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A Natureza Do Espaço-Resenha Hélio Araújo

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Por:   •  8/1/2015  •  11.558 Palavras (47 Páginas)  •  444 Visualizações

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A NATUREZA DO ESPAÇO – MILTON SANTOS (RESENHA)

Apresentação

Trata-se de uma leitura da obra de Milton Santos – A natureza do espaço, segunda edição de 1997 editado pela editora paulista Hucitec. De antemão solicito que o presente texto seja lido pelo seu final, pela sua conclusão. Nela registro algo que só com o tempo, na seqüência dos capítulos, vim a aprender sobre a referida obra. Do mais, o que se segue são comentários realizados , acompanhando as próprias partes do livro; método não muito adequado para se compreender o trabalho, daí porque a ressalva. De qualquer forma, o trabalho aqui realizado corrobora no aprofundamento de questões relacionadas ao livro.

Prefácio – história de um livro (p. 11-13)

O livro do Milton Santos começa sendo caracterizado como fruto de um longo caminho no tempo, produzido em passagem de vários lugares, e tendo trato com várias pessoas.

A introdução (p. 15-22)

À p. 15 ele destaca ... “Nosso desejo explícito é a produção de um sistema de ideias que seja, ao mesmo tempo, um ponto de partida para a apresentação de um sistema descritivo e de um sistema interpretativo da geografia.”

À p. 16 ele continua ... “Este livro resulta sobretudo de uma antiga insatisfação do autor diante de um certo número de questões. A primeira tem que ver com o próprio objeto do trabalho do geógrafo. A essa indagação , com frequência a resposta é busca numa interminável discussão a respeito do que é geografia....Discorrer , ainda que exaustivamente , sobre uma disciplina, não substitui o essencial, que é a discussão sobre seu objeto. Na realidade, ocorpus de uma disciplina é subordinado ao objeto e não o contrário. Desse modo, a discussão é sobre o espaço e não sobre a geografia; e isto supõe o domínio do método. Falar em objeto sem falar em método pode ser apenas o anúncio de um problema, sem, todavia, enunciá-lo. É indispensável uma preocupação ontológica, um esforço interpretativo de dentro, o que tanto contribui para identificar a natureza do espaço, como para encontrar as categorias de estudo que permitam corretamente analisá-lo.”

Essa tarefa supõe o encontro de conceitos, tirados da realidade, fertilizados reciprocamente por sua associação obrigatória , e tornados capazes de utilização sobre a realidade em movimento. A isso também se pode chamar a busca de operacionalidade, um esforço constitucional e não adjetivo, fundado num exercício de análise da história.

Comentário – Milton Santos visa a produção de um sistema de ideias, implicando descrição e interpretação, que para tanto, é necessário focarmos no objeto da geografia, o espaço. Para ele o fundamental é o objeto, sobre o qual se funda a disciplina. Para discutir espaço há de dominar o método. Trata-se de anunciar e enunciar. É necessário uma preocupação ontológica , um esforço interpretativo que tanto contribua para identificar a natureza do espaço como também para encontrar as categorias de estudos que permitam analisá-lo.

Neste ponto de partida de sua análise, Milton Santos cria uma equivalência entre método e ontologia.

Se realizamos uma consulta num dicionário, como o Houaiss (2009 ) , a palavra ontologia tem um significado que não parece ser o meio mais adequado para tratarmos do espaço.

Para entendermos isto, convém termos uma diferença que Heidegger (2009) estabelece entre ser e existir. O espaço existe, mas ele não é o ser. O ser nos remete a uma reflexão sobre por que há o ser e não o nada ! Na circunscrição do ser nós temos vários existentes, incluindo o espaço. Há o ato de ser, o espaço participa enquanto existente, assim como aquele que escreve estas linhas. Mas nem o espaço, nem o presente escriba, detém o ato de ser.

A impressão que se dá é que ontologia para Milton Santos é muito mais o esforço de se definir o que é espaço, mas isto não cabe à ontologia, está mais adequado ao campo da epistemologia. Uma reflexão do conhecimento humano nos termos em que se coloca e que se sustenta.

Ora, quando passamos de uma discussão que não mais se referencia à ontologia e sim à epistemologia temos uma percepção menos rígida do que possamos refletir sobre o espaço.

Isto porque a epistemologia encontra-se afeita à discussão da ciência e sua implícita alteridade, transitoriedade e revisão.

Em resumo, não há sentido de se ter ontologia do que é passageiro. O estudo do ser (ontologia) é sobre o que é . Mas o espaço não é, não era, passou a ser e pode vir a desaparecer. O ato de ser precede o espaço. Ser é aquilo que é ! O espaço existe, participa do ato de ser mas não é o próprio ser.[1]

Agora, afora este discernimento, há um outro aspecto a ser considerado quando Milton Santos fala em ....“Na realidade, o corpus de uma disciplina é subordinado ao objeto e não o contrário. Desse modo, a discussão é sobre o espaço e não sobre a geografia; e isto supõe o domínio do método. Falar em objeto sem falar em método pode ser apenas o anúncio de um problema, sem, todavia, enunciá-lo.”(p. 16)

A repetição da frase , já indicada anteriormente, encerra um problema, a saber, o corpus de uma disciplina é subordinado ao objeto , mas aí ... isto supõe o domínio do método!

Recorrendo novamente ao mesmo dicionário, método tem relação com procedimento técnico ou meio de fazer. É algo operacional, não é algo que se define por si, a rigor, pensamos nós, o que define o método a ser utilizado é o próprio objeto que consideramos para estudar , mas não é assim que Milton Santos pensa. Ele entende que o método é que legitima uma discussão sobre a compreensão do que seja espaço.

Inclusive, ele opera um jogo de verbos que não elucida a questão, ou seja, ele fala ... “Falar em objeto sem falar em método pode ser apenas o anúncio de um problema, sem, todavia, enunciá-lo.”(p. 16) Anunciar ... enunciar ... dá no mesmo ! Estes dois termos por ele utilizado não são suficientes para indicar a profunda discrepância que para ele existe de se falar em objeto sem falar em método.

Prosseguindo a leitura !

“O desafio está em separar da realidade total um campo particular, susceptível de mostrar-se autônomo e que, ao mesmo tempo, permaneça integrado nessa realidade total. E aqui enfrentamos um outro problema importante , e que é o seguinte : a definição de um objeto para uma disciplina e, por conseguinte, a própria delimitação e pertinência dessa disciplina passam pela metadisciplina e não o revés. Construir o objeto de uma disciplina e construir sua metadisciplina são operações simultâneas e conjugadas ...Uma disciplina é uma parcela autônoma, mas não independente , do saber geral. É assim que se transcendem as realidades truncadas, as verdades parciais, mesmo sem a ambição de filosofar ou de teorizar. (p. 17)

O que vem a ser metadisciplina ?

Como algo que está além da disciplina faculta à pessoa desenvolver uma dada disciplina ?

Milton Santos está diante de um problema e o recurso que utiliza para saná-lo encontra-se fora da disciplina que procura promover. É factível ?

