A Ciência Geográfica e a Construção do Brasil
Por: Basílio Di Melo • 23/5/2016 • Resenha • 476 Palavras (2 Páginas) • 989 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ[pic 1]
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
GEOGRAFIA E ENSINO I
PROFA. DRª. ALEXANDRA MARIA DE OLIVEIRA
DISCENTE: DAVID BASÍLIO DE MELO
RESENHA: A ciência geográfica e a construção do Brasil, de Manoel Fernandes de Sousa Neto.
FORTALEZA, 2016
O texto de Manoel Fernandes de Sousa Neto, aponta a formação da ciência geográfica no Brasil aliada à construção social do povo brasileiro, tratando dos simbolismos, porque o autor fala que a ciência geográfica foi “responsável pela elaboração de diversas imagens do mundo, ao mesmo tempo que se utilizou dessa ciência para a construção material desse mesmo mundo.
O autor fala que para compreender o que temos hoje a nível de país e de ciência a importância da desconstrução de certas imagens se fazem de fundamental importância.
Segundo Lúcia Lippi Oliveira, a sociedade brasileira se firma no prisma de um passado histórico remoto, que produziu a busca de suas raízes baseadas em concepções mitológicas e em traços culturais, de brancos, índios e negros, respectivamente. Tal cenário segregava ao invés de congregar para que se tomasse um ideal de nação. A consciência de espaço, territorialidade forneceu a base necessária para a formulação de um projeto de nação.
As decisões geopolíticas da Metrópole eram tomadas a partir das descrições dos cronistas a serviço do rei, visando sempre a exploração natural e humana do território. Para tanto, a importância dos geógrafos-cartógrafos foi no sentido de delimitar fronteiras, arranjo dos limites naturais e desenhos do território.
Os cronistas precederam a Geografia Moderna e seus métodos de descrição, classificação e investigação (Capel, 1999). O mundo precisava ser cartografado, portanto a Geografia se constituiu juntamente ao mundo, à medida que ia sendo recortado, setorizado por latitudes e longitudes, limites fronteiriços e repartições históricas.
A identidade nacional construída no Brasil está basilada no ideal de unidade territorial, porém o que realmente se defendia era os interesses dos proprietários de terras e de escravos. Se justificavam esses ideais com mitos ligados à própria natureza, visto a ausência de uma história da nação. O autor ilustra de forma sucinta que “as nossas referências simbólicas passaram, pelo próprio processo de construção do território, estendendo-se dos Monarcas ao espaço geográfico nacional e daí à nação” (p.15).
Em culminância deste processo, em meados da década de 1900, de acordo com Lia Osório Machado o conhecimento geográfico se pautou em um compromisso pragmático, distanciando dos debates teóricos, onde o saber técnico e útil de gestão era sobressalente. Em reflexo, a Geografia brasileira enclausurava-se no campo das ciências sociais, “voltada para dentro”, sendo fundamentalmente uma produção dirigida ao espaço brasileiro (1995).
Por fim, o autor aponta que o país necessita de uma desconstrução de suas imagens geográficas constitutivas, de um país pacífico, onde as revoltas não se faziam serem lembradas, mesmo com a matança dos povos negros e índios, e estes fazendo rebelia contra o domínio português, o que representava uma afronta à propriedade privada e legitimidade social do Estado neoliberal.
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