A Geologia da Serra do Espinhaço Meridional
Por: alissonsky • 23/1/2018 • Trabalho acadêmico • 1.505 Palavras (7 Páginas) • 1.194 Visualizações
[pic 1] | MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI CENTRO DE GEOCIÊNCIAS DIAMANTINA – MINAS GERAIS | [pic 2] |
Geologia da Serra do Espinhaço Meridional
Alisson Frederico Barbosa
Diamantina, abril de 2017
Introdução
A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege (1822), possui mais de 1200 km de extensão, seu limite sul começa no Quadrilátero Ferrífero e o limite norte adentrando o estado da Bahia, sendo a faixa orogênica pré-cambriana mais extensa e contínua do território brasileiro. Ela é dividida, normalmente em dois grupos variando até quatro como mostrado na Figura 01, em Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) e Serra do Espinhaço Setentrional, cuja divisão se dá a uma zona deprimida que diferencia muito bem os dois compartimentos ao norte de Diamantina-MG. O foco desse trabalho é o SdEM cujo número de acervo bibliográfico disponível é vasto, no começo devido a produção diamantífera e posteriormente pelos debates e questionamentos sobre a geologia da região, mas que devido a esse grande volume de trabalhos a geologia da SdEM é ainda caracterizado por controvérsias (SILVA & KNAUER, 2011).
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Figura 01 – Divisão Serra do Espinhaço.
Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/rem/v57n1/1a07f01.gif
Desenvolvimento
A Serra do Espinhaço Meridional representa um orógeno de colisão edificado no Mesoproterozóico de aproximadamente 300 km na direção N-S, desde o Quadrilátero Ferrífero até a região de Olhos D’água e é edificada essencialmente por litologias do Supergrupo Espinhaço, principalmente rochas quartzíliticas e subordinamente, rochas filíticas, conglomeráticas e vulcânicas (ALMEIDA ABREU 1995). Possui altitude média da superfície em torno dos 1200m e com ponto mais alto entre os municípios de Serro e Santo Antônio do Itambé no chamado Pico do Itambé, e idades que variam entre o Arqueano e Neoproterozóico possuindo com maior ocorrência idades do Paleo- a Mesoproterozóicas (KNAUER, 2007).
Da base para o topo, a SdEM é dividida em Unidade Pré-Estateriana, dois Grupos e um Supergrupo denominado Espinhaço (Figura 02). A divisão das colunas litoestatigráficas proposta por Scholl & Fogaça (1979) para o Supergrupo Espinhaço são de oito Formações, que com o passar do tempo sofreram modificações mas continuam válidas. Elas então são agrupadas em três conjuntos maiores, denominados de Grupo Guinda, Formação Galho do Miguel e Grupo Conselheiro Mata (KNAUER, 2007).
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Figura 02- Quadro estratigráfico da SdEM
Fonte: SILVA & KNAUER, 2011
Começando da base da SdEM com as unidades pré-estaterianas, temos os chamados Complexo de Gouveia na região central e o Complexo Basal na borda leste, com idade de 2839±14 Ma, que contém granitoides, gnaisses e migmatitos, e temos o Grupo Pedro Pereira com rochas metamórficas de mais baixo grau com datação de 2971±16 Ma que são caracterizadas como possível relictos de um greenstone belt arqueano (LOPES SILVA & KNAUER, 2011).
Do Paleoproterozóico, mais especificamente 2,05 Ga, temos sequências dominantemente metassedimentares com níveis metamagmáticos subordinados do Grupo Costa Sena, este que é definido a partir do modelo adotado, onde aqui definimos como sendo formado pelas Formações Barão do Guaicuí e Bandeirinha. A primeira possui a maior espessura do Grupo Costa Sena e de acordo com Lopes Silva & Knauer (2011) é composto essencialmente por xistos, com superioridade de quartzo xistos, mosco moscovita-quartzo xistos com ou sem cianita, lazulita e/ou dumortierita, além de clorita xistos, quartzitos, formações ferríferas, metaconglomerados e metavulcânicas ácidas. A Formação Bandeirinha é formada na porção basal por sequência decamétrica de quartzitos, normalmente mecáceos, com estratificação cruzada de médio porte, e na unidade superior metaconglomerados polimíticos lenticulares e rochas xistosas infrequentes, e cuja espessura não ultrapassa os 300 metros.
Com espessura de aproximadamente 3,3 km o Supergrupo Espinhaço, como já apresentado, é divido em três conjuntos maiores. O primeiro, o Grupo Guinda é constituído pela Formação São João da Chapada, que de acordo com Schöll e Fogaça (1979) apresenta um conjunto litológico com predominância de quartzitos na base e no topo sendo separados por um nível pouco espesso de rochas magmáticas, onde esta disposição permitiu a individualização em três níveis, A, B e C, proposto por Schöll (1979), o nível mais basal (A) é formado por termos quartzíticos sobre metaconglomerados polimíticos e metabrechas quartizíticas e tem espessura entre 20 a 40 metros , o nível B com espessura máxima de 50 metros é constituído de filitos hematíticos que sua mineralogia principal apresenta muscovita, hematita e por vezes turmalina e o nível C é composto por quartzitos de granulação média a grosseira em bancos contínuos por cerca de 150 metros, essa Formação tem idade de 1703±12 Ma. Ainda no Grupo Guinda temos a Formação Sopa-Brumadinho que possui rochas conglomeráticas que ocorrem em toda porção central da Serra do Espinhaço, ela também ocorre dividida em três níveis litoestratigráficos, de acordo com Knauer (2007) a porção mais basal, definido como Membro Datas, é constituída por filitos e quarto-filitos, e possui espessuras menores que 50 metros. O Membro Caldeirões exibe espessuras entre os 100 e 200 metros com predomínio de quartzitos frequentemente ferruginosos sobre os metaconglomerados, possui ainda estruturas sedimentares preservadas que apresentam diversos tipos de estratificações cruzadas, de médio a grande porte, e marcas onduladas, simétricas e assimétricas com vários tamanhos e comprimentos de onda (KNAUER, 2007). E por último o Membro Campo Sampaio, que apresenta filitos, metassiltitos e quartzitos finos a corpos descontínuos de metabrechas diamantíferas de matriz filítica, além estruturas sedimentares como laminações plano-paralelas, marcas onduladas e interferência, na região norte do membro, na porção sul ocorre predomínio de termos quartzíticos finos. Podemos adicionar também a Unidade Rio Preto, caracterizada por sua alternância de pacotes decamétricos de quartzitos finos e micáceos. A Formação Itapanhoacanga também faz parte do Grupo Guinda e tem como característica os variados tipos de quartzitos, com intercalações de BIF’s, filitos, filitos hematílicos e metaconglomerados, ela ocorre na borda leste da serra e espessuras próximas a 150 metros (KNAUER, 2007).
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