De certo modo ele segue caminho oposto ao de Richard Hartshorne (1978), este na indagação sobre a natureza da geografia adentra na história de seu processo . Milton Santos não faz isto, inclusive na página 16 ele afirma que a discussão é sobre espaço e não sobre disciplina.

Como é possível encontrar o espaço, o espaço geográfico , sem estar norteado pela história da disciplina ?[2]

Milton Santos estabelece um dialogo com uma certa ideação do que vem a ser espaço para então chegar ao que é geografia, porém, esta ideação está pendente de um método. Mas quem dita a trilha (o método) a ser adotada ? Não é o objeto? Isto nos leva a ser norteado pelo reino do arbitrário caso não seja as características do objeto que estabelece o método, por exemplo, se vai estudar um lago será necessário roupa de mergulho , tendo tais tipos de informações a serem obtidas .... se o objeto for um deserto então o método .... mas não é por este prisma que Milton Santos entende a escolha do método.

“É toda questão da pertinência que aí se instala. Para que o espaço possa aspirar a ser um ente analítico independente, dentro do conjunto das ciências sociais, é indispensável que conceitos e instrumentos de análise pareçam dotados de condições de coerência e de operacionalidade. Assim ao mesmo tempo demonstramos sua indispensabilidade e legitimamos o objeto de estudo.” (p. 18)

Já é possível perceber uma característica que marca todo o livro que aqui analisamos, ou seja, se eu uso a palavra oaka e quero lhe impor o significado de casa, ora, as pessoas reagirão porque entendem que a palavra casa encontra-se em seu vocabulário e a outra, oaka, não! Entendeste ? O que quero dizer é, se a palavra não é o que ele é em termos de designação, e ontologia é um termo muito caro à filosofia, se Milton a usa para outros fins que ao menos a sua interpretação do que significa ontologia fosse explicita . Ainda, ... metadisciplina ... O que é para ele ?

Mas ele não opera deste modo, se atendo ao significado clássico das palavras, daí porque a utilização de um renomado dicionário para fazer o presente estudo. Milton usa os termos, ele joga os termos ! Aí fica difícil a própria compreensão do que ele escreve. Por exemplo, na passagem imediatamente destacada ele observa – “Para que o espaço possa aspirar a ser um ente analítico independente...” O espaço não tem condição de aspirar nada , ele não é sujeito , por que não adotar .... o geógrafo, se pretende ter seu objeto como um ente ... Mas não é assim que ele procede e este procedimento não é gratuito!

Assim, palavras como ontologia, metadisciplina, espaço aspira .... são designações que constituem a construção de um discurso de difícil escrutínio.

Ele definitivamente está trabalhando com uma ideação que o próprio espaço , pelo método, se auto referencia.

Em seguida, ele observa – “Nas diversas disciplinas sociais são essas categorias analíticas e esses instrumentos de análise que constituem a centralidade do método ...” (ibidem, p. 18)

Comentário – Milton menciona essas categorias analíticas .... mas tendo por parágrafo anterior o que já destaquei, ou seja, categorias analíticas significando conceitos e instrumentos de análise. Ora, é sempre a noção de que o que define a geografia é o objeto que está circunstanciado ao método, assim, o fundamental, o decisivo , é o método.. Mas, o que dita o teor do método ?

Outro aspecto que chama a atenção é a caracterização da geografia enquanto ciência social .... seria mesmo ? Ele trata isto como um ponto pacífico, ora , para quem escreve sobre a Natureza do Espaço, conviria que esta definição da geografia enquanto ciência social fosse também ponto de discussão já ao início do próprio trabalho.

Ainda, ... “Cada vez que um geógrafo decide trabalhar sem se preocupar previamente com o seu objeto, é como se para ele tudo fossem “dados”, e se entrega a um exercício cego sem uma explicitação dos procedimentos adotados, sem regras de consistência.” (ibidem, p. 18)

A questão é – se a cada trabalho a pessoa previamente houvesse de definir espaço, método, ... Entendo que cada escola há quem se ocupe com tal tema e boa parte das pessoas vão se assenhoreando de um stablishment que de quando em quando é questionado, criticado e revisto. Enfim, não criticaria uma produção cuja a intenção não foi o de desconhecer o objeto, ele já estava implícito, cabe sim, criticar quem por ventura perfaz uma ideação que corrobora na constituição de uma escola. A rigor, as pessoas afeitas a esta discussão são poucas, o teor da discussão em tela desperta interesse de poucas pessoas. Nem todos tem talento ou apetite para se assenhorear as artimanhas do processo epistemológico de sua disciplina e atuar em consequência ao que entende ser adequado.

Parece que a grande falta foi o de não ter adentrado na história da disciplina e por esta, a partir da epistemologia (estudo da natureza de um dado campo de conhecimento, e não ontologia) , chegar à sua contribuição.

Ainda, ... “Como ponto de partida, propomos que o espaço seja definido como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações. Através desta ambição de sistematizar, imaginamos poder construir um quadro analítico unitário que permita ultrapassar ambiguidades e tautologias.” (ibidem, p. 18)

Novamente adentramos no grave problemas das palavras, o que elas designam. Se não tivermos apreço por esta forma de comunicação, esta se torna inviável. Enfim, o que é sistema para Milton Santos ? Usualmente no campo da história do pensamento geográfico o sistema, a visão sistêmica , era constitutiva da geografia quantitativa (videwww.feth.ggf.br/geoquant.htm )

Ademais, sistema de objetos e ações ... uma maneira de ver bastante limitadora quanto ao teor da dinâmica dos processos espaciais, ou seja, objetos e ações ... A rigor, tanta o os objetos quanto as ações são desdobramentos, resultados , que em outro momento torna-me se resultantes.

Não parece que espaço venha a ser só objeto e ação. Naturalmente que assumindo a dinâmica espacial enquanto sistema, o que fica são os objetos e ações. Mas as críticas à visão sistêmica decorreram justamente de ter um caráter limitador.

Há toda uma simbologia, uma espiritualidade que norteia os processos sociais sem serem passíveis de serem diagnosticados por uma visão sistêmica. Por exemplo, a morte ! A pulsão da morte, a reflexão sobre a mesma, o modo como inquieta, nos deixa paralisado ou em movimento, .... não dá para tratar disto na base de objetos e ações. A morte ou a ausência dela forja outros objetos e ações que vão além do próprio objetos e ações. Outro exemplo, a poesia, esta só existe só no papel ? Não existe também numa paisagem como a do Rio de Janeiro ?

Na p. 19 Milton Santos observa ... “A partir da noção de espaço como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações podemos reconhecer suas categorias analíticas internas. Entre elas, estão a paisagem, a configuração territorial , a divisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas-conteúdo. Da mesma maneira (grifo nosso), e com o mesmo ponto de partida, levanta-se a questão dos recortes espaciais, propondo debates de problemas como o da região e o do lugar; o das redes e das escalas. Paralelamente, impõem-se a realidade do meio com seus diversos conteúdos em artifício e a complementaridade entre uma tecnoesfera e uma psicoesfera. E do mesmo passo podemos propor a questão da racionalidade do espaço como conceito histórico atual e fruto, ao mesmo tempo, da emergência das redes e do processo de globalização. O conteúdo geográfico do cotidiano também se inclui entre esses conceitos constitutivos e operacionais, próprios à realidade do espaço geográfico, junto à questão de uma ordem mundial e de uma ordem local.”

