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A AGRICULTURA FAMILIAR E BIODIVERSIDADE DO CERRADO NO ASSENTAMENTO XUPÉ, AGUIARNÓPOLIS/TO

Por:   •  28/3/2021  •  Artigo  •  2.988 Palavras (12 Páginas)  •  290 Visualizações

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AGRICULTURA FAMILIAR E BIODIVERSIDADE DO CERRADO NO ASSENTAMENTO XUPÉ, AGUIARNÓPOLIS/TO

Thiago Santos SOUSA

Graduando do curso de Geografia da UFT/Campus Araguaína

thiagosousato501@gmail.com

Carlos Augusto MACHADO

Professor do curso de Geografia da UFT/Campus Araguaína

delagnesse@uft.edu.br

Maurício Ferreira MENDES

Professor do curso de Geografia da UFT/Campus Araguaína

mauricio.mendes@uft.edu.br

RESUMO

A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, sendo importante também para geração de renda e utilização dos recursos naturais de maneira sustentável. Neste sentido, o presente texto objetiva analisar a agricultura familiar e a biodiversidade do Cerrado no assentamento Xupé, Microrregião Geográfica do Bico Papagaio, Tocantins, com vistas a promoção da segurança alimentar. O delineamento utilizado para a realização deste trabalho foi o estudo de caso, conforme sugerido por Marconi e Lakatos. Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento do estudo foram: pesquisa bibliográfica; coleta de dados secundários e trabalhos de campo. Ao associar a diversidade de produção de alimentos da agricultura familiar e a biodiversidade do Cerrado, as famílias do assentamento Xupé consolidam hábitos alimentares mais saudáveis, visto que não há utilização de defensivos agrícolas, venenos e sementes híbridas, além do que, os frutos do Cerrado se apresentam como um banco de nutrientes e vitaminas para as famílias, principalmente as da zona rural, promovendo assim a segurança alimentar.

Palavras-chave: Cerrado, produção de alimentos, segurança alimentar, Bico do Papagaio, Tocantins.

ABSTRACT

The family farming is responsible for 70% of the food consumed by Brazilians, and is also important for income generation and sustainable use of natural resources. In this sense, the present text aims to analyze family farming and Cerrado biodiversity in the Xupé settlement, Bico Papagaio Geographic Microregion, Tocantins, with a view to promoting food security. The design used for this study was the case study, as suggested by Marconi and Lakatos. The methodological procedures adopted for the development of the study were: bibliographic research; secondary data research and field work. By combining the diversity of food production from family farming and the biodiversity of the Cerrado, the families of the Xupé settlement consolidate healthy eating habits, as there is no use of pesticides, poisons and hybrid seeds, and the fruits of the Cerrado are present a nutrient and vitamin bank for families, especially rural areas, thus promoting food security.

Keyword: Cerrado, food production, food security, Bico do Papagaio, Tocantins.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a discussão sobre a agricultura familiar vem ganhando legitimidade social, política e acadêmica no Brasil, passando a ser utilizada com mais frequência nos discursos dos movimentos sociais rurais, pelos órgãos governamentais e por segmentos acadêmicos, especialmente pelos estudiosos das Ciências Sociais e Humanas que se ocupam da agricultura e do mundo rural. Embora tardiamente, se comparada à tradição dos estudos sobre esse tema nos países desenvolvidos, a emergência da expressão “agricultura familiar” emergiu no contexto brasileiro a partir de meados da década de 1990 (SCHNEIDER, 2003).

A agricultura familiar tem bastante importância na absorção de empregos e na produção de alimentos. Entretanto, é necessário destacar que além de fator redutor do êxodo rural e fonte de recursos para as famílias com menor renda, também contribui expressivamente para a geração de riqueza, considerando a economia não só do setor agropecuário, mas do próprio país (GUILHOTO et al., 2011).

Portanto, a agricultura familiar no Brasil é fundamental para a economia dos pequenos municípios brasileiros. O Censo 2010 registrou que 29.852.986 pessoas vivem em áreas rurais no país, o que representa 15,65% da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a população urbana soma 160.879.708 (84,35%) pessoas (TELLES, 2017).

Hoje, a agricultura familiar é a base econômica de 90% dos municípios brasileiros, responde por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e está ligada a 40% da população economicamente ativa do país. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006 (último censo que foi feito), cerca de 4,4 milhões de unidades produtivas no país – metade delas situada na região Nordeste – são propriedades rurais pertencentes a grupos familiares (TELLES, 2017, p. 1).

Coexistindo com a agricultura familiar está o Cerrado, que é o segundo maior bioma e um dos mais diversos do Brasil, ocupa aproximadamente 21% do território nacional e abriga cerca de 33% da diversidade biológica brasileira (AGUIAR et al., 2004). Florísticamente é considerado a savana mais rica do mundo, pela sua elevada riqueza de espécies e o alto grau de endemismo, sendo incluído na lista como um dos hotspots mundiais, para a conservação da biodiversidade (MITTERMEIER et al., 2005; WALTER, 2006).

Os frutos do Cerrado contribuem na promoção da segurança alimentar, pois apresentam nutrientes, por exemplo, o buriti (Mauritia flexuosa) e o pequi (Caryocar brasiliense) tem alta concentração de betacaroteno, que se transforma em vitamina A no organismo humano, e o jatobá (Hymenaea courbaril) é rico em cálcio, que é importante para os dentes e ossos. Portanto, os frutos citados do bioma Cerrado representam um banco de nutrientes, principalmente para a população da área rural (AGUIAR et al., 2004).

Porém, a urbanização e a expansão da fronteira agrícola passaram a ameaçar esse bioma e hoje cientistas estimam que 70% das áreas de Cerrado já estão ocupadas e/ou alteradas. Exemplos de degradação ambiental são provocadas pelas carvoarias que desmatam áreas de Cerrado para produzir carvão.

Também a expansão das monoculturas, em especial da soja, a contaminação ambiental com agrotóxicos, desmatamentos e queimadas, a pressão dos empresários rurais sobre as Unidades de Conservação, sobre as terras indígenas, quilombolas, assentamentos e comunidades tradicionais. O plantio da soja é ampliado todo ano, o que contrasta com as diminuição das áreas de arroz, feijão, causando grande impacto socioambiental.

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