em Ninewells, ao completar doze anos foi estudar no college de Edimburgo. Durante quatro anos fez sólidos estudos clássicos. Em 1726, voltou para Ninewells, onde se dedicou a ler os escritores ingleses da época e os filósofos Clarke e Bayle. Os sonhos de “expansão Geográfica” acabaram no canal da Mancha, no território francês.
O jovem encontrou tranquilidade e atmosfera intelectual no famoso colégio de La Flèche, onde Descartes estudara com os jesuítas. Na França revelou o primeiro fruto de suas inquietações intelectuais: as duas primeiras partes de um Tratado da Natureza Humana, para os especialistas, seu principal trabalho, embora escrito na juventude.
Da origem das ideias, cada um admitirá prontamente que há uma diferença considerável entre as percepções do espírito, quando uma pessoa sente a dor do calor excessivo ou o prazer do calor moderado, e quando depois recorda em sua memória esta sensação ou a antecipa por meio de sua imaginação. Se distinguem em duas classes ou espécies, por seus diferentes graus de força e vivacidade. As espécies menos fortes e menos vivas são os pensamentos ou ideias, a outra são as impressões (sentido diferente do usual), sendo entendida como as percepções mais vivas.
Percepções dos sentidos, nunca podem alcançar integralmente a força e a vivacidade da sensação original (representam seu objeto de modo tão vivo que quase podemos dizer que vemos ou que sentimos). O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada. O pensamento humano não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade, pois o pensamento pode transporta-nos. Pode conceber o que ainda não foi, visto ou ouvido, a única coisa que está fora de seus limites implica em absoluta contradição, entretanto, está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos.
Todos os materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas ou internas, mas a mistura e composição deles dependem do espírito e da vontade. Em linguagem filosófica: todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas. A única maneira por que uma ideia pode ter acesso ao espírito, isto é, mediante o sentimento e a sensação reais.
Existe um fenômeno contraditório que pode provar que não é absolutamente impossível que as ideias nasçam independente de suas impressões correspondentes. Se concordar facilmente que as várias ideias de cores diferentes que penetram pelos olhos, são realmente diferentes umas das outras, embora, ao mesmo tempo parecidas. Se isto é verdadeiro a respeito das diferentes cores, deve sê-lo igualmente para os diversos matizes da mesma; e cada matiz produz uma ideia diversa, independente das outras. As ideias simples nem sempre derivam das impressões correspondentes, mas esse caso tão singular é apenas digno de observação.
Há também uma proposição, que pode tornar toda discussão igualmente inteligível e eliminar todo jargão, que há muito tempo se apossou dos raciocínios metafísicos e os desacreditou. Fundamenta que todas as ideias, especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e obscuras.
É evidente que há um princípio de conexão entre os diferentes pensamentos ou ideias do espírito humano e que, ao se apresentarem à memória ou a imaginação, se introduzem mutuamente com certo método de regularidade. Uma prova segura de que as ideias simples, compreendidas nas ideias complexas, foram ligadas por algum princípio universal com igual influência sobre todos os homens é o fato de que entre os idiomas mais diferentes, mesmo naqueles em que não podemos supor a menor conexão ou comunicação, encontramos que as palavras que exprimem as ideias mais complexas quase se correspondem entre si.
Os princípios de conexão entre as ideias que servem para liga-las são três: de semelhança, de contiguidade (no tempo e no espaço) e de causa ou efeito. É difícil provar tanto para nossa como para a satisfação do leitor que esta enumeração é completa e que não há outros princípios de associação. O homem é um ser racional e está continuamente à procura da felicidade, que espera alcançar para a satisfação de alguma paixão ou afeição, raramente age, pensa ou fala sem propósito ou intenção. Sempre tem algum objetivo em vista, embora às vezes sejam inadequados os meios que escolhe para alcançar seu fim, jamais o perde de vista e nem desperdiça seus pensamentos ou reflexões quando não espera obter nenhuma satisfação deles.
Em todas as composições geniais é, portanto, necessário que o autor tenha algum plano ou objeto; e embora possa ser desviado deste plano pela impetuosidade de seu pensamento, ou omiti-lo descuidadamente, deve aparecer algum fim ou intenção em sua primeira composição, senão na composição completa da obra. Uma obra sem um desígnio se assemelha mais a extravagância de um louco do que aos sóbrios esforços do gênio e do sábio. Conclui-se que nas composições narrativas os eventos ou atos que o escritor relata devem estar unidos uns aos outros na imaginação e formem uma espécie de unidade que possa situá-los em um único plano, em um único ponto de vista, e que possa ser o objeto e o fim do autor em seu primeiro empreendimento.
A espécie mais habitual de relação entre os diferentes eventos que fazem parte de uma composição narrativa é a de causa e efeito. Não é apenas numa determinada parcela de vida que as ações de um homem dependem umas das outras, mais durantes toda a sua existência, ou seja, do berço ao túmulo; é impossível quebrar um único elo, embora diminuto, desta cadeia regular sem afetar toda a série de eventos. A unidade de ação difere da poesia épica não em gênero, mas em grau. Na poesia épica, a conexão entre os eventos é mais próxima e mais sensível e busca satisfazer à curiosidade dos leitores, esta conduta conta com a situação particular da imaginação e das paixões. Tanto a imaginação do escritor como a do leitor é mais avivada, e as paixões são mais estimuladas do que na história, na biografia ou em todo tipo de narração confinada estritamente à verdade e à realidade.
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