Comentário – espaço enquanto noção , noção de um conjunto indissociável de sistemas , sistemas de objetos e de ações, enseja um reconhecimento das categorias analíticas internas. Da noção para as categorias .... o que é noção ?

Recorrendo novamente ao dicionário Houaiss (2009), este assinala que noção vem a ser conhecimento imediato, intuitivo (como de fato imaginava, ou seja, noção pressupõe um visão embrionária , momentânea, ) .... agora , ecategoria ? Em termos filosóficos tem a ver com conceito. Enfim, da noção ao conceito. Ainda, esta passagem da noção ao conceito é mediada pela noção de conjunto de sistemas de objetos e ações interligados. Bom, estamos diante de um problema, ou descoberta, a saber, se o acesso às categorias são mediadas pela noção de espaço enquanto conjunto de sistemas de objetos e ações, logo, a revelação das categorias esta subordinada às ações e aos objetos encontrados; mas, o espaço é só isto, e a poesia etc. ?

Em resumo, a noção de sistema de ações e objetos reduz o campo de acesso do pesquisador às categorias de análise na geografia.

Continuando, entre as categorias analíticas , nós temos, a paisagem, a configuração territorial, a divisão territorial do trabalho , o espaço produzido ou produtivo , as rugosidades e as formas – conteúdo .... faltou alguma coisa ?

A não prefixação do que significa paisagem e sua diferença para configuração territorial e desta para oespaço produzido (ou produtivo), deste para a divisão territorial do trabalho, por fim, isto tudo diferente derugosidades e as formas-conteúdo (se fossem iguais não haveria tanta abundancia de termos) ....torna o trabalho do pesquisador que utiliza sua linha de pensamento um tanto perdido.

Prosseguindo, da mesma maneira (p. 19) ... maneira em relação a quê ? Seriam também categorias analíticas ? Pressupondo que sim (da mesma maneira) há os recortes espaciais, que enseja debates relacionados à região e lugar,redes e escalas. Ora, é da mesma maneira, mas não é da mesma maneira, ou seja, paisagem etc. tem relação ao conteúdo , recortes (região etc.) tem relação com método de análise deste conteúdo. Esta “Da mesma maneira” mais confunde do que esclarece.

Prosseguindo, não sendo mais “Da mesma maneira” , agora temos “paralelamente , impõem-se” Novamente impem-se uma constatação de que não há nada paralelo, ou seja, ele menciona “do meio com seus diversos conteúdos em artifício e a complementaridade entre uma tecnosesfera e uma psicoesfera” . Ora, este meio não vem a ser “a paisagem, a configuração territorial, a divisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo , as rugosidades e as formas - conteúdo” ? Se é por que não ficou logo no início, se não é , então temos uma paisagem, um paralelo e além do paralelo.

A pergunta é – que estrutura da realidade Milton Santos tem em conta para dizer o que está dizendo ? Parece que não há estrutura da realidade para ele, este espaço onde pegamos ônibus e vamos ao cinema. Há no Milton Santos ideação do que seja espaço. Esta ideação se confirma quando de um lado ele nos remete ao sistema de objetos e ações para depois falar em “complementaridade entre uma tecnoesfera e uma psicoesfera”. Ora, sistema de ações e objetos não pressupõe psicoesfera!

Ao término da p. 19 ele acrescenta – “A coerência interna da construção teórica depende do grau de representatividade dos elementos analíticos ante o objeto estudado. Em outras palavras, as categorias de análise , formando sistema, devem esposar o conteúdo existencial, isto é , devem refletir a própria ontologia do espaço, a partir de estruturas internas a ele. A coerência externa se dá por intermédio das estruturas exteriores consideradas abrangentes e que definem a sociedade e o planeta, tomados como noções comuns a toda a História e a todas as disciplinas sociais e sem as quais o entendimento das categorias analíticas internas seria impossível.”

“A coerência interna da construção teórica depende do grau de representatividades dos elementos analíticos ante o objeto estudado.” Uma frase que não merece nenhum reparo, agora, ele acrescenta “... as categorias de análise, formando sistema, devem esposar o conteúdo existencial” , então se tem um pressuposto, a saber, o conteúdo existencial é um sistema! Ainda, as categorias de análise (que formam sistema) há de refletir a própria ontologia do espaço, assim .... espaço é sistema ! Mas isto na perspectiva da coerência interna.

Já pela coerência externa, temos, segundo Milton Santos, sua realização via estruturas exteriores abrangentes que definem a sociedade e o planeta , tomadas como noções comuns a toda História e as disciplinas sociais ... coerência externa via .... como conclusão ... a totalidade de tudo que ai está! Mas, o que é isto ? Como aferir uma coerência (no caso externa) em termos tão vagos ?

Na p. 20 há um problema, a saber, ele começa escrevendo – “A centralidade da técnica reúne as categorias internas e externas, permitindo empiricamente assimilar coerência externa e coerência interna.”

Qual o problema ? Em todo o texto em momento algum ele fala em categoria analítica externa. Mas sim categoria analítica interna. O que é isto ? Categoria analítica externa ? Ele coloca a técnica como elemento central, a técnica reunindo partes para os quais ele não introduz o leitor sobre o seu significado. Como a técnica pode ser central na reunião de categorias se uma das partes não nos foi previamente apresentada ?

Continuando o parágrafo, ele observa – “A técnica deve ser vista sob um tríplice aspecto : como reveladora da produção histórica da realidade; como inspiradora de um método unitário (afastando dualismos e ambiguidades) e, finalmente, como garantia da conquista do futuro, desde que não nos deixemos ofuscar pelas técnicas particulares, e sejamos guiados, em nosso método, pelo fenômeno técnico visto filosoficamente , isto é , como um todo.” (p. 20)

A elaboração teórica do Milton Santos fica cada vez mais complicada. Se antes era o sistema, agora é a técnica ... o que mais nos espera ? O que é o centro do centro em seu pensamento ? É o sistema ? A técnica ?

Sistema é técnica ? Técnica é sistema ?

Ora, se por ventura, esquecermos , mesmo que por um breve momento, a perspectiva do sistema como ele fez ao início de seu texto , para então só nos ocuparmos com a técnica ... Ainda, mesmo se esquecendo que para Milton a técnica reúne duas categorias (sendo que uma delas ele não apresentou previamente) ... cabe ainda indagar – a técnica pode ser tudo isto que ele aponta ? Ou seja, reveladora da produção histórica da realidade (perspectiva perfeitamente factível), ainda, inspiradora de um método unitário (afastando dualismos e ambiguidades) ... como inspira ? Como conquista do futuro .... faltou alguma coisa ?

A técnica para ele é o quê ?

Técnica inspira método ? Técnica é um desdobramento , uma consecução, uma resultante, se se quer compreender a técnica adentre nos pressupostos que a antecederam.

Parece que para Milton Santos a ontologia do espaço é a técnica no, pelo, para o espaço. E a questão do sistema ....

