A Cidade
Por: rebeccc • 19/5/2015 • Trabalho acadêmico • 1.094 Palavras (5 Páginas) • 564 Visualizações
Fichamento de Leitura: Ana Fani Carlos. A Cidade. Editora Contexto, 1992. p. 11 a 34.
Introdução:
"Que palavras as pessoas associam à palavra cidade? Ruas, prédios, carros, congestionamento, multidão, gente - em mais de 80% dos casos. A cidade aparece aos nossos olhos - no plano imediato, do diretamente perceptível, como concreto diretamente visível e percebido, formas, caos. A cidade que parece distante, aparece num emaranhado difícil de ser apreendido, quase impossível de ser capturado." (p. 11)
"A obra do homem parece se sobrepor ao próprio homem[...]As conquistas aparecem vinculadas aos reis, aos líderes, quem constrói, quem conquista, quem luta, quem destrói."(p.12)
História de Heróis
"Se pensarmos a discussão sobre a noção de cidade apoiada na sua aparência, esta tem como ponto de partida a construção de uma imagem que as pessoas fazem da cidade. A poesia concreta que surge da vida na grande cidade , enquanto forma de interiorização da vivência urbana, pode ser usada, claramente, como exemplo do reflexo do processo industrial no modo de vida urbano. A poesia concreta (...) traz uma contribuição importante para se pensar cidade. Enquanto forma e linguagem a poesia concreta é assimétrica e objetiva." (p. 13)
"As relações coisificadas ocorrem através da mediação do dinheiro. A cidade continua crescendo, atraindo pessoas, aspirando trabalho, separando o indivíduo, gerandoconflitos, criando preconceitos. O isolamento na grande metrópole é um dado indiscutível: o estar sozinho no meio da multidão." (p.14)
O Tempo e o Ritmo
"O semáforo é o símbolo da cidade hoje, do seu ritmofebricitante, dos signos que emitem ordem. (...) O tempo passa a medir a vida das pessoas, do seu relacionamento com o outro, uma relação coisificada, mediada pelo dinheiro e pela necessidade de ganha-lo" (p. 17 a 18)
"O centro da metrópole, o centro de negócios, produz diariamente um grande 'vai e vem' de pessoas apressadas. Multidão amorfa. O mundo urbano não é homogêneo; há uma multiplicidade de atos , modos de vida, de relações." (p.19)
O Mundo das Coisas
"Na sociedade atual o homem/operário é apenas expressão do tempo. (...) O homem passa a ser avaliado pela sua capacidade de 'ter coisas'." (p. 20)
"Assim, as relações entre as pessoas passam pelo dinheiro; o homem é entendido pelos aspectos exteriores e o que mede sua vida é o tempo de trabalho(...) e a quantidade percebida de dinheiro. O padrão arquitetônico da cidade também segrega, separa, expulsa." (p.21)
Heterogeinedade
" É evidente que os bairros se diferenciam tamvém pelo movimento de frequencia nas ruas. Nos chamados Bairros Nobres onde reside a população de alta renda, as ruas são vazias. Nos bairros populares - com população de baixo poder aquisitivo - a rua é quase uma extensão da casa." (p. 22 a 23)
"Assim,a paisagem urbana e a cidade nos abrem a perspectiva de entendermos o urbano, a sociedade e a dimensão social e histórica do espaço urbano" (p 23)
Uma Relação entre Forma-Essência
"Em síntese, pode-se afirmar que as coisas não se constituem sem que apareçam de certa forma e sejam capazes de serem apreendidas, analisadas, logo entendidas. É a partir daquilo que aparece aos olhos do pesquisador que as questões se colocam e o processo de conhecimento se desencadeia. A cidade tem outras dimensões de análise. No século passado, Balzac já atentava para algumas características fundamentais da cidade: a constituição incessante do novo." (p. 24)
A Dimensão do humano
"A cidade representa trabalho materializado, ao mesmo tempo que representa uma determinada forma do processo de produção de um sistema específico, portanto, a cidade é também uma forma de apropriação do espaço urbano produzido. Enquanto materialização do trabalho social, é instrumento de criação de mais-valia, é condição e meio para que se instituam relações sociais diversas. Nesta condição apresenta um modo determinado de apropriação que se expressa através do uso do solo. (...) Assim, a cidade aparece como um bem material, como uma mercadoria consumida de acordo com as leis de reprodução do capital. " (p. 27 a 28)
O espaço que cabe intuir
"(...) ao produzir sua existência os homens produzem não só sua história,conhecimento, processo de humanização mas também o espaço. (...) Um produto concreto , a cidade, o campo, o território- nessa perspectiva o espaço, enquanto dimensão real que cabe intuir - colocam-se como elementos visíveis(...)" (p. 28)
" Estas condições passam a ser produzidas pela sociedade em função de objetivos e necessidades imposto num dado momento histórico que se profuz no embate entre o que é bom para o capital e o que é bom para a sociedade." (p.29)
"Nesse processo, os indivíduos se identificam enquanto integrantes de classes e camadas sociais diferenciadas." (p. 30)
Especificidade Histórica
"Na medida em que o homem vai deixando de ser coletor (...) e dedicando-se ao cultivo de plantas e domesticação de animais (...) ele vai deixando de ser nômade. (...) ele muda as suas relações com o meio. (...) Ele passa a produzir um espaço e nesse relacionemento com ambos começam a se modificar. " (p. 30 a 31)
"O processo geográfico é, assim, um todo estruturado que se cria e desenvolve à medida que a sociedade , ela própria, desenvolve-se. Esses constantes criação e desenvolvimento, que ocorrem através do processo de produção, são mensurados pelo trabalho, o qual é condição inicial , sem a qual não se pode entender o espcaço." (p. 32)
Urbanização Dependente
"A necessidade de se pnsar o processo de produão do espaço numa perspectiva de mudança envolve a análise das desigualdades sociais quecolocam em xeque as formas de apropriação, expressas no parcelamento do solo urbano e , consequentemente, nas formas de uso. " (p. 33)
"Pensar numa cidade humana, num novo urbano significa a superação da atual ordem econômica, social, jurídica, política e ideológica, a partir da participação de toda a sociedade brasileira(...)" (p.33)
CONSIDERAÇÕES:
No texto apresentado a autora trata diversas problemáticas envolvendo o tema Cidade. Vemos no início uma necessidade da autora em explicar a multiplicidade de formas, generos, espaços criados em metrópoles e, para justificar-se, encontra em outras vertentes artísticas - como a música e a poesia- associações que a garantem uma bem-sucedida análise. Após este primeiro contato com o tema apresentado, a autora começa a aprofundar-se na discussão desta multiplicidade: como surgiu, como contribuimos para seu crescimento e como podemos minimizar os danos causados. Outro ponto nítido de enfoque é o valor do Capital em relação às construções de nossas cidades, como a escala humana é usada - a priori- para a labuta e como este impacto reflete em nossa sociedade. Aliás, ao decorrer de todo o texto, a autora traça um paralelo entre o valor da humanização contraposto ao do capital, os diferentes ritmos que cada uma dessas vertentes podem causar, e como contribuimos para alcançar este estágio de ritmo acelerado que encontramos nas metrópoles hoje.
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