A Dualidade Territorial Religiosa do Conflito Israel-Palestino
Por: ic.castro • 30/9/2018 • Artigo • 1.483 Palavras (6 Páginas) • 431 Visualizações
A dualidade territorial religiosa do conflito Israel-Palestino
Igor Cruz de Castro
RESUMO
A constante disputa pela soberania de territórios e pela definição de novas fronteiras tem ocasionado uma série de conflitos pelo mundo durante toda a história, dos quais boa parte também é gerada pelas divergências entre povos de culturas diferentes. Este trabalho explana a questão palestina em termos dos aspectos históricos do conflito os quais atuam como responsáveis para a perduração do conflito ao longo dos séculos.
Palavras-chave: Oriente Médio; Conflitos religiosos; Questão da palestina; Faixa de Gaza;
1 INTRODUÇÃO
No último século, ao mesmo tempo em que se intensificava o processo de globalização, ampliavam-se os conflitos étnicos-nacionalistas, muitos deles relacionados a disputas territoriais. A ampliação desses conflitos revela uma situação aparentemente contraditória, pois, ao mesmo tempo em que a reprodução da modernidade, em nível global, tende a homogeneizar hábitos por meio do consumo e da indústria cultural, integrar mercados por meio das organizações supranacionais, diversos povos lutam por sua autonomia fragmentando o mundo num número cada vez maior de países (LUCCI et al., 2005).
As diferenças étnicas e religiosas existentes no oriente médio são resultados das influências que a região recebeu durante séculos, uma vez que é umas das áreas de ocupação mais antigas do mundo. Seu território já abrigou importantes civilizações, como a egípcia, as civilizações da Mesopotâmia (sumérios, assírios, caldeus), a hebraica, a fenícia e a persa. No entanto, podemos afirmar que dois fatores forma fundamentais para a geopolítica da região: o expansionismo árabe (séculos VII a XV) e a presença dos turcos do império otomano (séculos XV a XX) (MARTINEZ; GARCIA, 2013).
Localizada no oriente no médio, a região da palestina tem sido placo e um dos conflitos de maior repercussão em todo o mundo. Trata-se do confronto entre árabes e judeus pela posse dos territórios ocupados por esses dois povos, cujas raízes são tão antigas quanto a própria ocupação daquelas terras (ALMEIDA; RIGOLIN, 2005).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A faixa de terra pequena e desértica que se estende ao longo do Mediterrâneo, entre o Líbano e o Egito, tem sido objeto, há mais de cinquenta anos, de uma violenta disputa cujas raízes são tão antigas quanto à própria terra. Os conflitos nesta região denominada Palestina, envolve povos profundamente ligados à ela: os árabes e os judeus (ALMEIDA; RIGOLIN, 2005).
O moderno estado de Israel está localizado em um território anteriormente conquistado por inúmeros povos. O país, situado na costa oriental do Mar Mediterrâneo, é conhecido com “A Terra Santa” uma vez que, para os judeus, esta terra foi prometida pelo deus cristão.
A palestina, por sua vez, é o nome dado desde a antiguidade à região do Oriente Próximo, localiza-se ao sul do Líbano e a nordeste da Península do Sinai, entre o Mar Mediterrâneo e Vale de Rio Jordão (MADEIRA; AMORIM, 2010).
A questão histórica do Conflito
Apesar de ocuparem a referida região há mais de quatro mil anos, os judeus foram expulsos de suas terras no século III, durante o Império Romano, período caracterizado por uma intensa repressão, promovendo um processo de diáspora e, consequentemente, a difusão do povo judaico especialmente pelo continente europeu.
Após o longo período de ocupação romana que se sucedeu (século VII a XV), a Palestina foi ocupada pelos povos árabes, comumente denominados palestinos, os quais, por sua vez, eram predominantemente mulçumanos e permaneceram na região sob o domínio do Império Turco-Otomano, até o inicio do século XX.
Mesmo dispersos pelo mundo durante tanto tempo, os judeus preservaram sua identidade histórico-cultural e sempre alimentaram o sonho de construir um território judaico soberano e independente, originando o movimento sionista no inicio da década de 1910. Este movimento defendia a imigração dos judeus para a Palestina, visando a criação de um Estado judeu aos arredores do Monte Sião, o qual resultou no deslocamento massivo de judeus em direção à esta região, sendo fortemente apoiados pelos ingleses por meio da formulação da declaração de Balfor, em 1917 (MARTINEZ; GARCIA, 2013).
Devido à ocupação inglesa e francesa da região que resultou no declínio do domínio Turco-Otomano, em meados de 1940, ocorreu um processo de fragmentação territorial da Palestina. Por sua vez, o fim da ocupação franco-inglesa resultou na independência de vários países, favorecendo, assim, a criação do estado de Israel.
Após a Segunda Mundial, a Palestina transformou-se em um dos maiores focos de tensão mundial, de modo que, a partir de então, teve início uma nova fase de um dos conflitos mais duradouros da história (LUCCI et al., 2005).
Visando o desfecho da questão da Palestina, os britânicos decidiram abandonar o plano de construção do estado Judaico, deixando tal tarefa nas mãos da recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Esta, por sua vez, optou pela criação de uma dupla nação, dividindo o território disputado em três partes: o Estado Judeu, o Território Palestino e a Zona Internacional, correspondendo a 53%, 46% e 1%, respectivamente, da referida área (MADEIRA; AMORIM, 2010).
O plano, porém, foi rejeitado pelos palestinos, que teriam que ceder parte de seus territórios para os Judeus, acirrando, assim, ainda mais os conflitos entre esses povos., de modo que, em 1948, os judeus declararam oficialmente a independência do Estado de Israel, ocupando cerca de 56% de toda a Palestina. A reação árabe foi praticamente imediata: na tentativa de impedir a implantação do novo Estado, os exércitos dos países de religião mulçumana vizinhos (Egito, Jordânia, Iraque, Líbano e Síria) declararam guerra a Israel. Mais bem preparado e equipado militarmente pelos EUA, Israel derrotou as forças árabes pondo fim à primeira guerra árabe-israelense.
A vitória promoveu a ampliação do domínio de Israel sobre os territórios palestinos e a área da Faixa de Gaza passou a ser controlada militarmente pelo Egito e a Cisjordânia e parte oriental de Jerusalém, controlada pela Jordânia. Assim, o território reservado no início aos palestinos pela ONU, praticamente desapareceu, levando-os a se refugiarem em várias localidades no entorno da região, os quais desde então lutam pela criação do seu Estado, a qual é denominada Questão Palestina (MARTINEZ; GARCIA, 2013).
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