Na página 20 consta –

“A partir de tais premissas, este livro deseja ser uma contribuição geográfica à produção de uma teoria social crítica, e em sua construção privilegiamos quatro momentos. No primeiro, tentamos trabalhar com as noções fundadoras do ser do espaço , susceptíveis de ajudar a encontrar sua busca da ontologia: a técnica , o tempo, a intencionalidade, materializados nos objetos e ações. No segundo momento ....

Definitivamente, o pensamento do Milton Santos, ao longo da redação do presente texto em análise mostra-se plástico, moldável, ele se amplia , o que gera uma certa incerteza no que ele mesmo quer afirmar, senão, vejamos – ele visa alcançar uma teoria social crítica, elaborada em quatro momentos, sendo que o primeiro está apoiado numa ontologia do espaço que corresponde a tempo , intencionalidade materializados nos objetos e ações. Ou seja, tudo aquilo que aqui analisamos diz respeito a um único momento, dentro de mais três. Ele chega ao término de sua introdução, a ocorrer na página 22, deixando ao leitor a surpresa de entender que tudo o que fez para entendê-lo corresponde a um dos quatros momentos. Em vez das linhas acima destacadas virem logo ao início da introdução , de modo a tornar a pessoa ciente do projeto que orienta o autor, elas só chegam ao término da introdução.

O que pensar ?

Aprendi com Karl Marx que uma coisa é o processo de investigação e outra bem diferente é o processo de redação, ou seja, não é factível uma redação ter a mesma dinâmica que o processo investigação. Parece que a redação de Milton Santos não seguiu este critério, ou seja, à medida que pensava escrevia de tal modo que a redação acompanhou o processo de evolução do pensamento.

Continuando ...

“... No segundo momento, retomamos a questão ontológica , considerando o espaço como forma-conteúdo. No terceiro momento, as noções acima estabelecidas são revisitadas à luz do presente histórico, para aprendermos a constituição atual do espaço e surpreendemos a emergência de conceitos, cujo sistema é aberto, e cuja dialética, nas condições atuais do mundo, repousa na forma hegemônica e nas demais formas de racionalidade. No quarto momento, o reconhecimento de racionalidades concorrentes, em face da racionalidade dominante, revela as novas perspectivas de método e de ação, autorizando mudanças de perspectivas quanto à evolução espacial e social e aconselhando mudanças na epistemologia da geografia e das ciências sociais como um todo.

Esses quatros darão as quatro grandes divisões, cuja arquitetura prevê quinze capítulos.” (p. 20)

Eis o plano do trabalho, agora, se a dedicação sobretudo ao primeiro momento, expressa na redação da introdução, decorre do seu caráter estratégico para a exposição , por que Milton Santos trata de forma tão ligeira os três momentos seguintes? Poder-se-ia, ao menos, explicitar de que forma a questão do objeto e ação (primeiro momento) se articulam à forma-conteúdo (segundo momento). Ainda , no quarto momento, racionalidade dominante .... racionalidade concorrente ... (uma espécie de luta de classe dita de outra forma) ... por que isto só aparece ao término da introdução ?

Primeira parte – uma ontologia do espaço : noções fundadoras (p. 23-88)

Capítulo 1 – as técnicas , o tempo e o espaço geográfico (p. 25-49)

Assim começa – “É por demais sabido que a principal forma de relação entre o homem e a natureza, ou melhor, entre o homem e o meio , é dada pela técnica ...”

Ora , se eu tivesse afirmado .... a principal forma de relação entre o homem e a natureza, ou melhor, entre o homem e o meio , é dada pela morte ! Ou seja, nós seres humanos somos teleológicos, buscamos fins, ao fim e ao cabo o que nos inquieta é a nossa fabilidade. Somos falíveis, perecíveis, e a nossa relação com o entorno tem esta marca.

Ou ainda, é sabido que a principal forma de relação entre .... por que sabido ? Quem o fez saber o que ele sabe ? Milton adota critérios para se valer da técnica como elemento que norteia a relação com o meio, mas ele não pode simplesmente dizer .... como é sabido ... Parece estarmos diante de uma lei da gravidade!

Enfim, entre homem e meio não há determinação ! No momento que se opta pela técnica, perspectiva legítima, há de se introduzir o tema , ao menos, afirmando, olha ... na minha perspectiva a técnica é ...

Ainda, ele assinala que a técnica são técnicas que são um conjunto de meios com o quais realiza a vida. Ora, antes do arsenal técnico, existe a indagação, a preocupação, a inventividade, a técnica em si não é suficiente!

Retire a alma de um povo e a técnica perde todo o valor; por exemplo, os incas , maias e astecas, civilizações americanas avançadas ao seu tempo, mas quando os espanhóis lá aportaram o apogeu já não era mais o mesmo. A técnica continuava existindo, mas o animo, a força moral, a justificativa dos atos já esmorecia, assim, perderam a guerra diante de um grupo tão minoritário representado pelos espanhóis.

No item – A negligência com as técnicas (p. 25-32) – começa afirmando de forma bem razoável, a saber, que nos estudos das técnicas “...esse fenômeno é freqüentemente analisado como se a técnica não fosse parte do território, um elemento de sua constituição e da sua transformação”. (p. 25). Em seguida ele começa a elaborar um valioso levantamento sobre o tema e muito particularmente como a geografia chegou, ou não , a tratar do tema. Ao longo da redação , ele vai elaborando uma dada percepção , valiosa, de que forma a questão da técnica há de ser incorporada pela geografia.

Não houvesse o livro iniciado pela forma como foi, tipo .... ontologia do espaço ..., mas se propusesse ser uma reflexão sobre o espaço a partir da consideração da técnica, estaria assim traçado um campo mais limitado, certamente, mas não tornaria o trabalho alvo de incompreensão! Ou seja, a propriedade de se analisar a questão da relação espaço x técnica é primorosa, inquestionável, de grande valia; porém, quando a mesma vem precedida por um discurso ... olha, o assunto aqui é ontologia do espaço ...

Nesta parte do trabalho, o da relação espaço x técnica , caberia uma consideração de que forma Milton Santos a realiza; porém, consideração crítica sobre tal relação não a farei porque tenho muito o que aprender com ele sobre o tema. Cabendo a outros fazer. Quando , por exemplo, realizava meu curso de doutorado na UFRJ (1995-1998), um colega chamou-me a atenção da diferença/conflito entre ele e outros autores como David Harvey e Edward Soja . Aí é briga de gende grande. Enfim, o que pontuo aqui são observações a partir do que o próprio texto sugere à pessoa refletir. A abertura do livro, sua introdução, coloca a envergadura da obra num patamar, mas ao curso dos capítulos seguintes temos itens muito mais bem amarrados, como é o caso deste capítulo referente à técnica e território. Tenho a impressão que a obra – A natureza do espaço – é uma obra inacabada, incompleta! Sigamos !

Na página 39 há uma reflexão interessante , a saber : “De um modo geral, é por falta de uma epistemologia, claramente expressa, que a própria geografia tem dificuldade para participar em um debate filosófico e interdisciplinar. Ao nosso ver, essa é a razão pela qual especialistas de outras disciplinas, não sabendo claramente o que fazem os geógrafos, renunciam a incluí-la nos seus próprios debates. O que faz falta, aliás , seria uma metadisciplina da geografia , que se inspire na técnica, isto é, no fenômeno técnico e não nas técnicas, na tecnologia”.

Bom, esta crítica da geografia padecer de uma lacuna epistemológica a escuto desde a graduação. Parece-me que está na hora de colocarmos isto em dúvida.

Reparem que, até onde sei, um biólogo tem pouca preocupação epistemológica com seu objeto de estudo, nem por isto o biólogo deixa de ser convocado naquilo que é próprio de sua área. Enfim, ao contrário da biologia, o que se nota na geografia não é tanto uma carência epistemológica ... mas sim que nosso campo de estudo e trabalho vem sucessivamente invadido por outras áreas. A geografia de Humboldt, concebida à época, ia desde o sistema solar até as característica do solo. E este espectro veio a ser paulatinamente tomado por várias especialidades. Mais ou menos isto se deu com a filosofia; à época do pensamento clássico grego, o filósofo também era cientista, o discurso sobre o ser não o eximia do senso de estrutura da realidade tal qual se apresentava, um exemplo deste perfil é Aristóteles. Porém, com o tempo. a ciência se distancia da filosofia (refiro-me ao século XIX) ! O cientificismo ficou em voga !

Enfim, não responsabilizaria, no caso da geografia, a carência da epistemologia ... como se a pouca expressão da geografia decorresse de um processo interno da disciplina, que não fez um dado dever de casa num dado momento.

Entendo que há elementos históricos que tornaram a geografia afeita a algo cada vez mais semífluo, superficial , como a própria descrição da superfície da terra. Se lemos, por exemplo, Geographia dell’uomo de Friedrich Ratzel (versão italiano ) (1898) fica claro o quanto de teoria o mesmo dominava! O mesmo podemos falar de Vidal de La Blache.

De qualquer forma, a consideração de Milton Santos de que a ausência da geografia no debate sobre técnica fez com que uma visão espacial da mesma ficasse faltando é extremamente pertinente. Agora, achar que esta ausência da geografia na discussão decorra de uma carência epistemológica .... sinceramente, vejo isto muito mais como sintoma do que causa, ou seja, à medida que a geografia veio a ser “encostada” por outros campos de saber, sua elaboração teórica empobreceu. Enfim, ao contrário do que Milton Santos observa , entre outros, assinalo a necessidade de acompanharmos a evolução histórica de nossa disciplina e como esta veio a ser traduzida, tragada, diminuída ao longo da proliferação científica ao longo do século XIX. Nos falta uma arqueologia do saber geográfico!

Capítulo 2 – O Espaço : sistemas de objetos, sistemas de ação (p. 50-71)

Já no capítulo dois do livro, há um começo pelo qual se tem definição de sistema .... (repare que ele começa definição do espaço enquanto sistema, tal como o fez na introdução do livro, porém, em vez do tema, espaço-sistema, compor logo o primeiro capítulo, ele fica no segundo, por que ?

A rigor, a noção precede a noção de tecnologia, porém esta, no curso da redação do livro vem em primeiro. Acaso, sistema é uma tecnologia ? O espaço não passa de uma tecnologia ? Sendo afirmativas as respostas, não se subtrai do espaço uma noção cultural do mesmo ?

Ainda, o capítulo 1, sobre tecnologia, assim como o capítulo 2, do sistema, estão inseridos na Parte 1 do trabalho intitulado Uma ontologia do espaço : noções fundadoras. Ora, ontologia de algo cuja noção fundamental é técnica, procede ? Afinal, o que é ontologia para ele ? Ele não se deu o trabalho de explicitar isto num momento crucial de seu livro. Este proceder abre espaço para o arbitrário, a não definição nos leva a sucessivos alargamentos do sentido que suas palavras podem ter.

Capítulo 3 – O espaço geográfico , um híbrido (p. 72-88)

No capítulo três, Milton Santos analisa o espaço geográfico com algo híbrido. Recorrendo novamente ao Dicionário Houaiss (2009), temos por definição algo que decorre de uma mistura por força das diferenças entre os elementos que o geraram. Bom, falar do espaço geográfico como um híbrido, é algo que procede. !

Mas, o que chama a atenção neste capítulo é a discussão sobre intencionalidade. De certo modo tal discussão contrasta e enriquece o que foi discutido no capítulo anterior sobre sistema de objetos e ações. Enfim, Milton Santos destaca no terceiro capítulo um componente que nos remete a uma dimensão mais cultural do espaço, algo que se nos aferrarmos a sistema não fica tão claro.

Reparem que novamente sobressai a impressão de que o livro veio a lume antes da hora. Não sei se isto tem relação com a descoberta do autor estar com câncer ; no receio de que não pudesse contar com muito tempo, ele precipitou a edição do trabalho.

Na leitura da sequência dos capítulos, nós temos um pensamento em ebulição, algo muito natural, porém, a redação desta mesma ebulição há de ter um aspecto mais didático do processo da pesquisa, caso contrário , a pessoa se vê volta e meia diante de afirmações que de certo modo destoam de uma sequencia lógica de apresentação do tema.

Segunda parte – a produção das formas-conteúdo (p. 89-133)

Capítulo 4 – O Espaço e a noção de totalidade (p. 91-103)

De que maneira a totalidade se relaciona com o que até aqui foi exposto ? Totalidade, per si, não totaliza a discussão ? Não a finaliza ?

O que é curioso que ele começa o capítulo abordando a questão da totalidade, mas já no segundo parágrafo (da mesma página (p.91)) ele observa que ela vem sendo tratada de duas formas, na primeira, o fato geográfico como fato social .... A rigor, quem trata do fator geográfico não trata da totalidade, trata do fator geográfico.

Na minhas antigas lições sobre o marxismo, a ideia de totalidade tinha a ver com uma noção do todo social (envolvendo economia, política ...) enfim, o fato geográfico havia de vir destituído do qualificativo geográfico, ficando apenas fato, talvez por aí ensejaríamos uma discussão sobre totalidade.

A questão é – uma visão disciplinar é suficiente para açambarcarmos a totalidade ?

Novamente, na leitura do capítulo nas páginas seguintes nos vemos inseridos na torrentes das palavras ... totalidade estruturada ... totalidade em movimento ...

Ora, totalidade é totalidade , não permite adjetivo. Uma totalidade em movimento significa dizer que ela o é, mas por força do movimento deixa de ser para ser outra coisa. Se não fosse assim, ou seja, sempre fosse, estável, não se permitiria a noção de totalidade em movimento. Agora, sendo a totalidade em movimento, esta, a rigor, não é totalidade, é algo, mas não totalidade.

Não raro a profusão das palavras compromete a clareza do que Milton Santos de fato aborda!

Na p. 97 da edição adotada, ele fala em atualidade, e a considera como “...realização do interesse objetivo do todo”. Ora, o todo tem objetivo ? O todo assim o é ! A noção de totalidade exclui uma noção de particularização quando pensamos em objetivo deste todo. O todo não objetiva, o todo assim o é !

A questão , caros leitores, é factível pensarmos em totalidade em algo tão transitória quanto a realidade humana ? Não seria o caso de abandonarmos a noção de totalidade ? Milton Santos valoriza esta noção, a totalidade, mas no curso da sua análise , constantemente vai particularizando, tematizando. Não é ruim, particularizar ou tematizar, mas o inadequado é este processo ocorrer impulsionado por uma noção de totalidade que a rigor não existe ! Não há na realidade humana uma perpetuação a qual possamos chamar de totalidade sem negarmos o que por ela apreendemos nos momentos seguintes. O todo é instante que se pereniza ! No todo não se admite sequência . No todo não se admite algo em movimento porque na sequência do vir a ser encontra-se a negação de que há todo ! No todo não se admite coisa nova, há um eterno presente, se há coisa nova, então o que havia não era todo.

Capítulo 5 – Da diversificação da Natureza à Divisão Territorial do Trabalho (p. 104-113)

Capítulo 5 – parece ser um dos capítulos mais fecundos , passível de trazer desdobramentos muito úteis no assim velho paradigma da geografia que relacionava o mundo físico com o humano.

Capítulo 6 – O Tempo (os eventos) e o Espaço (p. 114-133)

O capítulo 6 é interessante , em que pese algumas colocações soltas, por exemplo, na página ele observa .... “A ordem espacial é a ordem geral, que coordena e regula as ordens exclusivas de cada tempo particular. Segundo Leibniz (1695) , o espaço é a ordem das coexistências possíveis.” ... É uma citação solta, ao menos na bibliografia ele indica ser a obra reeditada com a data de 1994 , mas , qual a página de Leibniz que ele cita? Ele cita e já parte para outro autor e assunto, como se Leibniz viesse a merecer só isto . Enfim, ou citasse e aprofundasse o tema, e Leibniz é uma leitura muito rica (ele trás um contraponto a Descartes, por exemplo), ou simplesmente, não o registrasse porque fica algo muito superficial.

Outro momento, também, é a sua citação de Einstein em nota na página 130? Por que Einstein ? Este é um físico, quando ele fala em evento, em que pese o termo ser o mesmo , isto significa o que Milton Santos vem trabalhando ? Nas últimas sete linhas da página 130 Milton Santos cita três pessoas bem dispares, haveria congruência entre eles ?

Terceira parte – por uma geografia do presente (p. 135-247)

Adentrando a terceira parte do livro que tem por título – Por uma geografia do presente.

Ora, resgatando, na primeira parte tivemos – Uma ontologia do espaço : noções fundadoras ; na qual foram incluídos capítulos referentes à técnica, tempo, espaço e espaço geográfico; na segunda parte tivemos – A produção das formas-conteúdo , na qual foram incluídos capítulos referentes ao espaço e a totalidade, diversificação da natureza à divisão territorial do trabalho, o tempo e o espaço.

Agora, na terceira parte, temos os seguintes capítulos – o sistema técnico atual, as unicidades (inteligência planetária), objetos e ações , meio natural ao meio técnico-científico-informacional, por uma geografia das redes, horizontalidade e verticalidades, e por fim, o capítulos sobre os espaços da racionalidades.

Por esta breve retomadas das partes componentes fica nítido que a obra não foi escrita com um início, meio e fim. Esta se contorce, volta a temas anteriores, recupera perspectivas, introduz novas análises, enfim, é um obra em processamento. Muito me leva a crer que foi uma obra que, por algum motivo, ele precipitou sua redação!

Capítulo 7 – O sistema técnico atual (p. 137-50)

Sobre o capítulo 7 que pertence à terceira parte, temos uma reflexão sobre técnica, o que lembra o próprio inicio do trabalho (capt. 1) . No capítulo 7 se tem uma sistematização histórica sobre o tema, enquanto que anteriormente o aspecto vinha mais na forma de perspectiva, ou seja, como olhar e por que olhar para a técnica tendo em conta a reflexão sobre a geografia.

Cada técnica uma nova sociedade, uma nova noção de tempo, e, segue seu esforço, cada técnico reconfigura o espaço! E no bojo da abordagem, ele já antecipa alguns temas que virão a ser melhor aprofundados adiante, quando trata da questão da racionalidade.

A originalidade de se tratar da técnica porque nela ele visa encontrar espaço e o modo como se reconfigura por força destas mesmas mudanças técnicas. É um notável esforço !

Capítulo 8 – As unicidades : a produção da inteligência planetária (p. 151-69)

No capítulo 8, o tema é política, versando sobre gestão em escala planetária. Mas o capítulo inicia o assunto segundo um olhar relacionado à inteligência, ou seja, a inteligência que ganha mundo, que reflete o mundo, a ciência que há de cumprir o papel de ter instâncias próprias que capacitem às pessoas entenderem o governarem o mundo. Assim, o capítulo é sobre política mas sob um dado olhar.

Esta reflexão planetária, este arcabouço científico, há de considerar um unidade global. A unicidade tem relação direta com a técnica, esta une a todos; transforma todos em um. Há um único mundo, único sob a ordem do tempo, sob a ordem social e econômica.

O mundo está coeso, coeso não de forma pacífica, mas gerida sob um dado ditame, modelo, ritmo enfim.

Para destacar este ponto, de forma brilhante, ele recorre ao contraste dado pelo passado, ele resgata um passado pelo qual realça as tendências atuais.

Capítulo 9 – Objetos e ações Hoje. As Normas e o Território (p. 170-85)

No capítulo 9, voltamos ao início do livro. Algo já aqui destacado, a obra vai ... e volta ! Não dá para lê-la como um romance , início, meio e fim !

No capítulo 9, Milton Santos recupera algo que lhe é muito caro que é a discussão metodológica em geografia. É a discussão já realizada, mais do mesmo, porém, com um pouco algo mais ! A reflexão do Milton cresce, mas ao leitor novato é uma forma de apresentação particularmente dura. Não precisando ser assim, há obras clássicas comoContrato Social de Jean Jacques Rousseau que é nitidamente clara! Mas enfim ...

No capítulo 9 do Milton temos uma digressão sobre objetos e ações, que seriam, a acreditar no início do trabalho, a porta de entrada de seu métodos. Ocorre, no entanto, este capítulo se encarrega de esclarecer que objetos e ações não são aquilo que costumeiramente poderíamos entender como objetos e ações. Estes, no olhar de Milton Santos, assumem um formato peculiar porque ambos têm implícitos a dimensão do tempo. Do tempo e da norma!

Ele qualifica esta transformação do sentido dos objetos e ações tendo em conta a própria evolução técnica , tal como abordada no capítulo 8.

O que é objeto ? O que é ação ?

Não é algo pacífico, correspondem a processos !

Mas o curioso, e Milton Santos assinala de forma brilhante, este processo é normatizador! As ações, os objetos, este fluir compreende o gerir !

Este trabalho do Milton Santos lembra um outro, do cientista Renee Dreifuss sobre a contemporaneidade; em ambos, nota-se claramente a necessidade em reconceituar, em ter novos vocabulários, tendo em conta o desenho de um novo que implica em nuances que até então não se vislumbrava. Renee tem aspecto mais cartesiano, ou seja, o vocabulário se diversifica almejando dominar a racionalidade, já no texto do Milton há uma certa poesia, ou seja, uma maneira de tentar a totalidade, o mundo atual de uma forma que de antemão se sabe que as palavras não são suficientes; assim, ele brinca, joga com os termos, os lança e os desdiz , como a mostrar que não cabe se fiar nas palavras porque estas se mostram insuficientes !

Capítulo 10 – Do meio natural ao meio técnico-científico-informacional (p. 186-207)

O capítulo 10 tem um caráter informativo, diria didático, constituindo uma diferença do tempo dominado pela natureza, ainda, do tempo já dominado pela técnica, e , por fim, no nosso tempo, quando a informação é recurso.

O comentário que se aplica, não versando o texto do autor, mas considerando o que ele aborda : visão da informação enquanto recurso; claro que Milton não é o único a pensar assim, mas o tema é simplesmente revolucionária para a geografia. Do meio natural, o recurso era tangível, passível de comprimento e altura. Já a informação .... , como medirmos este recurso ? A questão é – sendo a informação recurso, que é o desenvolvimento desta nova geografia ?

Capítulo 11 – Por uma Geografia das Redes (p. 208-22)

De certo modo, o capítulo seguinte, capítulo 11 – Por uma geografia das redes – nos faculta uma resposta.

É um dos melhores capítulos, o que reforça a ideia sobre este livro do Milton (assim como a Bíblia, sic!) que não pode ser lido de forma corrente , do início ao fim. Há uma espécie de calidoscópio que para ser melhor compreendido e utilizado convém que a leitura se paute em necessidades de momento do próprio leitor, com o tempo , com vagar, dominando a riqueza que encerra o mencionado livro. Tal como ocorre com a Bíblia!

O referido capítulo trás uma oportuna discussão sobre rede. É capítulo com envergadura. São partes concisas que trazem em seu bojo ricos pontos de reflexão, tais como, por exemplo, a questão do tempo (p. 212-213) .

Fora a rica discussão sobre o tema propriamente dito, a rede!

Porém, ao contrário da expectativa criada ao terminarmos a análise do capítulo 10 , quando indagávamos se o Milton Santos nos propiciaria uma reflexão sobre a informação enquanto recurso, isto não ocorre no capítulo 10! Aliás, é forçoso observar, a obra do Milton Santos é irregular! Levanta temas, traça descobertas ... A Natureza do Espaço do Milton Santos é uma obra inacabada!

Inacabada por força de um lançamento prematuro da mesma pelo autor, ou inacabada por força do próprio tema em pauta que se encontra em formação ?

Convém lembrar que o autor na introdução de seu outro livro – Por uma geografia nova – assinala que aquele volume lançado inicialmente em 1978 era considerado como o primeiro de um conjunto de mais quatro outros volumes voltados para o Espaço humano. Projeto que não logrou o devido sucesso, mas certamente a presente obra em análise é fruto de um contínuo esforço do Milton em refletir sobre o espaço. Em resumo, estamos diante de um esforço constante de um de nossos mais brilhantes geógrafos brasileiros na reflexão sobre o espaço!

Ele elaborou um trabalho inspirador que vai na direção de uma filosofia da geografia.

Capítulo 12 – Por uma Geografia das Redes (p. 223-29)

Este capítulo é o mais curto do livro, com exatamente 7 páginas ! Versa sobre o vertical e o horizontal!

Um autor próximo ao pensamento de Milton é Martin Lu (p. 224-5) , este considera a integração funcional decorrente de processos produtivos cujos fluxo percorrem o espaço hierarquicamente e integração territorial, este é tido como resultado do processo de consumo que também hierarquiza o espaço. O seu ponto de partida é o espaço econômico, o espaço das firmas.

Milton Santos tem como base o espaço banal, o de todas as pessoas, empresas e instituições, de forma a ser descrito como um sistema de objetos animado por um sistema de ações.

Há uma complexidade em curso, não havendo propriamente pontos contínuos, mas descontínuos, há também os interligados; daí destacar a noção de sistema. Neste, por este, visualizemos as subdivisões, nossas categorias analíticas hão de considerar estas situações.

Ele cita o exemplo da relação campo/cidade , sua complexidade na qual o sentido de vertical e horizontal enseja uma percepção de sistema. Não se visualiza simplesmente o horizontal e o vertical, se tem um processo mais complexo, sistêmico. “Nas condições atuais do meio técnico-ciêntifico, os fatores de coesão entre a cidade e o campo se tornaram mais numerosos e fortes.”

Tal situação leva à sociedade um desafio, o de não mais operar suas reivindicações alheia ao caráter sistêmico no qual está inserida.

Por fim, como reparo ao capítulo em tela, ao contrário do que induz Milton Santos ao creditar a noção de racionalidade de Weber como racionalidade capitalista, o tema da racionalidade em Weber vai muito além do capitalismo, inclusive Max Weber visualizava na própria expansão do socialismo não a superação da racionalidade, mas seu aprofundamento! Seu biógrafo – John Patrick Diggins ( em Max Weber – a política e o espírito da tragédia. São Paulo: Ed. Record , 1999) enfatiza bem este ponto.

Capítulo 13 – Os Espaços da Racionalidade (p. 230-47)

Capítulo 13 – é um arguto e instigante capítulo, parte de uma consideração sobre racionalidade, racionalidade capitalista. Racionalidade considerada e analisada por Max Weber e Jürgen Habermas e como a mesma pode ser transposta para o espaço geográfico. Em si uma questão intrinsecamente fértil e desafiadora.

Após considerações sobre a racionalidade , e muito miudamente a consideração do papel representado pela tecnologia; o espaço racional seria aquele na qual “...cada peça convoca as demais a se por em movimento, a partir de um comando centralizado”(p. 240). Uma lógica de natureza artificializada que se contrapõe a uma ordem natural. Este estado de coisa estaria alterando o próprio sentido de se conceituar o espaço, por exemplo, quando da análise das regiões, se mencionava dependência regional, hoje não mais seria assim utilizada tal visão porque , a rigor, há uma racionalidade em curso, um processo ordenador que constitui uma mecânica que atinge a tudo e a todos; não seria tanto a hierarquia, o pólo, mas a constituição de uma urdidura, um espaço controle que a todos abrigaria e submeteria. Enfim, trata-se , pela racionalidade, de se considerar outros parâmetros na gestação do espaço. Assim, não haveria diferença entre campo e cidade, por exemplo. Haveria um fio condutor entre ambos, o da racionalidade, porém, no caso da cidade, o fabrico, a injeção, a promulgação desta racionalidade seria mais cara, envolveria mais investimento.

Quarta parte – a força do lugar (p. 250-71)

Capítulo 14 – O Lugar e o Cotidiano (p. 251-65)

Capítulo 14 – começa com uma frase definidora do capítulo – “Nas atuais condições de globalização, a metáfora proposta por Pascal parece ter ganho realidade : o universo visto como uma esfera infinita, cujo centro está em toda parte ... O mesmo se poderia dizer daquela frase de Tolstoi, tantas vezes repetida, segundo a qual , para ser universal, basta falar de sua aldeia...” (p. 251)

A hierarquização se transforma, há vários polos. O sentido de matéria também, cada qual encerra diferentes dimensões (por exemplo, um celular que carregamos, ele já é um escritório em miniatura, uma biblioteca em miniatura, uma tv em miniatura, uma ... inclusive ele te localiza via satélite). Somos um, mas englobamos muitos !

No bojo do processo há um fenômeno propriamente urbano; a metrópole deixa de ser o polo, o centro, o topo; a cidade se universaliza. A partir deste olhar da cidade, Milton Santos apresenta uma instigante observação, a saber – “Quem, na cidade, tem mobilidade – e pode percorrê-la e esquadrinhá-la – acaba por ver pouco, da cidade e do mundo. Sua comunhão com as imagens, frequentemente pré-fabricadas , é a sua perdição. Seu conforto, que não desejam perder, vem , exatamente , do convívio com essas imagens. Os homens “lentos”, para quem tais imagens são miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase com esse imaginário perverso e acabam descobrindo as fabulações.” (p. 260/261) !

No curso de sua reflexão, ele menciona o totalitarismo da racionalidade, ainda, a rotina da cidade é permeada por uma mecânica rotineira. Enfim, há um encurralamento da elite que fica refém de si mesma, perdendo o seu poder de trazer algo novo ! Neste contexto, a elite é menos elite! Tragada pela rotina, pelo mecanismo já manietado por um software .

Assim, a esperança está nos pobres ! Menos compromisso, menos alienação, menos engajamento, menos afeito a seguir uma rotina, enfim, no pobre você ainda pode capturar o humano e respectivo poder criativo, inventivo, propositivo ! [3]

Outro aspecto instigante do capítulo decorre de seu tratamento à migração ! Nosso tempo é o da migração, todos se locomovem ! O contraste é dado pela residência, um lugar fixo, um lugar da memória. Precisamos da fixidez! Dependemos que nosso viver contenha espaço de nosso ser na forma urbana. Nossa história há de ter um formato urbano. Reconstituirmos nossas vidas ao nos recordarmos a partir dos lugares. Não podemos prescindir do fixo, de uma residência, de uma memória que um lugar nos proporciona; esta herança urbana, esta memória na forma de urbe , nos faculta uma maneira de apreender a vida, de se aprender a viver !

Queres conhecer uma pessoa ... considere seu espaço ! Este tanto informa por ser fixo/memória , assim como induz alguém a ser uma nova pessoa por ser movimento. Espaço, simultaneamente, fixo e movimento !

Capítulo 15 – Ordem Universal, Ordem Local : resumo e conclusão (p. 266-71)

Ele termina o trabalho destacando a dimensão da ordem !

Uma ordem cada vez mais capilarizada ! Uma ordem cada vez mais disseminada, reconstituindo assim uma nova espacialidade. Neste sentido a natureza do processo é este processo, esta dinâmica, ou seja, sua definição se redefine. Não há propriamente o ser espaço. Não se é possível perceber espaço numa perspectiva metafísica. O espaço é este fluir histórico! O seu ato de ser é sendo.

Conclusão da leitura realizada (escolha a preferida)

Opção A -

Concluo o trabalho de forma incompleta. Assim, entenda-se o presente texto como um ponto de partida para uma discussão que certamente haveria com ele, se ele estivesse vivo.

A impressão que tive ao ler Natureza do espaço de Milton Santos foi semelhante a que tive ao ler Palavras e as coisas de Michel Foucault e O método de Edgar Morin.

Entre estas obras o parentesco é o de não terem consideração pela palavra, ou seja, as palavras não são o que poderia se esperar que elas fossem. Há nos textos uma certa ambiguidade no teor das palavras, elas nunca são exatamente o que o dicionário possa delas definir. Há uma subversão da linguagem. Há uma comunicação subliminar.

Não é algo que não deixa de ter um paralelo ao campo das artes, por exemplo.

Duchamps é um fenômeno que não se explica pelo seu valor pictórico mas seu valor inventivo.

Esta parece ser também a característica comum das três obras acima mencionadas, ou seja, a palavra não está ali para representar uma ideia (tal como as cores faziam no passado em relação a um quadro), sua função é o de ser suporte de uma elucubração que mal se sustenta nas palavras que usa, agora, a questão é - haveria limite na palavra para traduzir o que se procura comunicar ou porque a ideia é em si não clara e a situação também não se faz clara com as palavras que utiliza ?

Não foram poucas as obras clássicas do pensamento humano que se mostraram claras, por exemplo, República de Platão , Contrato Social de Jean Jacques Rousseau ou Capital de Marx. Mas as que menciono acima não são claras, por que ?

Opção B -

A obra - A natureza do espaço, segunda edição de 1997 editado pela editora paulista Hucitec – não constitui um livro, mas uma coletânea.

Quem já se deu o trabalho de ler a Bíblia de ponta a ponta conclui que é uma tarefa de pouca serventia porque cada livro que a compõe é um mundo; em que pese ocorrer um fio condutor claro. Ora, algo semelhante ocorre com este livro do Milton Santos . Não é factível de buscar nele a Natureza do Espaço, mas certamente, com toda plausibilidade, a obra serve como uma fecunda fonte de inspiração para tratarmos da natureza do espaço.

O término da leitura do Milton Santos nunca nos deixa igual ao a iniciarmos. É um autor inquieto e inquietante.

A leitura do livro A Natureza do Espaço de Milton Santos é de característica obrigatória a todos os geógrafos brasileiros. Porém, para que esta leitura seja profícua é necessário uma metodologia na leitura.

Quem ler o livro tal como se lê Guerra e Paz de Tolstoi ou Guarani de José Alencar, adotará uma abordagem inadequada. Estes dois romances tem início, meio e fim; porém, a obra de Milton Santos vale muito mais pelo o que não está escrito; vale pelo que a obra instiga na pessoa, ele força uma criação pessoal, ele desafia a pessoa!

Enfim, é uma obra instigante, desafiadora, séria, envolvendo uma grande bagagem de leitura, mas convém um foco que se assemelha à política do salame ! Ou seja, a política do salame representa a atitude de quem se encontra diante de um desafio , um enorme desafio (um salame) e que para enfrentá-lo segue em fatia em fatia, pedaço por pedaço. Se a pessoa pretender realizar uma leitura proveitosa do livro Natureza do espaço, primeiro, gere para si uma questão e escolha dos capítulos aquele mais próximo ao tema escolhido, e à medida que for lendo e compreendendo vá se expandindo para os outros capítulos. É necessário uma leitura não retilínea da obra, esta que eu realizei !

Acredito que este método, a política do salame, enseja uma procedimento mais profícuo desta obra. E chegando a realizar o que Milton Santos em vida sempre insistiu com os mais próximos, a saber :leiam, pensem, pensem por conta própria !

Caríssimos, trata-se de um belo livro ! De leitura obrigatória a quem é da geografia, muito particularmente a quem é da geografia brasileira. Convém destacar que A natureza do espaço – técnica e tempo, razão e emoção foi escrita por um brasileiro baiano que firmou sua carreira acadêmica no Estado de São Paulo. Uma bela mistura.

Mas, não procure encontrar respostas acabadas, mas sim meias respostas sendo a outra parte cabendo a você completar. Pense ! Este livro nos leva a pensar !

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